A eficiência e os desafios de uma mulher a bordo de um navio cargueiro

07/04/2013

Durante muito tempo, a vida no mar a bordo de grandes navios era uma realidade vivenciada apenas pelos homens. Com o passar dos anos, as mulheres foram se inserindo cada vez mais no mercado de trabalho, conquistando espaço em profissões desafiadoras e até então com o perfil masculino.

É o caso de Liliane Teixeira e Silva, 1ª oficial de náutica do porta-contêineres “Sebastião Caboto”, que faz o serviço de cabotagem da Aliança Navegação e Logística e é um dos mais novos e modernos navios a operar na costa brasileira, com capacidade para transportar 3.800 TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés).

Graduada em Oceanologia pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Liliane sempre se identificou com o mar, tanto que toda sua formação foi direcionada para esse meio. Com dez anos de formada, sempre procurou trabalhar na área, e em 2009, teve a oportunidade de atuar na marinha mercante, sendo contratada pela Aliança, onde começou a praticar em alto mar a bordo do navio “Intrépido”.

“Navio sempre foi uma curiosidade e uma paixão, mas nunca tinha pensando na possibilidade de me tornar uma oficial de náutica. Persisti e aqui estou”, ressalta.

Segundo ela, por ser uma profissão mais voltada ao público masculino, o maior desafio foi conquistar o respeito. “Têm pessoas que não sabem ou não aceitam trabalhar com mulheres. Outros não se sujeitam a receber uma ordem de alguém que eles julgam ser o sexo frágil, mas devagar e com prudência vamos conquistando o nosso espaço. Nós sabemos como nos fazer respeitar”, explica.

Para Liliane, a grande conquista na área foi o reconhecimento de ser uma oficial competente a ponto de a empresa ter confiado a ela a tarefa de ir para a China buscar um novo navio que entraria em operação.

“Trazer o Sebastião Caboto de Xangai para Manaus foi certamente uma experiência inesquecível. Eu nunca tinha feito uma viagem de longo curso, então tudo era novidade. A cultura local, o estaleiro com suas peças gigantes, a neve, o Mar da China, o Oceano Índico, trabalhar com uma tripulação estrangeira. Tudo isso foi desafiador e um grande aprendizado. E isso nos qualifica ainda mais, nos tornando os profissionais que somos”, comenta.

Como 1ª oficial de náutica, a profissional é responsável por todos os equipamentos, radares, cartas de navegação e serviços de comunicação a bordo do navio. No porto, ela tem a função de acompanhar toda a operação de carga e descarga, além de observar e anotar possíveis avarias e atentar para a estabilidade da embarcação. Na manobra, é responsável pela atracação e desatracação na proa do navio. 

Atualmente, 33 mulheres fazem parte da tripulação dos navios da Aliança Navegação e Logística, o que equivale a 10% dos profissionais em alto mar. “Todos os nossos porta-contêineres têm mulheres em cargos diversos. E as incumbências das profissões são as mesmas do que a dos homens. Não fazemos distinção”, afirma Marcos Vieira, gerente de tripulação da Aliança.

Sobre as dificuldades do dia a dia, a oficial diz que às vezes são coisas simples, como o desejo de comer algo diferente e que não está disponível. Em outras ocasiões é quando a saudade de familiares e amigos aperta. “São várias as situações, mas que quando colocadas na balança ainda me fazem pensar que vale a pena estar aqui. Enquanto eu olhar para o céu e admirá-lo, ainda estarei navegando, pois sou uma mulher do mar e sei reconhecer esses privilégios da profissão”, finaliza.
 

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