Neste artigo, a colunista do Portal Logweb Adriana Bueno mostra como o profissional de logística evoluiu de executor operacional para estrategista. Ela destaca a importância do domínio de dados, tecnologia, melhoria contínua e competências comportamentais. Para líderes, reforça habilidades como visão sistêmica, gestão de pessoas e tomada de decisão baseada em indicadores. O texto sintetiza a nova logística como área central para competitividade e inovação nas empresas
Nos últimos anos, o setor logístico passou por uma das transformações mais rápidas da história. A aceleração tecnológica, a integração de dados em tempo real, o aumento da complexidade nas cadeias globais e a pressão por sustentabilidade e eficiência têm exigido um novo tipo de profissional: mais analítico, digital e estratégico.
Se antes bastava o domínio das operações e dos fluxos físicos, hoje o diferencial está na capacidade de conectar dados, tecnologia e pessoas para gerar resultados consistentes e sustentáveis. A seguir, destacamos os principais skills que os profissionais de logística precisam dominar na atualidade, e os skills adicionais exigidos de quem atua em cargos de liderança.
A logística atual é orientada por dados. Profissionais precisam dominar ferramentas de Business Intelligence (BI), entender indicadores de performance (KPIs) e utilizar análises preditivas para tomada de decisão.
Saber transformar dados em informação útil é o que diferencia um operador de um estrategista. Ferramentas como Power BI, Tableau e sistemas TMS/WMS com dashboards integrados tornaram-se parte da rotina.
Exemplo prático: entender o comportamento de lead time, custo por rota e índice de OTIF (On Time In Full) permite decisões mais assertivas de transporte e armazenagem.

Inspirado em metodologias como Lean Logistics e Six Sigma, o profissional moderno deve atuar de forma proativa na eliminação de desperdícios e gargalos. A melhoria contínua não é mais um projeto pontual, mas uma cultura organizacional. Isso inclui domínio de ferramentas como PDCA, 5S, Kaizen e mapeamento de processos (VSM).
Competência comportamental associada: pensamento crítico e curiosidade analítica — questionar o “porquê” das coisas.
A logística é um ecossistema interdependente. Saber lidar com pressão, prazos curtos e múltiplas partes interessadas é essencial.
A inteligência emocional ajuda o profissional a manter clareza e empatia em situações de crise — especialmente quando há falhas ou atrasos na cadeia. Trabalhar em equipes multifuncionais e colaborativas, integrando operações, comercial e tecnologia, é hoje uma exigência de performance.
Com cadeias de suprimento cada vez mais integradas, a clareza na comunicação é um ativo. Profissionais precisam traduzir indicadores e dados técnicos em insights que façam sentido para áreas não logísticas — como finanças, marketing e diretoria.
Saber construir relatórios, apresentações e planos de ação de forma visual e objetiva é uma habilidade subestimada, mas cada vez mais estratégica.
Empresas estão sendo pressionadas por clientes e investidores a reduzir a pegada de carbono e otimizar o uso de recursos. O novo profissional de logística deve compreender conceitos como rota verde, logística reversa e eficiência energética.
A sustentabilidade deixou de ser um diferencial e tornou-se parte do core business.
Quem atua em posições de gestão precisa ir além da técnica. O líder logístico moderno é um arquiteto de soluções — capaz de alinhar pessoas, processos e tecnologia para garantir competitividade e resiliência.
O líder precisa enxergar a logística como elo de valor no negócio, e não apenas como um centro de custos. Isso exige capacidade de compreender cenários, antecipar riscos e criar planos contingenciais. A visão estratégica permite conectar metas operacionais com objetivos corporativos — integrando logística, vendas e finanças.
A transformação digital exige líderes que inspirem times a inovar e aprender continuamente. O mindset de crescimento implica estimular experimentação, aceitar erros controlados e aprender com eles. Modelos como o Effectuation, de Saras Sarasvathy, têm ganhado espaço justamente por ajudarem líderes a navegar em ambientes de incerteza, usando recursos disponíveis de forma criativa.
O líder de logística precisa ser guardião das métricas. Mais do que medir custos e entregas, ele deve entender o comportamento das variáveis e interpretar tendências para decisões táticas e estratégicas. Como dizia Vicente Falconi: “Quem não mede, não gere.”
Com cadeias globais e múltiplos parceiros, o gestor precisa saber negociar, influenciar e comunicar resultados. Gestão de stakeholders é uma habilidade crítica para garantir alinhamento entre transportadoras, fornecedores, clientes e equipe interna.
O líder é também um desenvolvedor de talentos. Investir em capacitação técnica e comportamental da equipe garante não apenas melhores resultados, mas também retenção de profissionais em um setor historicamente competitivo. A combinação entre autonomia, propósito e reconhecimento é a base de uma liderança moderna e sustentável.
O profissional de logística do futuro não será apenas o que entende de transporte, armazenagem e rotas. Será aquele que integra dados, tecnologia e comportamento humano para construir operações mais inteligentes e resilientes.
E os líderes — esses serão os que conseguem traduzir complexidade em clareza, transformando a logística em um diferencial competitivo e estratégico para o negócio.









