Estratégias de Supply Chain e finanças: integração para o sucesso corporativo

A integração entre operações logísticas e finanças tem se tornado essencial para empresas que buscam otimizar seu desempenho, reduzir custos e promover uma gestão mais resiliente e eficiente. A abordagem integrada permite decisões estratégicas sobre compras, produção, armazenamento, transporte e distribuição, considerando sempre os impactos financeiros e os objetivos estratégicos da organização. A seguir, exploramos as principais diretrizes e conceitos para harmonizar as estratégias de Supply Chain e finanças.

A conexão entre Supply Chain e finanças

Uma estratégia de Supply Chain bem estruturada vai além das operações: ela deve ser parte essencial da estratégia geral da empresa. A coordenação entre operações logísticas e decisões financeiras é crucial para maximizar a satisfação do cliente, reduzir custos e manter a flexibilidade necessária para responder rapidamente às mudanças do mercado. Esse alinhamento entre áreas impacta diretamente o desempenho financeiro, permitindo uma resposta mais ágil e econômica para os desafios e oportunidades do mercado.

Estratégias de Supply Chain e finanças integração para o sucesso corporativo

Decisões de Supply Chain afetam tanto o fluxo de caixa quanto a estrutura de capital, que são elementos centrais para o valor da empresa. Por exemplo, a gestão de estoques influencia diretamente o capital de giro, ou seja, o caixa necessário para sustentar as operações. Cada decisão sobre estoques, capacidade de produção e transporte pode liberar ou exigir recursos financeiros, o que impacta o equilíbrio entre recursos próprios e endividamento.

Indicadores de desempenho na gestão logística e financeira

A eficácia das operações de Supply Chain e a saúde financeira de uma empresa devem ser monitoradas com indicadores-chave de desempenho (KPIs) bem definidos. Eles permitem avaliar tanto o nível de serviço quanto o custo operacional. Um dos KPIs fundamentais é o ciclo “Cash-to-Cash”, que mede o tempo entre o pagamento ao fornecedor e o recebimento do cliente. Esse ciclo envolve diretamente o capital de giro, afetando o caixa disponível para o crescimento do negócio.

Outro indicador relevante é o “GMROI” (Gross Margin Return on Inventory), que relaciona a margem bruta ao estoque. Esse indicador mede o retorno financeiro sobre cada real investido em inventário, ajudando a balancear o giro de estoque com a eficiência financeira. A gestão dos estoques precisa otimizar custos sem comprometer a disponibilidade de produtos, o que é especialmente importante para setores com alta rotatividade de produtos ou ciclos de demanda variáveis.

Gestão de estoques: redução de riscos e maximização da lucratividade

O gerenciamento de estoques desempenha um papel crucial na saúde financeira de uma empresa, principalmente em operações globais, onde os prazos de entrega são longos e sujeitos a variações. A estratégia de estoque deve evitar tanto o excesso, que eleva o custo de capital, quanto a ruptura, que pode comprometer vendas e impactar a experiência do cliente.

Para lidar com essa complexidade, recomenda-se o uso de ferramentas analíticas e tecnologias avançadas que ajudam a manter um inventário mais responsivo. Decisões sobre políticas de estoque, como “nearshoring” (abastecimento próximo ao mercado consumidor) e “offshoring” (abastecimento em regiões distantes com menor custo), devem ser tomadas com base nas condições do mercado e nos objetivos de serviço ao cliente. Essas escolhas também ajudam a mitigar riscos, reduzindo os custos financeiros associados ao estoque.

Capital de giro e investimentos: decisões entre Capex e Opex

Uma área importante para uma boa gestão financeira é a decisão entre Capex (capital expenditures) e Opex (operational expenditures). A escolha entre investimento em ativos (Capex) e despesas operacionais (Opex) deve considerar a disponibilidade de caixa da empresa e suas restrições financeiras. Em situações onde o caixa é limitado ou onde a flexibilidade é prioridade, muitas empresas podem preferir soluções operacionais, evitando comprometer grandes somas em ativos de longo prazo.

Decisões de Capex e Opex impactam diretamente a capacidade de crescimento da empresa. Em casos de armazéns e sistemas de transporte, por exemplo, um alto investimento de capital pode reduzir o custo operacional em longo prazo, mas exige recursos imediatos. Por outro lado, uma abordagem baseada em Opex, como a contratação de operadores externos, oferece mais flexibilidade financeira, permitindo que a empresa concentre seus recursos no crescimento e na inovação.

O papel da tecnologia na visibilidade e transparência da cadeia de suprimentos

O avanço tecnológico no Supply Chain tem acelerado a capacidade das empresas de monitorar e otimizar suas operações, melhorando tanto a visibilidade quanto a transparência. Ferramentas como inteligência artificial, blockchain e análise de dados desempenham um papel importante na automação de processos e na redução de custos. Elas permitem que as empresas identifiquem rapidamente gargalos e oportunidades de eficiência, além de auxiliar na tomada de decisões com base em dados em tempo real.

Para alcançar esses benefícios, é essencial que as empresas tenham uma base sólida de dados e processos bem estruturados. Investir em tecnologia sem uma base organizada pode gerar frustração e comprometer a eficácia dos investimentos. Assim, a implementação de novas ferramentas deve ser acompanhada de uma análise detalhada sobre a adequação das práticas operacionais existentes e da qualidade dos dados disponíveis.

Integrando estratégia e tecnologia para a sustentabilidade financeira

A integração entre Supply Chain e finanças oferece às empresas uma maneira de aumentar a resiliência e a competitividade em um mercado dinâmico. Para que essa integração funcione de forma eficaz, é fundamental que a estratégia operacional esteja alinhada com as metas financeiras, e que a empresa esteja preparada para adotar as tecnologias que possam suportar essa transformação. Além de otimizar a gestão de estoque, automação e análise de dados permitem que a organização melhore o atendimento ao cliente e reduza custos, impulsionando tanto a eficiência operacional quanto o desempenho financeiro.

Para empresas que buscam diferenciarem-se, as estratégias de Supply Chain e finanças não devem ser apenas complementares, mas integradas de forma estratégica. Em última análise, essa abordagem integrada ajuda a construir cadeias de suprimentos mais ágeis, rentáveis e preparadas para enfrentar os desafios de um mercado cada vez mais global e digital.

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Elcio Grassia

Elcio Grassia

Sócio-Fundador e CEO da Nazar Systems, plataforma SaaS para digitalização da Cadeia de Abastecimento do Varejo Alimentar. Vice-Presidente de Programas do CSCMP Roundtable Brasil. Vice-Presidente da BSCA (Blockchain Supply Chain Association para o leste da América do Sul (Argentina, Brasil, Paraguay e Uruguay). Sócio-Consultor da Integrare Consulting, com foco em Logística e gestão da Cadeia de Abastecimento, tendo desenvolvido projetos para clientes como Ambev, Aqua Capital Partners, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Burguer King, Cacau Show, Carapreta Carnes Nobres, Comfrio, Consórcio Rio Energia, FEMSA, FGV Projetos, Global Environment Fund, WalMart / Intelligrated, Mendes Junior, Novus, Radhakrishna Foodland, Secretaria de Logística do Estado de São Paulo, The Fifties e Vale, entre outros. Tem 45 anos de experiência em Logística, Supply Chain, Operações, Gerência Geral e Desenvolvimento de Negócios em empresas como Havi Global Solutions, McDonald’s Brasil e América Latina, Martin-Brower Brasil e Nestle Brasil. “Board Emeritus”, ex-Channel Partner e ex-membro do Global Research Committee da ASCM – Association for Supply Chain Management.

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