Pesquisa destaca critérios logísticos e capacitação do sistema de franquia

30/08/2010

Os principais desafios e tendências das redes de franquias, no segmento de alimentação, foram analisados pela amostra Panorama Global das Franquias do Setor de Alimentação, realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), em parceria com a ECD, consultoria especializada em food service.

As empresas que compõem a pesquisa (41 redes) equivalem a um faturamento de 11.877 bilhões anuais. Critérios logísticos, identificação dos principais problemas, desafios nas áreas de marketing e responsabilidade socioambiental foram avaliados.

A pesquisa mostra como funciona a modalidade de abastecimento no sistema de franquias: 33% são realizados por abastecimento próprio e fornecedores diretos na loja; 25% são feitos por fornecedores diretos da loja e operação logística, enquanto 20% são feitos por abastecimento via fornecedores direto na loja. 

As três soluções mais utilizadas pelas redes de franquias no segmento de alimentação incluem fornecedores diretos na loja, a terceirização via operador logístico aparece misturada com modalidades como fornecedor direto na loja e cresce muito como solução única.

“Observamos que não existe uma tendência clara no abastecimento das redes; esse sem dúvida é um desafio. O mais interessante é que o custo da matéria-prima apontado como principal problema há três anos, está vinculado à solução logística”, diz João Baptista Jr, coordenador geral da pesquisa.

Critérios de compra

A qualidade dos perecíveis foi considerada o mais relevante nesse processo (98%), em segundo lugar aparece o preço (88%), prazo de entrega (83%) e prazo de pagamento (60%). Na compra de embalagens descartáveis, preço e qualidade estão emparelhados, 82%.

Na categoria mercearia seca (maionese, mostarda, feijão, arroz), o fator qualidade volta a ser predominante (97%), o preço é o segundo fator (87%). O mesmo ocorre com a categoria bebidas, onde o critério qualidade é de 82%, preço, 76%, prazo de entrega, 66%, e prazo de pagamento 55%.

Resumidamente, de acordo com o estudo, o critério qualidade continua sendo o fator mais importante para o sistema de franquias. “A qualidade é a porta de entrada do processo de compras; após esse filtro o elemento decisório é o preço”, afirma Baptista. “Em todas as categorias, o prazo de pagamento é o menos relevante”, conclui.

“O sistema de franquia é a replicação de um modelo de sucesso, a marca é o seu maior bem, não é surpresa que o fator qualidade ocupe um papel de destaque na decisão de qualquer processo, seja produto ou serviço”, comenta Ricardo Camargo, diretor executivo da ABF.

Capacitação e desafios

De acordo com o estudo houve redução no turn over (rotatividade) do sistema de franquias. Apesar disso, o índice continua alto, o que é uma das características do sistema.

A duração de treinamento para abertura de lojas concentra-se entre 16 e 30 dias, já a frequência de realização de cursos de capacitação começa a aparecer em um formato trimestral, quando antes tinham uma tendência semestral. “É extremamente importante que toda a equipe esteja em sintonia, a versatilidade e as constantes mudanças nos hábitos indicam que esse espaçamento de um treinamento e outro justificam bem essa necessidade de alinhamento”, acrescenta Baptista.

“A redução do turn over é fruto de uma maior intensidade dos treinamentos para abertura de lojas. A capacitação para funcionários, que antigamente girava em torno de seis meses, passou para períodos menores”, indica João Baptista.

De acordo com o estudo, o especialista afirma que 100% dos pesquisados realizam treinamento inicial para o franqueado, em sua maioria nas próprias unidades: em 2009, 90,2% desses treinamentos foram assim. Mas o centro de treinamento terceirizado é uma forte tendência, que em 2009 ocupou 41,9% da escolha. A frequência de supervisão ficou concentrada dentro do mês, visita semanal, quinzenal e mensal, são utilizadas com a mesma intensidade.

Em resumo, Enzo Donna, presidente da ECD e responsável pela coleta e organização da amostra, afirma que a profissionalização do setor, de seus funcionários, é uma característica marcante. “Fortes medidas de capacitação, treinamento, supervisão estão transformando o setor”, comenta.

Pelo estudo é possível notar que 82% das empresas do sistema adotaram o programa de valorização de seus funcionários e estímulo econômico e profissional. “O problema com a mão de obra é uma das preocupações mais frequentes das redes e isso estimulou o processo de supervisão”, conclui Donna. Segundo ele, essas medidas vão ao encontro da qualificação da mão de obra fixada no local de trabalho e passam a ser um diferencial do sistema.

Outra análise que chama a atenção é a relação entre franqueador e franqueado. “O sistema amadureceu, é um modelo de negócio plenamente consolidado, ambas as partes estão mais integradas”, afirma João Baptista Jr.

Principais desafios:

* O custo da matéria-prima continua sendo o principal problema nos três últimos anos. A indústria ainda precisa descobrir o potencial deste segmento de mercado produzindo produtos adequados ao setor.

* O custo operacional (ocupação) está em segundo lugar como preocupação. As oportunidades existentes no mercado ainda não são suficientes para acomodar a expansão do sistema.

* A mão de obra consolida-se como terceiro maior problema. Apesar dos avanços neste setor ainda existe um longo caminho a percorrer.

* Aspectos tributários continuam sendo um problema muito presente.

* A capacidade financeira volta a crescer e a logística mantém uma posição estável – sexto problema do sistema.

* A relação do franqueador-franqueado tende a reduzir a sua participação como elemento de preocupação. A mesma preocupação está com a padronização de produtos.

Texto: DFREIRE Comunicação e Negócios
Foto: Stock.xchng

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