Em seu primeiro artigo como colunista do Portal Logweb, Adriana Bueno discute os avanços e desafios da transformação digital no Supply Chain, destacando entraves como barreiras técnicas, diversidade de sistemas, resistência à integração de dados e falta de maturidade de alguns produtos.
A tecnologia vem sendo cada vez mais incorporada à Logística — e, de forma mais ampla, ao Supply Chain — em um ritmo exponencial. São inúmeros cases e artigos que reforçam essa transformação. No entanto, ainda existem pontos que precisam de mais luz para que as soluções realmente amadureçam nessa jornada de dados e movimentos.
Um dos aspectos centrais desse cenário é a conexão entre as diferentes personas da cadeia: embarcadores, transportadores, fornecedores de insumos, clientes, Operadores Logísticos e demais elos do ecossistema logístico.
O que se observa, porém, é um descompasso de maturidade tecnológica. Isso limita o pleno aproveitamento dos softwares disponíveis, fazendo com que, mesmo em meio a tantas inovações, ainda prevaleçam controles manuais e processos sustentados por planilhas ou recursos de BI.

Empresas de grande porte, por exemplo, já possuem recursos avançados que poderiam ser integrados aos seus parceiros de negócio. Mas encontram barreiras: diversidade de softwares, limitações técnicas na construção de APIs, resistência à integração de dados, requerimentos de cyber security ou até conflitos de interesse.
Mesmo dentro de um mesmo ambiente logístico, há dificuldades de integração entre sistemas legados e soluções especialistas. Isso reduz a eficiência das ferramentas, aumenta a complexidade para os usuários e amplia a dependência de suporte técnico. Além disso, muitos softwares carecem de maturidade de produto: precisam entregar de forma confiável o core da solução, com segurança e flexibilidade de parametrização, sem depender excessivamente de customizações que tornam a gestão mais onerosa e dificultam atualizações futuras.
Não é raro vermos empresas que, apesar dos grandes investimentos em plataformas, continuam recorrendo ao Excel ou ao Power BI para validar dados – muitas vezes com resultados mais confiáveis que os próprios sistemas. Essa realidade soa paradoxal quando já convivemos com agentes de Inteligência Artificial operando em alguns cenários. Ou seja, a distância a percorrer na jornada tecnológica da Logística ainda é significativa.
A evolução depende de colaboração, integração e maturação dos processos de suporte. Dados são, de fato, o “novo petróleo” da Logística e do Supply Chain. Não há como pensar em ganhos expressivos de eficiência sem uso intensivo de tecnologia – mas essa eficiência só se concretiza quando há colaboração entre os elos da cadeia. Em um país como o Brasil, onde as dificuldades logísticas são múltiplas, cada ponto percentual de redução de custo ou de ganho de produtividade representa vantagem competitiva.
O papel dos profissionais é acelerar esse avanço. Torres de Controle não podem ser meras vitrines de dashboards, mas sim centros de monitoramento em tempo real, que aumentam a capacidade operacional e otimizam custos. Business Intelligence não deve se limitar a gráficos estáticos, mas gerar modelagem de dados que embasem decisões estratégicas com histórico e real time confiáveis.
Criar um ambiente em que tecnologias conversam entre si é fundamental para que a cadeia funcione de forma integrada em negócios, processos, dados, custos e níveis de serviço. Afinal, o custo logístico é um dos maiores dentro do P&L de empresas de diferentes setores, e o nível de serviço é cada vez mais percebido como parte do próprio produto oferecido.
E quando pensamos no cliente – hoje no centro de toda a cadeia de consumo – essa integração tecnológica torna-se inegociável. Smartphones já são pontos de venda, apps são vitrines personalizadas, e o consumidor, mais exigente do que nunca, dita o ritmo. Tanto em modelos B2B quanto B2C, a tecnologia precisa evoluir na mesma velocidade da expectativa de quem compra: o cliente.










