As disputas comerciais despontam como a principal preocupação global para o setor logístico. De acordo com o Relatório Global de Riscos de Transporte e Logística, divulgado pela WTW, 62% dos entrevistados consideram essas disputas um risco geopolítico, enquanto 68% as veem como ameaça direta à cadeia de suprimentos. Na América Latina, as preocupações são ainda mais elevadas, com 64% e 75% dos participantes, respectivamente, apontando o tema como crítico.
O estudo, conduzido pela consultoria internacional WTW, indica que as tensões geopolíticas e os possíveis aumentos tarifários estão entre os fatores mais preocupantes para as empresas do setor. Segundo o levantamento, 62% dos executivos citaram as tensões entre países e as restrições regulatórias como riscos centrais para os próximos anos. Além disso, 68% destacaram que as disputas comerciais podem afetar diretamente os custos operacionais e a estabilidade das cadeias globais.
“O levantamento mostrou que as empresas de logística e transporte estavam muito preocupadas com as disputas comerciais, que teriam que lidar com uma escalada de aumentos tarifários recíprocos”, explica Marco Darhouni, head de Marine da WTW no Brasil. “Infelizmente, essas preocupações se tornam latentes no contexto atual”, completa.
Em outra frente, o relatório revela que 53% dos entrevistados consideram a regulamentação um dos maiores fatores de risco para o sucesso das operações, refletindo o peso crescente da burocracia, da segurança cibernética e dos fatores ESG. Na América Latina, o principal risco apontado foi a incerteza econômica, mencionada por 52% dos participantes.
Infraestrutura e tecnologia aparecem como oportunidades
Mesmo em um cenário de instabilidade, o estudo destaca oportunidades relevantes. Para 57% dos executivos, os investimentos em infraestrutura representam a maior chance de avanço do setor nos próximos dois anos, especialmente em meio aos desafios da transição energética. A inovação tecnológica também foi apontada como ferramenta essencial para aprimorar a gestão de riscos e fortalecer a resiliência operacional das empresas.
Sustentabilidade e mudanças climáticas ganham destaque
O relatório também chama atenção para a crescente pressão sobre as empresas quanto à sustentabilidade. De acordo com o levantamento, 61% dos entrevistados afirmaram que a estratégia de sustentabilidade é o principal risco ambiental de suas operações. Já a conformidade regulatória relacionada ao tema foi apontada como o principal risco de governança por 62% dos participantes — proporção que chega a 75% na América Latina.
Outro dado relevante é que apenas 33% das empresas possuem cobertura de seguro completa para eventos climáticos extremos, enquanto 62% afirmam ter cobertura parcial, mas sem plena confiança na sua suficiência. “Isso é preocupante, visto que o impacto de tais eventos tende a aumentar à medida que as mudanças climáticas se aceleram”, afirma Darhouni.
Apesar dos desafios, há sinais de amadurecimento na gestão dos riscos ESG. Segundo o relatório, 90% das empresas já contam com um processo formal de gerenciamento ambiental, social e de governança, enquanto as demais adotam políticas informais. A maioria das grandes companhias de transporte e logística também possui um diretor de ESG ou requisitos específicos incorporados às políticas corporativas.
O Relatório Global de Riscos de Transporte e Logística da WTW está disponível na íntegra aqui.
