Neste artigo, o colunista do Portal Logweb Ozoni Argenton destaca, de forma prática, os pilares necessários para garantir eficiência na logística frigorificada, unindo infraestrutura física (câmaras, veículos e sistemas de refrigeração) e gestão estratégica (processos, tecnologia e pessoas).
Tornar a cadeia do frio eficiente em infraestrutura e operações exige olhar tanto para a parte física (equipamentos, instalações, transporte) quanto para a gestão (monitoramento, processos, tecnologia e pessoas). Procuramos estruturar em pilares práticos o desenvolvimento do projeto para sua execução.

Diagnósticos e planejamento
– Levantamento da infraestrutura planejada (câmaras, docas, veículos, equipamentos);
– Análise de Riscos (localização, mapeamento de infraestrutura operacional);
– Análise da capacidade energética e mapeamento para as grades de temperaturas;
– Definição dos processos de armazenagem e movimentação;
– Estudo e definição da malha logística (abrangência/distribuição);
– Sistema e processos de atendimentos aos clientes (customer service);
– Planejamento Tático e Operacional (curto e médio prazo para operações);
– Definição de KPIs e Resultados Operacionais.
Definição da capacidade térmica para operação das câmaras frias
Para as operações que se utilizam da Cadeia do Frio (segmento frigorificado) devem ser levados em conta os seguintes “níveis de temperatura” em suas operações, considerando as características dos produtos, bem como as especificações do fabricante, para seu correto manuseio, armazenagem, transporte e distribuição até o consumidor final.
– Climatizados – de 10ºC a 20ºC
– Resfriados – de 0ºC a 10ºC
– Congelados – de -1ºC a -25ºC
– Super Congelados – de -30ºC a – 50ºC
– Ultracongelados – Acima de -50ºC
A Infraestrutura operacional
Projetar instalações adequadas para câmaras frias, túneis de congelamento e áreas de estocagem com isolamento térmico eficiente.
– Equipamentos de refrigeração modernos – sistemas com baixo consumo energético e redundância (backup), possibilitando um processo de fácil manutenção;
– Automação de climatização – utilização de sensores IoT para manter e controlar as temperaturas dentro da faixa ideal em tempo real, nas câmaras frias;
– Fonte de energia confiável – geradores de emergência e, se possível, energia renovável (painéis solares ou cogeração);
– Layout inteligente – minimizar possíveis perdas de temperatura ambiente nas câmaras frias, adotar antecâmaras e docas climatizadas para reduzir perda térmica.
Estrutura & investimentos dos armazéns

Quadro 1 (Base: UYTD 2024)

Quadro 2 (Fonte: Pesquisa OAJ Consult)
Quadro 1 – Demonstra a idade média e o percentual da participação dos armazéns frigorificados atualmente em operação. Devido aos processos de Merger & Aquisitions (M&A) ocorridos nos últimos anos junto ao Mercado Frigorificado, com investimentos em novas instalações e estruturas físicas, houve uma expansão e modernização da infraestrutura operacional nas empresas que já atuavam no segmento da Cadeia do Frio.
(Base Pesquisa Mercado-YTD 2024)
Quadro 2 – Considerado estimativas para investimentos necessários na edificação de novas unidades – Centro de Distribuição Frigorificados (multitemperaturas), tomando por base parâmetros de custos de Instalação e Equipamentos para o Mercado Nacional.
Estrutura para operações

Quadro 1 (Base: Ano 2024)

Quadro 2 (Base: Ano 2024)
Quadro 1 – Demonstra a utilização de estruturas e sistemas de armazenagem em operações para os Centros de Distribuição que operam com temperatura controladas (multitemperaturas), considerando o padrão de armazenagem, sistemas de movimentações dos produtos, giros de estoques e fator de ocupação, entre outros processos operacionais.
Quadro 2 – Demonstra o nível de utilização de equipamentos de movimentação de produtos, para operações em recintos frigorificados (câmaras frias, antecâmaras, tuneis de congelamento ou áreas climatizadas), que fazem parte do processo operacional.
Estrutura funcional – Operacional

Quadro 1 (Base: Ano 2024)

Quadro 2 (Base: Ano 2024)
Nos estudos referentes à Estrutura Funcional, verificamos uma manutenção nos níveis hierárquicos e funções operacionais, em razão das políticas de recursos humanos utilizadas por cada Empresa. Nota-se, porém, a substituição de contratações no Regime CLT pelo Regime de PJ, em face da diferenciação dos custos dos Encargos Sociais e oportunidades de reduções de custos operacionais.
Planejamento & Execução
Desenvolver uma estratégia eficaz para a infraestrutura operacional de operações frigorificadas é crucial para garantir o funcionamento constante, a segurança dos produtos e as exigências requeridas por esse Mercado.
Elencamos abaixo, alguns pontos importantes que deveriam ser levadas em conta, quando do desenvolvimento de estratégias para essas atividades:
1. Planejamento de layout e espaço: Para as áreas frigorificadas em um Centro de Distribuição, deve ser otimizada e maximizada a eficiência operacional. Ou seja, disposição das áreas de recebimento, armazenagem, processamento e expedição, assim como a instalação e manutenção adequada dos equipamentos de refrigeração, de forma planejada.
Um ponto importante a ser considerado neste quesito é o planejamento de área de pátio para estacionamento e movimentação de veículos, utilizando-se parte desta área para sistemas de refrigeração (tomadas elétricas), para cargas em processo de carga ou descarga.
2. Tecnologia e automação: A utilização de tecnologias sistêmicas para controle, automação e monitoramento remoto poderá ajudar na melhoria de processos e na redução de retrabalhos, criando e agregando valor ao cliente.
3. Manutenção preditiva: A implementação de um planejamento de manutenções preditivas para os equipamentos de refrigeração (multitemperaturas) pode reduzir falhas e interrupções não programadas e prolongar a vida útil desses ativos, assim como promover uma redução dos custos operacionais de manutenção.
4. Capacitação das equipes: Uma equipe bem capacitada e treinada torna-se um elemento-chave para o sucesso operacional. Investir em treinamento regular para os funcionários em áreas operacionais poderá trazer, a médio e longo prazo, redução de custos e aumento de produtividade operacional.
5. Eficiência energética: Dado ao alto consumo de energia em uma unidade frigorificada, adotar medidas para melhoria e eficiência energética poderá reduzir os custos operacionais. Deve se levar em conta que para se atingir essa eficiência é necessário possuir uma infraestrutura adequada e equipamentos devidamente dimensionados.
6. Flexibilidade: O mercado frigorificado, principalmente da cadeia alimentar, é volátil. Dessa forma, é importante que a infraestrutura operacional seja flexível o suficiente para se adaptar às mudanças na demanda, sazonalidades e variação de produtos.
Conclusão
Portanto, lembre-se que as estratégias devem ser adaptadas às necessidades específicas de cada unidade operacional frigorificada, ao mercado em que atua e às regulamentações exigidas pelo cliente. O envolvimento de profissionais especialistas em logística da cadeia do frio, engenheiros e técnicos especialista nesse segmento poderá ser fundamental para o sucesso, para que se possa implementar tais estratégias.










