O Transporte Frigorificado no Brasil

 

A Matriz de Transportes

 

No Brasil, a matriz de transportes apresenta um viés preponderante que é o rodoviário, com mais de 60% de participação na multimodalidade da cadeia logística.  Essa predominância do segmento rodoviário é consequência de algumas características próprias desse tipo de transporte, devido a fatores importantes a serem destacados:

 

– Tem sido considerado o modal mais apropriado para produtos de maior valor agregado, como o segmento de perecíveis (multitemperaturas), inclusive para os transportes de longas distâncias;

 

– Oferece maior frequência, confiabilidade e facilidade para manipulação de lotes de mercadorias de diversos tamanhos e características;

 

– Permite executar as entregas de porta a porta, com maior rapidez e agilidade, utilizando-se de embalagens mais simples, leves e baratas; ou mesmo com características especiais quando demandadas;

 

– Apresenta valores de fretes bem abaixo, quando comparado aos mesmo modal em outros países, bem como quando comparado aos seus custos operacionais;

 

– Apesar da sua baixa rentabilidade, ainda possui “oferta abundante”.

 

Resultados do Setor de Transportes – 2022

 

O segmento de transportes no Brasil, apresentou, no último ano, resultados e indicadores das suas atividades junto ao mercado de cargas em geral da seguinte ordem:

 

– Receita Total Operacional – Líquida = R$ 527,25 bilhões;

 

– Transporte Rodoviário de Cargas-TRC = R$ 208,27 bilhões (39.5% do total das atividades gerais de transportes;

 

– Transporte de Produtos Frigorificados (Multitemperaturas) = R$ 68,73 bilhões (33,0% sobre a movimentação do TRC);

 

– EBTIDA Médio das Empresas de Transportes = 8,55 a 13,0% a.a.

 

Resultados Operacionais

 

– Aumento do volume transportado > 13,0% sobre o ano 2021;

 

– Aumento da ociosidade média de frota em 9,0%, se comparado ao ano de 2021;

 

– Idade Média da Frota “reduziu” em 0,5 anos em relação ao ano 2021;

 

– A Idade Média da Frota Terceirizada é de 11,5 anos para segmento de Carga Geral e de 7,0 anos para o Segmento Frigorificado em 2022;

 

– Aumento significativo da Frota Terceirizada em relação a Frota Própria, destacando se o segmento da Cadeia do Frio;

 

Fonte: IPTC – Panorama Econômico 2022

 

(Instituto de Pesquisa de Transportes de Cargas)

 

Considerações: Deve se considerar que os Embarcadores (Indústrias/Fornecedores/Produtores) para os segmentos frigorificados da Área Farmacêutica têm exigido para suas atividades de transportes veículos com Idade Média < 05 anos de fabricação, para que possam cumprir com os Protocolos, Regulações e Certificações dos Órgãos de Saúde & Sanitárias Nacional.

 

O Transporte na Cadeia do Frio

 

Expansão do Mercado: O setor de transporte frigorificado no Brasil continua a crescer devido ao aumento da demanda por produtos perecíveis. O desenvolvimento de infraestrutura, como estradas e portos, desempenha um papel fundamental na expansão desse mercado.

 

A premente necessidade de investimentos em uma atividade que requer uma especialização constante leva a repensar a atual Matriz de Transportes Frigorificado no Brasil.

 

Para que isso venha a se tornar uma realidade plausível, será necessário que sejam desenvolvidas as seguintes perspectivas:

 

– Revisão das Metodologias de Remuneração e Modelo de Contratação do Transportes;

 

– Interação com as Empresas da Cadeia de Abastecimento – Eficiência Operacional;

 

– Investimentos – Renovação de Frotas/Equipamentos Frigorificados (Modernização);

 

– Gestão de Frota compartilhada – Própria + Terceiros (TAs);

 

– Melhor Rentabilidade dos Prestadores de Serviços para o segmento frigorificado;

 

– Desenvolvimento de uma “integração de total a Cadeia”, possibilitando uma busca de melhores resultados constantes;

 

Frota Nacional de Veículos Frigorificados no Brasil

 

De acordo com levantamentos efetuados junto a SENATRAN – Secretaria Nacional dos Transportes (Ministério da Infraestrutura), verificou-se que o dimensionamento da Frota Frigorificada no Brasil apresenta a seguinte matriz:

 

– Frota de Veículos de Transportes Carga Geral = 7.386.510 un.

 

– Frota de Veículos de Transportes de Cargas Frigorificado = 447.400 un.  (6,0%)*

 

(*) Os veículos citados acima, que apresentam algum tipo de Certificação Oficial, são Carretas Baús, Semirreboques, Trucks, VUCs, Vans, Utilitários; com utilização de equipamentos de refrigeração. (Fonte: SENATRAN- 2021).

 

Rentabilidade

 

– O aumento médio da Receita das Empresas de Transporte foi de 16,0% ao longo do ano de 2022;

 

– O Volume transportado, no mesmo período, apresentou um crescimento da ordem de 13,1%;

 

– Com esse aumento na receita, o “lucro médio” obtido das empresas do mercado foi de 8,5% durante o ano de 2022;

 

– A pesquisa mostrou que 86,3% das empresas do mercado operaram com essa média de rentabilidade.

 

Estes indicadores foram determinados de acordo com valores praticados (preços de frete) junto ao mercado, com bases nas Tabelas de Frete elaboradas pela ANTT, Associações e Sindicatos de Classe; e com a livre negociação por parte das empresas de transportes junto ao mercado.

