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Conteúdo 10 de abril de 2023

Educação em Supply Chain e logística

Introdução

Supply Chain e logística desempenham um papel cada vez mais complexo e crítico nos países e nas operações empresariais e, consequentemente, na competitividade.  As organizações necessitam possuir em seus quadros uma força de trabalho educada e devidamente treinada para desenvolver suas atividades.

Que oferta de mão-de-obra vem de nossos sistemas educacionais, e que demanda haverá para ela? Independentemente para onde vamos, como chegamos a algum lugar, onde compramos ou o que compramos, a logística desempenha um papel vital para fazer com que as movimentações ocorram.

A logística é uma função que impacta empresas de todos os tipos e tamanhos, bem como clientes e consumidores diariamente. Na verdade, a logística é um ecossistema no qual todos os setores e participantes dependem uns dos outros para mover do Ponto A para o Ponto B. Elas podem mover produtos acabados, como componentes, insumos, matérias primas para pontos de comercialização ou fabricação. Quanto melhor estiver conectado o ecossistema logístico, mais eficaz, econômica, segura e confiável será a movimentação de produtos. Este fator irá melhorar margens ou reduzir custos de materiais que pode se traduzir em vantagens competitiva no preço final para os compradores.

No Brasil, os custos logísticos correspondem a cerca de 13% do PIB. E tratar do tema educação para a logística é imprescindível e entender quais são as brechas de conhecimento para a oferta e a demanda de empregos no mercado é fundamental. É necessário estar atualizado para o presente, mas também se projetar para as necessidades futuras.

Não vou tratar aqui de melhores cursos ou universidades, e nem mesmo de conhecimentos básicos, mas sim do aspecto de temas que precisam estar em nossas agendas para a preparação, tenha ou não tenha emprego. Ademais, os tópicos abaixo possuem presença marcante nas mídias sociais e diferentes plataformas de ensino. Busque sempre as confiáveis.

Fundamentos da Cadeia de valor digital

Ao tocar neste tema estamos abordando funções e processos que extrapolam os limites de uma organização. Desde o fornecedor até o cliente final. Como sobreviver em um mundo aonde a tecnologia vem com muita força em todos os processos empresariais, desde relacionamentos com fornecedores e troca de informações, passando por projeções de demanda, produtos de gestão e que tragam elementos de visibilidade na cadeia?

O mundo digital, ou 4.0 como muitos chamam, não é um projeto, e, sim, uma jornada.  É basicamente um modelo para digitalizar a cadeia de valor envolvendo uma rede de agentes ou “stakeholders” incluindo, também, as fábricas, fornecedores, comunidades, colaboradores e clientes. A iniciativa integra diversas áreas para digitalizar as operações de negócios, incluindo produção, desenvolvimento, logística, engenharia, tecnologia da informação, recursos humanos, vendas, marketing, entre outros. E a jornada é conjunta expandindo além dos limites da organização.

Mas que tipo de conhecimento é necessário para estar envolvido de alguma maneira neste tema? Trago aqui alguns assuntos que devem ser aprimorados. E cá entre nós, isto independe se sua empresa estar envolvida ou não com o tema da transformação digital. Antecipe-se e esteja um passo à frente.

– Integração da cadeia: A integração significa conectar os elementos da cadeia de valor, incluindo fornecedores, parceiros, clientes e as áreas internas da empresa. A integração possibilita uma comunicação mais ágil e eficiente, trazendo melhores resultados.

– Digitalização: A digitalização permite a transformação de processos manuais em processos digitais, através do uso de ferramentas tecnológicas como automação, robótica e inteligência artificial. Tais tecnologias permitem que as empresas otimizem custos, aumentem a eficiência e a velocidade das operações.

– Inovando a cadeia de valor: A inovação é essencial na cadeia de valor digital, uma vez que a tecnologia está sempre evoluindo e trazendo novas oportunidades de negócios. As empresas devem estar sempre em busca de novas tecnologias e maneiras de melhorar seus processos e produtos para manter-se à frente da concorrência. Não esqueçamos do que ocorreu com a Kodak, exemplo bastante característico, que, em função de uma cultura e arrogância e altamente dependente de seu produto, não percebeu a entrada de japoneses com câmeras fotográficas digitais e acabou indo à bancarrota.

– Segurança: A segurança é um elemento crítico na cadeia de valor digital, uma vez que as empresas lidam com informações e dados sensíveis de seus clientes, colaboradores e parceiros. É importante que as empresas adotem medidas de segurança adequadas para proteger esses dados e evitar violações de segurança. Portanto, é imprescindível aprofundar nossos conhecimentos nesta área também

Portanto, buscar conhecimentos voltados para cadeia de valor digital é uma forma de atualizar-se, uma vez que as tecnologias digitais transformam os processos de negócios em operações mais eficientes e eficazes, avaliando constantemente aspectos de inovação e modelos de negócios além de priorizar a segurança dos dados e informações envolvidos no ecossistema.

