O setor de transporte rodoviário de cargas (TRC) apresentou avanços no índice de equidade de gênero em 2025. Segundo levantamento realizado pelo Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC), a nota média do setor subiu de 40 para 50 em uma escala de 0 a 100, o que representa um avanço de 10 pontos em comparação com o ano anterior.
O estudo, encomendado pelo Movimento Vez & Voz e pelo SETCESP, avalia as políticas das transportadoras voltadas à atração, retenção, valorização e desenvolvimento das profissionais mulheres. A pesquisa foi realizada entre 20 de janeiro e 5 de março de 2025 e baseou-se em sete pilares: assédio, diversidade, funções e nível hierárquico, programas e benefícios, recrutamento e seleção, treinamento e capacitação, e violência doméstica.

De acordo com Ricardo Henrique, analista de dados do IPTC, o levantamento é feito a partir de questionários respondidos pelas empresas, com perguntas relacionadas à cultura organizacional, ocupação e liderança. As respostas são avaliadas por meio de um sistema de cores, chamado de sistema de faróis:
Verde (nota acima de 90): empresa inspiração;
Amarelo (nota entre 66 e 90): no caminho certo;
Laranja (nota entre 51 e 65): iniciativas em andamento, mas com necessidade de melhorias;
Vermelho (nota abaixo de 50): necessidade de revisão de práticas.
“O material serve para que a organização veja onde está sua posição no ranking e encare isso como uma oportunidade de melhorar”, afirma Ricardo.
Em 2025, o percentual de empresas classificadas como “no caminho certo” (faixa amarela) dobrou em relação ao ano anterior, subindo de 2% para 4%. Houve crescimento de 15% nos pilares de nível hierárquico e programas e benefícios, e um avanço de 12% nas ações de combate ao assédio.
Sobre esse último ponto, Camila Florencio, coordenadora do Movimento Vez & Voz, destacou: “Assédio é um tema que começamos a discutir desde o início do movimento Vez e Voz, mesmo antes de haver a obrigatoriedade por lei, para que as empresas adotassem programas de prevenção e combate”. Em 2025, 86% das transportadoras declararam ter programas de conscientização, e 81% já contam com políticas definidas para lidar com situações de assédio.
O pilar de violência doméstica também integra o índice. Camila reforça sua importância dentro das empresas: “98% das vítimas de violência doméstica são mulheres — e essas mulheres podem estar dentro das nossas organizações. Por isso, é fundamental que estejamos atentos a sinais sutis de comportamentos que possam indicar situações como essas. Com um olhar sensível e acolhedor, podemos ser a ponte para que essas mulheres, vítimas de violência doméstica, encontrem apoio e consigam romper com esse ciclo”.
Embora o relatório mostre avanços, pilares como diversidade e capacitação ainda apresentam evolução discreta. Para Camila, o progresso é motivo de atenção e também de reconhecimento: “Ainda temos muito o que fazer, mas também precisamos comemorar esse avanço significativo de 10 pontos. Programas e benefícios englobam, por exemplo, as políticas de maternidade que, aliás, é um fator considerável para a saída de mulheres do mercado. O que podemos perceber é que as empresas também estão tendo um olhar efetivo para esse momento da vida da profissional”.







