O projeto Laneshift e-Dutra, voltado à expansão da eletrificação de caminhões no corredor Rio de Janeiro–São Paulo, ganhou novo impulso com a adesão de 17 empresas, entre elas a Volkswagen Truck & Bus, subsidiária do Grupo TRATON. A iniciativa, conduzida por especialistas em transporte limpo, busca estruturar uma rede de caminhões elétricos e pontos de recarga em um dos eixos logísticos mais movimentados do país.
A proposta é colocar 1.000 caminhões elétricos em operação diária até 2030. Caso esse número seja alcançado, a redução potencial é de 75 mil toneladas métricas de CO₂, um volume equivalente às emissões de escapamento de mais de 16 mil carros. Além disso, o projeto foi concebido para ser escalável, permitindo sua replicação em outras regiões do país. Ao mesmo tempo, está alinhado ao Memorando de Entendimento Global (MOU) e aos compromissos brasileiros no Acordo de Paris, reforçando o avanço da descarbonização no transporte de carga.

Segundo a Gigantes Elétricos, coalizão da sociedade civil dedicada a acelerar a eletrificação de veículos pesados, “o projeto Laneshift e-Dutra mostra o que é possível quando indústria e governo trabalham juntos para superar as barreiras à eletrificação de caminhões. A maior parte do transporte de carga ao longo do corredor Sul–Sudeste do Brasil já opera dentro do alcance dos caminhões elétricos disponíveis atualmente, tornando viável a adoção em larga escala agora”.
Ainda conforme a coalizão, embora o potencial seja significativo, “concretizar esse potencial exige que os fabricantes invistam — não apenas na produção dos veículos, mas também na construção da infraestrutura que os sustenta. Isso significa desenvolver redes de recarga, garantir cadeias de fornecimento de baterias responsáveis e transparentes e respeitar princípios de sustentabilidade, incluindo o consentimento livre, prévio e informado (CLPI) de comunidades indígenas e locais”.
Para a Gigantes Elétricos, com políticas que deem segurança ao mercado, o Brasil tem condições de liderar o transporte de carga com emissões zero.
A discussão também ganhou contribuições de parceiros da iniciativa. Patrícia Ferrini, gerente de Parcerias Internacionais do Instituto Ar, destacou os impactos sociais da poluição: “As doenças associadas à poluição custaram R$24,5 bilhões em internações na última década. Com planejamento e cooperação entre governo, setor privado e sociedade, o Brasil pode se tornar líder em transporte sustentável — alinhando desenvolvimento econômico e qualidade de vida.”
Na mesma linha, Clemente Gauer, coordenador do grupo de trabalho sobre Segurança e integrante do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), afirmou que “este é um primeiro passo crucial para descarbonizar o sistema de transporte de carga no Brasil. Os fabricantes têm a responsabilidade de ir além da produção dos caminhões — eles precisam ajudar a remover as barreiras que retardam sua adoção. Isso significa investir em infraestrutura de recarga, capacitação de frotas e colaboração com os reguladores para tornar a eletrificação a escolha mais fácil e competitiva.”
Adilson Vieira, coordenador de Articulação e Parcerias da Rede de Trabalho Amazônico (GTA), reforçou a necessidade de uma abordagem sistêmica. Para ele, “os fabricantes de caminhões têm um papel decisivo nessa transição. Não basta vender modelos elétricos; é preciso fazer parte da construção do ecossistema que os sustenta — redes de recarga, sistemas de manutenção e parcerias com operadores logísticos. O sucesso de projetos como o Laneshift e-Dutra depende desse compromisso compartilhado para superar juntos as barreiras do mundo real.”









