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Conteúdo 5 de agosto de 2024

O Brasil vai bem, obrigado!

 

No último dia 29 de julho recebemos, na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), o ex-governador do Espírito Santo e presidente da associação Indústria Brasileira de Árvores (IBA), o economista capixaba Paulo Hartung, a convite do Conselho de Comércio Exterior (COMEX) da casa, presidido por Wilson Andrade, também presidente da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF).

Na abertura da sua fala, Paulo Hartung fez importante disclaimer, dando o tom da sua palestra: “Sou otimista em relação ao Brasil, pois estamos dando certo!”

Os fundamentos do seu otimismo não são poucos, e estão lastreados nos indicadores macroeconômicos, os quais registram inflação sob controle e dólar estável com baixas oscilações; juros, ainda que acima do que gostaríamos, sendo administrados por uma autoridade financeira autônoma, que é um exemplo para muitos países. Nessa mesma toada, estamos rompendo as expectativas de PIB, com crescimento de 2,5% no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado.

Outros aspectos positivos, destacados pelo ex-governador do Espírito Santo, referem-se às reservas internacionais do país (“poupança” em moeda estrangeira para superar crises internacionais), as quais fecharam 2023 com US$ 355 bilhões, representando um crescimento de 9,3%, ou US$ 30,3 bilhões em relação ao patamar do ano anterior (US$ 324,7 bilhões); bem assim ao nível de desemprego no Brasil, que atingiu a menor taxa dos últimos 10 anos no trimestre, encerrado em 7,5%.

Dentre os pontos celebrados temos o aniversário de trinta anos do Plano Real, o que é uma honesta razão para nosso regozijo, dado termos mudado o rumo do país a partir de 1994.

Hartung enfatizou o impacto da pandemia do Covid-19 (ONU – de 01/03/2020 a 05/05/2023), a qual, além de ter trazido calamidade mundial e sofrimento aos cidadãos de todas as nações, impôs cenários ainda mais complexos na geopolítica, fazendo-nos experimentar desarranjo e desconexão nas cadeias globais de valor e de suprimentos.

Crises mundiais se agravaram, a exemplo do conflito EUA e China, e enfrentamentos de elevada impedância global ganharam destaque, como a guerra da Rússia e Ucrânia e a de Israel na Faixa de Gaza, o que termina por provocar novas zonas sensíveis por um lado, e a geração de oportunidades por outro.

Diante desse cenário, as atenções estão voltadas para a transição energética com foco na descarbonização da matriz industrial mundial, a qual deverá nos direcionar para novos e alvissareiros tempos, onde se veja mitigada a grave crise climática do planeta.

Não parece crível que diante dos terríveis fenômenos vivenciados, a exemplo da tragédia recente no Rio Grande do Sul, dos incêndios recorrentes no Pantanal e no Cerrado, nas secas intensificadas ano a ano na Amazônia, que não haja prioridade absoluta e compromisso de todos com essa agenda.

E é nessa agenda, na qual a energia fotovoltaica, a eólica, o hidrogênio verde (H2V), o direcionamento para uso da biomassa em maior escala, que o Brasil tem imenso potencial e liderança. Somos fartos em todas as variáveis, quer seja em área territorial, quer seja em condições edafoclimáticas. Some-se a isso o ganho exponencial que passamos a ter com a agregação da Amazônia Azul, que nos oferece um campo vasto de oportunidades em desenvolvimento da economia do mar.

Voltando ao nosso ilustre convidado, recupero uma das suas lúcidas observações, quando enfatizava a necessidade de investirmos em educação e em formação profissional. “Nós temos que ter verdadeira obsessão em educação! Demos certo no agro e na mineração por investirmos e formarmos gente extremamente qualificada, em pesquisa aplicada, em ciência, tecnologia e inovação”.

Nessa manhã na FIEB, que se estendeu até a tarde, pudemos analisar também o que foi realizado vis-à-vis o que ainda precisa ser desafiado no Brasil!

Demos saltos importantes com a reforma da previdência e agora iremos avançar, de forma épica, com a reforma tributária. Firmamos um ponto de inflexão com o marco do saneamento, sendo fundamental, contudo, termos em conta que todos esses ganhos não podem nem devem ficar estáticos, precisam ser revisados na proporção em que avancemos e precisemos corrigir rumos. Tais avanços trazem desafios e, estes, precisam ter soluções e alternativas a serem endereçadas de forma célere e assertiva.

Por fim, mas jamais menos importante, expôs os desafios hercúleos que precisamos enfrentar. “Nosso maior problema é o desarranjo e a desorganização fiscal, que nos impõe baixo crescimento!” Na esteira dessa argumentação, seguiu a fala corajosa de quem preside a maior entidade florestal do país, quando afirmou precisarmos “cuidar das ilegalidades nos vários biomas, sobretudo no bioma amazônico!”

Nesse mérito, ouso desafiar a importância dos necessários cuidados com o Cerrado brasileiro, bioma de elevada fertilidade e responsável por farta biodiversidade e incontáveis mananciais.

Ao encerrar, não faltou o toque destemido em relação à política do país. “Faz-se necessário romper com a polarização populista que termina por beneficiar as elites. As elites brasileiras têm que estar comprometidas com a boa política, capaz de gerar desenvolvimento sustentável, sustentado e inclusivo!”

Temos aí, caras leitoras, caros leitores, o diapasão da boa discussão, principalmente em ano de eleições. O Brasil não suporta mais o reducionismo de toda ordem, quer seja na política, na agenda que sacrifique valores cidadãos, no planejamento estratégico que não é cumprido, na perdularidade dos gastos públicos, nas políticas públicas que não se concretizam, no desbalanceamento regional, dentre outros tantos ofensores ao desenvolvimento.

O Brasil é muito maior e mais forte do que seus próprios inimigos internos. Que usemos a tese dos vetores resultantes, rumando para um só propósito, o de uma nação vencedora, justa para sua gente, benéfica e próspera para as futuras gerações.

Cesar Meireles Cesar Meireles

Carlos Cesar Meireles Vieira Filho é mestre em Administração pela UFBA/BA, tem formação em Conselho pela FDC/MG e MBA em Economia e Relações Governamentais pela FGV/SP. Atua há 37 anos em infraestrutura, logística e comércio exterior, com passagem na indústria petroquímica e metalúrgica do cobre, no Governo do Estado da Bahia e em operadores logísticos e portuários. Co-fundador e CEO da ABOL – Associação Brasileira de Operadores Logísticos (2012 a 2021), é conselheiro do COMEX da FIEB e sócio-diretor da TALENTLOG – Consultoria e Planejamento Empresarial Ltda.

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