A 13ª edição do Barômetro da Infraestrutura, pesquisa semestral conduzida pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB) em parceria com a EY-Parthenon, revela mudanças significativas nas perspectivas do setor. Em julho de 2025, o estudo destacou que os investimentos em rodovias ultrapassaram o saneamento básico e agora ocupam a primeira posição nas intenções de investimento, alcançando 46,6% contra 35,4% da edição anterior.

Segundo Roberto Guimarães, diretor de Planejamento e Economia da ABDIB, o Barômetro da Infraestrutura tem papel central ao mostrar tendências de mercado e a disposição do setor em relação a investimentos, geração de empregos e políticas públicas. Já Gustavo Gusmão, sócio da EY-Parthenon para Governo e Infraestrutura, explica que o crescimento das intenções de investimento em rodovias decorre de anúncios de novos projetos pelos governos federal e estaduais.
Investimentos em rodovias, saneamento e ferrovias
O estudo aponta que a liderança do saneamento básico, sustentada por sete edições, perdeu espaço após o hiato de licitações iniciado em 2025. Apesar disso, o setor segue com forte potencial de novos projetos apoiados pelo Marco Legal de 2020. Além disso, a realização da COP no Brasil impulsionou leilões de universalização, como o de saneamento no Pará.
Na contramão da agenda ambiental, o Barômetro da Infraestrutura também identificou aumento nas intenções de investimento em petróleo, refletindo o ceticismo do mercado quanto ao impacto da transição energética. Já as ferrovias registraram avanço de 24,1% para 32,6%, indicando maior confiança em destravar projetos e renegociar concessões, ainda que isso não signifique ampliação expressiva da malha ferroviária.

Papel dos estados e desafios econômicos
Outro destaque é o protagonismo dos governos estaduais, que, pela quarta edição consecutiva, registraram melhor desempenho na promoção de investimentos em comparação com o governo federal e as prefeituras. De acordo com Gusmão, “o Estado também consegue ser mais ágil que o governo Federal, com maior celeridade nos projetos, o que traz muita vantagem”.
Apesar do crescimento das intenções em rodovias, o estudo ressalta o cenário interno desafiador. Taxa de juros mantida em torno de 15%, questões fiscais e taxações sobre debêntures reduziram o otimismo. A percepção pessimista em relação ao crescimento econômico para os próximos seis meses aumentou de 18,7% para 35%, enquanto a visão otimista caiu de 31,7% para 19,3%.

Já em relação ao cenário para investimentos, 40,6% ainda entendem que seja favorável, mesmo com uma queda de 12,3 pontos percentuais em relação à edição anterior (52,9%). Enquanto os que entendem como um cenário desfavorável saiu de 20,4% para 30,7%.

Importância das agências reguladoras e uso da inteligência artificial
Para a ABDIB, o fortalecimento das agências reguladoras é essencial para assegurar segurança jurídica e atrair capital. Contudo, o Barômetro mostra que 50,5% avaliam a atuação do governo federal como péssima nesse aspecto, e apenas 6,4% a consideram positiva.
O estudo também analisou a adoção da inteligência artificial no setor de infraestrutura. Os resultados mostram que a tecnologia ainda está em estágio embrionário: 57,2% indicaram uso inicial em processos internos, e 52,3% consideraram impacto reduzido na oferta de serviços. “Vemos um interesse em saber mais sobre essa tecnologia, mas o uso efetivo no setor ainda é bem pequeno”, conclui Gusmão.

Sobre a pesquisa
O Barômetro da Infraestrutura Brasileira é realizado semestralmente de forma digital pela ABDIB e pela EY-Parthenon, com participação de gestores, investidores e especialistas do setor. Esta edição coletou 329 respostas entre 13 de maio e 3 de junho de 2025.