Experiência do Cliente

Outro tema imprescindível para buscar constante atualização se refere às fantásticas experiências com o cliente. Elas não ocorrem por acidente ou por acaso. Tais experiências resultam de pesquisas, conhecimento rigoroso de comportamentos, planejamento e execução das estratégias para oferecer melhores alternativas e possibilidades. Este é um tema para contínuo aprendizado e com visão mercadológica.

Mas Paulo, eu estou em Supply Chain, por que conhecer clientes e seus desejos? Simples. Por muito tempo, o “Supply Chain” tem desempenhado uma função secundária com relação a prover uma experiência diferenciada. Contudo, inteligentemente algumas organizações usam as competências da cadeia de abastecimento para melhorar esta estratégia. Multinacionais como Amazon, Mcdonalds, Unilever, Netflix e Apple são casos formidáveis. Mas mesmo domesticamente temos importantes exemplos para citar, como é caso da Magazine Luiza, Pão de Açúcar, Wine.com.br, Mercado Livre e Natura.

Contudo estar na vanguarda, hoje, não significa garantia de sucesso.  As influências na satisfação do cliente podem advir de situações mais corriqueiras às quais as empresas muitas vezes não dão o devido valor, como é o caso de uma entrega atrasada. Olha a logística aí, gente! Entregas realizadas no prazo alinham-se com as expectativas e encantam os clientes. É fisicamente e emocionalmente perceptível.

A logística, por exemplo, apresenta um alto volume de interações com os clientes. Contudo, muitas empresas não se deram conta disso. É necessário extrair valor deste relacionamento. Portanto, coloque o cliente no centro e crie oportunidades positivas. Viu a importância?

A sustentabilidade e a visão holística do Ecossistema

Gosto de explorar este tema. As empresas não podem fechar-se em seus quartos escuros. É essencial administrar todo o ecossistema – fim a fim, compartilhando informações dentro de um processo colaborativo e holístico. É primordial realizar a gestão de riscos olhando o todo. Não é apenas eficiência e agilidade que contam. No final das contas todos somos responsáveis dentro da organização, principalmente quando o assunto é sustentabilidade.

Avaliar tendências, vulnerabilidades e desconfiar que algo pode não dar certo é função de todos. Trabalho escravo, exploração infantil, produtos com má qualidade indo ao mercado e causando problemas de saúde têm sido o assunto do momento e um prato cheio para a mídia. Com isso reputação e imagem podem ser arranhadas. Processos bem estabelecidos devem ser colocados em prática para evitar tais acontecimentos.

E falemos também dos dados. Os dados de uma empresa podem não representar nada até o momento em que se transformem em informações que possibilitem a tomada de decisões. A capacidade de analisar dados e convertê-los em elementos de vantagem é que faz a diferença.

Muitas ferramentas estão disponíveis no mercado, desde entender demandas, otimizar estoques, visualizar em tempo real os recebimentos (inbound) e entregas (outbound), análises de qualidade até medir os níveis de serviço e o atendimento das expectativas. Como colaboradores não podemos permanecer alheios a esta realidade. Extremamente importante estar consciente destas necessidades, independentemente da função exercida na organização. Uma empresa que se preze envolve todo o ecossistema para evitar rupturas e riscos. Que tal investir tempo para conhecer mais esta realidade?

Modelos de negócios

Muitas vezes nos causam confusão os termos “cadeia de valor” e “modelos de negócios”. O termo cadeia de valor, enunciada por Michael Porter em 2005, refere-se às atividades que uma organização desempenha e como elas se relacionam, de tal maneira que gerem vantagens competitivas.

A cadeia de valor e as atividades individuais, formadas por macro funções como compras, produção, vendas e marketing, estão alinhados a uma estratégia, cujo objetivo principal é criar valor para os clientes e acionistas. Já o modelo de negócio descreve a lógica de criar, entregar e capturar valor por uma organização buscando formas e estratégias diferenciadas para competir. E aí vale a criatividade.

E existem muitos modelos que, a partir da tecnologia, passaram a ser criados. O modelo de negócios de AirBnB objetiva criar valor para os clientes oferecendo um serviço mais acessível de hospedagem. O Uber, iFood, Rappi, Amazon são outros exemplos. E há uma grande quantidade deles. Portanto, explorar modelos de negócios competitivos e criativos pode advir de diferentes perspectivas, como tecnológicas e de processos. E não necessariamente deve ser disruptivo. Uma boa dose de inovação que crie valor já é suficiente. Conhecer estes aspectos abre a mente, aumentando as perspectivas e os horizontes. Bora dedicar tempo para avaliar modelos de negócios? São muitos.

Demanda do mercado

Um assunto que, de certa forma, pode confundir-se com a experiência do cliente. Mas vamos tratá-lo separadamente.

Falar de “Supply Chain” orientado à demanda não é novo. Contudo, a disponibilidade gigantesca de dados apresenta a possibilidade de realizar importantes análises de comportamento dos mercados.  Os métodos convencionais para projetar as demandas, com base em históricos, comumente não refletem a realidade atual. As tecnologias baseadas em sensores conseguem monitorar, coletar e prover informações extremamente úteis. A análise inteligente dos dados coletados traz significativas melhorias das previsões, tornando-as mais precisas.