 

O estudo de mercado para o segmento de transportes demonstrou ainda que, para se obter a rentabilidade ideal, torna-se necessário que opere com um Mix de Frota da ordem de 40% Frota Própria + 60% de Frota Terceirizadas.

 

Indicadores de Desempenho

 

Os indicadores de desempenho do segmento foram medidos ao longo de 2022 e apresentaram o seguinte desempenho:

 

– Densidade de Carga = aumento de 5,0% no dropsize;

 

– Eficiência Energética è redução de 34,0% no consumo de combustíveis;

 

– Tempo de carga/descarga  è redução de 31,0%;

 

– Disponibilidade Mecânica è aumento de 14,0% para manutenções preventivas;

 

– Ociosidade média da frota de transporte = 19,25%.

 

O Perfil do Transportador – Cargas Frigorificadas

 

Segundo estudos efetuados por institutos de pesquisas, entidades e associações de classe ligadas ao segmento de transportes no Brasil, identificou se o “perfil do transportador” para cargas do segmento frigorificado.

 

Em uma análise mais aprofundada sobre o perfil do transportador, observou se alguns pontos a comentar:

 

– 63% possuem intenção em investir no negócio nos próximos anos;

 

– 41% demonstraram interesse e/ou necessidades de modernizar sua infraestrutura operacional, para atender as exigências do mercado;

 

No que tange às expectativas do segmento do Transporte para os próximos anos, incluso aí o segmento da cadeia do frio, observou-se que:

 

– 27% possuem expectativas de melhoria;

 

– 37% acreditam que o setor deverá permanecer estável no próximo ano;

 

– 33% entendem que poderá ocorrer uma desaceleração no segmento.

 

Fonte: I.P.T.C.– Panorama Econômico 2022

 

Custos de Fretes – Mercado em 2022

 

O mercado de fretes de transporte no Brasil é uma parte fundamental da economia do país, dada as suas dimensões geográficas e a necessidade de uma malha rodoviária extensa, que possibilite a entrega de mercadorias para abastecer diferentes regiões do país.

 

O Desempenho das Negociações para reajustes dos Fretes ao longo do Ano de 2022 desenvolveu-se da seguinte forma:

 

Fonte: I.P.T.C.– Panorama Econômico 2022

 

Custos Operacionais do Transporte

 

Os custos operacionais das empresas de transporte representam 2/3 dos custos logísticos totais das Empresas.

 

Em média, podem variar de 3,0% a 5,0% da Receita Total das Empresas de Transportes.

 

Para p transporte de Carga Frigorificado, os custos mais significativos são:

 

– Sistemas de Gestão e Sistemas de Rastreamento e Monitoramento de Cargas;

 

– Infraestrutura Operacional (remuneração, capacitação, retenção motorista);

 

– Gestão de Riscos (Seguros);

 

– Depreciação de Ativos (Frota e Equipamentos);

 

– Créditos e Investimentos;

 

– Contratação de Agregados e/ou Autônomos.

 

Investimentos em Frotas – Renovação

 

Nos últimos anos verificou se um investimento em renovação de frotas mais frequente, fato esse devido às novas exigências de embarcadores, empresas tomadoras de serviços de transportes, entre outros segmentos; em razão dos novos protocolos e regulamentações exigidas pelo mercado.

 

– PEQUENAS Empresas (até 50 veículos)         = 51%

 

– MÉDIAS Empresas (51 a 150 veículos)           = 27%

 

– GRANDES Empresas (mais de 150 veículos)  = 22%

 

Capacidade no Transporte & Investimentos

 

Fonte: I.P.T.C.– Panorama Econômico 2022

 

Tendências & Oportunidades – 2024

 

Oportunidades

 

– Busca de Soluções: Técnicas e Operacionais para redução dos desperdícios e as perdas de produtos no transporte frigorificado;

 

– Gestão de Riscos: Rever processos de segurança na movimentação de cargas através de monitoramento e rastreabilidade dos veículos de transportes da cadeia do frio;

 

– Maior agilidade da modernização e regulamentação dos transportes de cargas frigorificadas:  Protocolos, Procedimentos e Certificações;

 

– Desenvolvimento de Redes Transportes: Continuidade do desenvolvimento de Cargas de Transferências, Cargas Fracionadas (dropsize = 30 Kg), Cargas Industriais (dropsize = 100 Kg);

 

Tendências

 

– Modernização: Eletrificação da Frota, Inovação Tecnológica Embarcada e Segurança Veicular;

 

– Sustentabilidade: Atender os requerimentos necessários em reduzir as emissões de CO₂,

 

– Desenvolvimento em recursos/infraestrutura necessários para a implementação de novos conceitos e tecnologias: Logística 4.0, Logística Colaborativa, Logística Reversa, Frete Retorno Rentável;

 

– Desenvolvimento do conceito de “Last Mile Green” para o segmento frigorificado;

 

– Desenvolvimento de Redes de Distribuição, baseadas no conceito de “Drive Thru”;

 

Para o panorama atual, o Transporte no Brasil é considerado como a nova FRONTEIRA DE INOVAÇÃO.

 

Desta forma as empresas, organizações, entidades de classe, transportadoras, precisarão estar preparadas para definir “novas estratégias”, e como irão projetar e desenvolver isso no seu crescimento sustentável e nas suas expansões futuras para esse Mercado.

 

Em resumo, o transporte frigorificado é essencial para a economia e a segurança alimentar do Brasil. Apesar dos desafios logísticos e regulatórios, o setor está em constante evolução, impulsionado pela tecnologia e pela crescente demanda por produtos perecíveis. A sua importância só tende a aumentar à medida que a população cresce e a conscientização sobre a qualidade e a segurança dos produtos se torna cada vez mais relevante.