Neste artigo, Leonardo Benitez, colunista do Portal Logweb, analisa as tendências que estão redesenhando o comércio internacional e a logística mundial. A partir dos principais achados do relatório do CSCMP, o autor destaca como a combinação de pressões econômicas, tensões geopolíticas e avanços tecnológicos está transformando as cadeias de suprimentos. Em um cenário marcado por incertezas, Benitez mostra por que resiliência, agilidade e capacidade analítica se tornam as competências essenciais para as cadeias vencedoras da próxima década.
Recentemente, tive a oportunidade de analisar o 2025 State of Logistics Report: Navigating Through the Fog, publicado pelo Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP). Nenhuma surpresa: um mundo de contrastes econômicos, tensões geopolíticas e transformações tecnológicas.
Mais do que eficiência, o desafio agora é resiliência e agilidade, qualidades que definirão as cadeias vencedoras na próxima década.
Um mundo de ritmos diferentes
A economia global segue em velocidades diferentes. Nos Estados Unidos, o crescimento deve ficar entre 1,7% e 1,8% em 2025, enquanto a Europa avança lentamente e a Ásia emergente segue acelerada, com 3,6%. Já a África ao sul do Saara e os países do Golfo também mantêm bom desempenho.
Essas diferenças se refletem nas políticas monetárias e aumentam a incerteza global, hoje comparável aos tempos da pandemia. O relatório mostra que os custos logísticos nos EUA subiram 5,4% em um ano, atingindo US$ 2,58 trilhões — um alerta sobre a pressão de custos em cadeias cada vez mais complexas.
Tecnologia: promessa e realidade
A Inteligência Artificial aparece como o grande divisor de águas. Ela pode elevar a produtividade e aumentar a visibilidade das operações, permitindo decisões em tempo real. Mas ainda há barreiras: escassez de chips, alto consumo de energia e infraestrutura limitada.
Mesmo assim, o avanço é inevitável — e quem não acompanhar, ficará para trás. A integração de IA, IoT e automação promete cadeias mais ágeis, conectadas e resilientes.
Mão de obra e migração
A escassez de trabalhadores segue como desafio global. Com políticas migratórias mais rígidas nos EUA e na Europa, o relatório estima que o PIB americano possa perder até US$ 110 bilhões em 2025.
A resposta das empresas? Nearshoring e offshoring, buscando produção em países próximos ou parceiros — algo que 93% das companhias dizem já considerar. E, claro, o avanço da automação e dos caminhões autônomos começa a ganhar espaço como alternativa para a falta de motoristas.
Geopolítica e novos fluxos globais

As disputas tarifárias entre grandes potências, especialmente EUA e China, continuam redesenhando o comércio mundial. A OMC prevê uma queda de 0,2% no comércio global e até 12,6% nas exportações norte-americanas.
O relatório mostra como as empresas estão reagindo: 36% adotando friendshoring (produção em países aliados) e 32% criando cadeias paralelas. Já a figura mostra o novo mapa do comércio:
– a América do Norte se fortalece internamente;
– a Ásia amplia laços com o Oriente Médio e a África;
– e a Europa reduz dependência da China.
São sinais claros de uma reconfiguração estrutural, menos global e mais regional, com foco em segurança e previsibilidade.
Conclusão O 2025 State of Logistics Report mostra que a volatilidade virou regra.
Eleições, tarifas, políticas migratórias e avanços tecnológicos seguirão mexendo nas engrenagens do comércio global.









