O Porto de Itajaí passa, atualmente, por uma fase de transformação, com a posse do novo superintendente, Arnaldo Schmitt. Mas, a prisão do ex-superintendente Wilson Francisco Rebelo ainda repercute no Estado. É que detalhes surpreendentes da Operação Influenza, da Polícia Federal, começam a ser revelados pela imprensa de Santa Catarina. Portanto, o desejo de Schmitt em fazer uma auditoria externa no porto é, no momento, mais que justificável. É fundamental.

Um mês depois da Operação Influenza, Wilson Rebelo é o único investigado que ainda está preso. As outras 23 pessoas detidas em 20 de junho já foram libertadas. Para quem não se lembra, a operação foi organizada pela PF para investigar crimes financeiros cometidos a partir dos portos de São Francisco do Sul e Itajaí, este último administrado por dois anos por Rebelo.

O mais estarrecedor vem agora. Uma reportagem publicada no jornal A Notícia, de Joinville, mostra que, ao contrário do que todos pensavam, o ex-superintendente Wilson Rebelo continuou mandando no Porto de Itajaí mesmo após sua primeira prisão, em janeiro deste ano. Nas conversas telefônicas grampeadas pela Polícia Federal e resumidas na reportagem, Rebelo chamava o porto de “a galinha dos ovos de ouro" e que ele distribuía os "ovos" a quem contribuísse.

Foi a partir disso que os policiais federais monitoraram pessoas com quem ele manteve relação e desencadearam a segunda ofensiva contra Rebelo: a Operação Influenza, batizada assim em referência ao nome do vírus da gripe que também mata galinhas. No Porto de Itajaí, o ex-superintendente também teria intermediado negociações visando à instalação de uma empresa para cometer uma fraude: a desvalorização de uma multa de R$ 50 milhões para R$ 11,5 milhões.

Para completar, em um diálogo grampeado com sua mulher, Wilson Rebelo fala que deu tudo certo, que Gaspar Laus ficaria como superintendente do porto e Marcelo Salles permaneceria como diretor. "É como se fosse eu, a mesma coisa". Gaspar Laus chegou a ficar no cargo durante 42 dias, mas acabou dando lugar a Arnaldo Schmitt.

Em outro diálogo divulgado pelo A Notícia, Rebelo explica para um engenheiro do porto o que fez para obter o afastamento da ex-superintendente Eliane Neves Rebello e a posterior nomeação de Gaspar Laus para o cargo. “Chamei ele e a pessoa que assumiu, dei um porraço em cima da mesa e disse: ou é assim ou acabou tudo. Fiquei feliz por ti, pelas coisas, tudo que tem que fazer". O jornal teve acesso à decisão judicial que embasou as prisões de 24 pessoas na Operação Influenza.
 
Fica a esperança de que tudo possa ser esclarecido e que os culpados sejam punidos de forma exemplar, pois é muito ruim para a imagem do Brasil no exterior ver um porto como o de Itajaí ser usado para operações financeiras irregulares e fraudes em licitações.