Frete marítimo, você sabe onde quer chegar!

15/09/2021

Diante de uma instabilidade econômica que grandes nações estão passando devido ao processo que começou em 2019 com o avanço da pandemia de Covid-19, trago neste artigo o olhar referente ao aumento do frete marítimo em diversas rotas, que já está afetando a mesa do consumidor.

Neste texto, buscamos trazer as informações necessárias para o consumidor entender que a disparada do frete marítimo ao redor do mundo vem atingindo o bolso do consumidor de modo que a simples compra de um pingado (cafezinho) está se tornando uma dor de cabeça para os amantes do café.

Dados levantados pela Money times/Drewey Shipping demonstram que o preço do frete marítimo para um container de 40” pés sofreu um aumento de 547%, fazendo um comparativo dos últimos cinco anos com base no frete na rota XANGAI X ROTERDÃ, que atingiu seu valor máximo de US$ 10.552.

Com esse aumento do valor do frete, a mesa do consumidor começa a ser atingida com o crescimento do preço final dos produtos, como café, açúcar, arroz, feijão e outros alimentos.

 

Gargalos no transporte

Vale lembrar que todo esse imbróglio tem a ver com os gargalos deixados pelo transporte marítimo, que prejudica o comércio internacional. Isto é, com vários portos fechados pela pandemia, a circulação de mercadorias e a transferência de containers entre os portos ficou totalmente prejudicada.

Para entender melhor os gargalos existentes, a China fechou, em agosto deste ano, um terminal importante do porto de Ningbo-Zhoushan, que vem a ser o 3º maior do mundo, sendo que 25% de suas operações acontecem na parte do terminal que foi fechado. Antes, o país já havia fechado o do porto de Yantian.

Esses fechamentos vêm trazendo transtornos em portos pelo mundo. Somente na Europa, os terminais estão sobrecarregados e com congestionamentos que geram fortes consequências nas rotas da Ásia para a Europa e Transpacífico.

 

Cálculo de frete

Para entender essa situação, transcrevemos uma forma utilizada pelo mercado para calcular o frete marítimo. O intuito é deixar o leitor por dentro daquilo que representa em valores o preço que influencia na venda do produto final que chega à mesa do consumidor.

Primeiro passo é entendermos que as taxas do frete marítimo são definidas pela transportadora/armadora, depois, lembrarmos que existem os custos de manuseio e liberação das mercadorias nos portos de carga e descarga, que também precisam estar associados às taxas que compõem o frete marítimo.

Frete básico (freight basic) – No momento da precificação do transporte, sempre irá prevalecer o que venha trazer maior retorno financeiro para o armador ou agente, sendo assim, o frete marítimo também é calculado levando em consideração o peso da mercadoria ou o espaço ocupado.

A cubagem sempre será calculada levando em consideração comprimento x altura x largura (CXLXA) de cada volume. Exemplo:

Medidas da caixa – 100 x 30 x 50

Transporte Marítimo – 1m³ = 1 tonelada

Peso Real – 100Kg

Transformação para cubagem – 1,00 x 0,30 x0,50 = 0,15m³

Considerando que o metro cúbico equivale a 1 tonelada, a companhia marítima que passar a regra cobrará 1 tonelada ou ½ tonelada, porém, é sempre bom salientar que o peso será sempre cobrado o maior na relação peso real/peso cubado.

Segundo informações publicadas pela ASIA Shipping, as principais taxas cobradas no transporte marítimo são:

Bunker Surcharge: também conhecida como Bunker Additional Fuel (BAF), taxa cobrada sobre um percentual do frete básico.

Heavy Lift Charge: taxa para volumes pesados, cobrada para mercadorias com excesso de peso ou produtos com peso excedido que exigem condições especiais.

Extra Length Charge: essa taxa segue a mesma lógica do Heavy Lift, porém, considera o volume. Dessa maneira, a taxa para volumes de grandes dimensões é aplicada a toda mercadoria cujo volume tem comprimento superior a 12 metros, independentemente do seu peso.

Currency Adjustment Factor: também é conhecida como FAC, a taxa de fator de ajuste cambial é orientada pelo fator de correção monetária, sendo somada ao frete básico, ao Bunker, ao Heavy Lift e ao Extra Length, se for o caso.

Minimum Freight: a taxa mínima é a menor necessária para cobrir certos custos. Costuma ser aplicada quando o volume é inferior a meia tonelada (500 quilos) ou meio m3.

Open Rate: a taxa aberta é admitida em algumas conferências. Isso porque ela permite ao armador ofertar preços atrativos e concorrer com os navios tramps ou outsiders.

Temporary Rate: a taxa temporária visa atender determinadas condições de tráfego de abertura de mercados. Na prática, ela estimula a competitividade entre tramps ou outsiders.

Special Rate: geralmente, a taxa especial é definida pela mesma razão ou condição dos preços determinados pela Temporary Rate.

Lumpsum Rate: a taxa de frete por atacado é definida para o embarque de mercadorias como um todo, sendo negociada entre armador, agente e cliente.

Through Rate: também conhecida como On Carrying Rate ou Through Bill of Lading, a taxa de prosseguimento é cobrada pelo armador para o prosseguimento da carga por via marítima ou terrestre até o destino final. Neste caso, o custo do transbordo entre os dois transportadores é incluído no preço do frete marítimo.

Ad Valorem Rate: essa é a taxa aplicada sobre a composição do frete apenas para mercadorias de alto valor agregado.

Minor Port Additional: a taxa adicional de porto é cobrada nos casos em que a mercadoria é embarcada ou desembarcada em porto secundário ou fora da rota.

Congestion Surcharge: a sobretaxa por congestionamento consiste em um percentual definido pela conferência de frete e aplicado sobre o frete básico quando existe uma grande movimentação nos portos, que gera demora para atracação.

Diante de todas essas informações, esperamos contribuir para que a sociedade entenda melhor os custos que estão associados aos produtos e serviços que chegam até a casa do consumidor, uma vez que a disparada do frete marítimo vem influenciando muito em nosso dia a dia.

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Victor Adriano Tavares

Victor Adriano Tavares

Possui graduação em Administração, Especialização em Logística, Docência do Ensino Superior, Gestão de Equipes, Gestão e auditoria ambiental e Gestão escolar e Coordenação Pedagógica. Professor Universitário (Administração e Logística), proprietário da Vs2l Transportes e Analista da Educação Profissional – Firjan/SENAI – Departamento Regional do Rio de Janeiro.

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