Os algoritmos, graças à inteligência artificial, permitem tratar com maior eficácia e agilidade as projeções para diferentes mercados e segmentos. Mas cuidado, continuam sendo projeções.

O “Machine Learning” (Aprendizado de máquina), ainda que seja uma tecnologia em evolução, pode realizar análises preditivas e projetar demandas com uma abordagem mais confiável, pelo entendimento dos padrões e comportamentos de compra e consumo, e antever as necessidades. Neste contexto se inserem também o aspecto de colaboração e compartilhamento de dados e informações entre as diversas partes do ecossistema de negócios. Uau. Que área fantástica para aprender um pouco mais.

Multicanalidade, não descarte este aprendizado.

Meu foco aqui é mais orientado à Supply Chain que ao marketing. “Omnichannel” é mais do que um jargão corporativo. É, sim, uma estratégia onde a empresa otimiza seu atendimento para se alinhar às expectativas e necessidades dos clientes e consumidores trabalhando de forma sincronizada entre os diferentes canais. Essa coordenação está presente fundamentalmente nos bastidores das operações de uma organização.

A abordagem de Omnichannel em Supply Chain passa a ter uma fantástica importância. Ela está atrelada à habilidade de mover produtos de maneira coordenada envolvendo as múltiplas formas de atingir os clientes. Significa alinhar as expectativas de planejar, produzir, administrar estoques e transportar. Isso só é possível com uma estratégia centrada no cliente. Imagine aí uma supernecessidade de possuir um S&OP – Planejamento de Vendas e Operações extremamente azeitado. Coloque neste contexto a execução. Primordial! Assunto importante a ser desbravado.

Competências

E, por fim, falemos de competências. Alinhamento total com o nosso tema da educação. A grande maioria das empresas não tem todas as respostas para as questões mais desafiadoras, apesar dos avanços e da criação de novos modelos de negócio, do desenvolvimento de produtos e serviços fantásticos, da tecnologia, do relacionamento colaborativo, dos programas de qualidade, das técnicas de just-in-time e do comércio eletrônico. Nunca foi tão necessário enfatizar as habilidades e as competências.

A força de trabalho passa a ser preponderante; a busca e o compartilhamento do conhecimento atualizado passam a ter prioridade. Imaginar que o conhecimento possa estar armazenado em um gigantesco banco de dados não traz vantagem competitiva, embora muitas organizações pensem que sim.

Além das competências funcionais, uma demanda cada vez mais crescente vem se mostrando importante: softskills. Esteja nos níveis de liderança ou não, os profissionais precisam se preparar melhor no que concerne ao lado emocional.  Nossas interpretações de mensagens subliminares enviadas pelas organizações são fundamentais.

Por exemplo, estar fora da zona conforto, chavão muito utilizado ultimamente, tem impactos que devem ser muito bem analisados. Enfim, a quem interessa estar fora da zona de conforto?  Gostaria que você refletisse sobre isso. Aprender a parte técnica é essencial, mas como comportar-se; as atitudes, comunicação, feedback são fatores importantes no dia a dia do trabalho. Todos somos líderes de alguma forma. Investir tempo neste quesito é imprescindível.

ENFIM…

Claro que não consegui cobrir todas as necessidades que gostaria. Mas mantenha em mente que o aprendizado deve ser contínuo. Aprender e reaprender constantemente. Estas são algumas dicas que devem ser consideradas no mundo digital e complexo que estamos vivendo.

Tem alguma ideia e quer compartilhar comigo? Estou no Linkedin. Me procure por lá e deixe sua mensagem. É sempre saudável! Você me acha neste link:  https://www.linkedin.com/in/paulobertaglia/. E me acompanhe também na Prosa com Bertaglia, o meu canal do Youtube – https://bit.ly/3BKHjJM – é uma fonte pra lá de confiável para seu conhecimento.

Aliás, na Prosa com Bertaglia, os negócios encontram a educação.

Baixe o eBook gratuito “Tendências em Supply Chain e Logística” neste link: Berthas – Soluções transformadoras para sua empresa: (https://www.berthas.com.br/blog)

Nos vemos por aí; no mundo virtual e, quem sabe, no presencial.

Ao infinito e além. Que a força esteja conosco.

Paulo Roberto Bertaglia Paulo Roberto Bertaglia

Fundador e Diretor Executivo da Berthas, empresa de consultora especializada em supply chain e cofundador da Aveso, organização que atua conectando o ecossistema de startups, investidores e empresas em busca de soluções. Atuou nas empresas: IBM, Unilever, Hewlett-Packard e Oracle. Ao longo da carreira tem se especializado nas áreas de Supply Chain Management, Gestão estratégica de Negócios, Liderança, Vendas e Terceirização de Serviços. Professor de pós-graduação em Logística, Gestão Estratégica de Negócios e Tecnologia da Informação. É Autor de vários livros, entre eles Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento – Editora Saraiva, 4ª edição – 2020. Realiza palestras de temas estratégicos, cadeia de abastecimento e liderança empresarial para empresas e instituições educacionais, além de consultorias e mentorias. É fundador da Prosa com Bertaglia, movimento voluntário para a educação cujo acesso é: https://bit.ly/3VW9Anp

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