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Conteúdo 28 de setembro de 2023

BÊ-A-BÁ do Supply Chain

Afinal de contas, o que é “Supply Chain”? Apesar da crescente popularidade e importância do conceito, ainda há muita confusão, já que cada organização costuma ter sua própria definição.

Este artigo tem a pretensão de identificar os principais atributos de uma cadeia de abastecimento, para ajudar o leitor a chegar à sua própria definição.

 

  1. É uma rede
    Muitas empresas têm departamentos encarregados de diversas atividades relacionadas à cadeia de abastecimento, levando ao entendimento que se trata de uma função, mas, na verdade, é uma rede, formada de várias entidades, como ilustra a figura abaixo:

Figura 1

 

A estrutura da cadeia de abastecimento consiste, de uma forma geral, de fornecedores, fabricantes, distribuidores e varejistas, podendo ser mais ou menos complexa, dependendo da empresa e do mercado em que a mesma atua.

Gerir é: planejar, implementar e controlar. Gestão da cadeia de abastecimento, portanto, é o planejamento, a implementação e o controle dessa rede.

Outro equívoco comum é que a cadeia de abastecimento é igual à cadeia de valor. A figura abaixo demonstra de forma simplificada uma cadeia de valor:

Figura 2 

 

Como se vê, a cadeia de valor é formada por atividades internas à empresa, não formando uma rede. Conectando cadeias de valor individuais formamos “sistemas de valor”.

Figura 3

 

  1. A informação precisa fluir
    Outro atributo importante de uma cadeia de abastecimento é “o fluxo de materiais, informação e dinheiro”. Apesar dos 3 fluxos serem fundamentais, o de informação é o mais crítico, pois dele depende o planejamento de toda a cadeia.

Figura 4

 

Se dados sobre a demanda não forem compartilhados, cada entidade na cadeia vai planejar suas operações com base em especulações. Como se vê na figura acima, apesar de o varejista ter uma demanda de 100 unidades, cada entidade tende a manter mais estoques, capacidade ociosa ou prazos de entrega dilatados para se garantir contra incertezas, resultando em custos maiores e perda de eficiência em toda a cadeia.

Figura 5

 

  1. Coordenação é essencial
    O compartilhamento de informações requer um bom grau de coordenação (colaboração, integração). Em 1984, o setor de vestuário se uniu para criar formas de reduzir seus prazos de entrega. Em 1995, o setor automobilístico começou a usar EDI (Electronic Data Interchange) para compartilhar informações de forma mais fluida. Operar em rede é prática mundialmente consagrada.4. Evite objetivos conflitantes

Trabalhar em rede demanda objetivos comuns, o que nem sempre acontece, mesmo entre áreas da mesma empresa. Objetivos conflitantes são situações nas quais diferentes áreas ou entidades traçam objetivos antagônicos ou não condizentes entre si. Por exemplo, compras colocando pedidos com os fornecedores de menor preço, mas com prazos de entrega mais longos do que a produção necessita.

Para evitar objetivos conflitantes é necessário decidir por uma estratégia comum e alinhar todas as funções em torno da mesma, dando direcionamento claro à tomada de decisões.

5. Balancear custo e serviço
O conceito de equilibrar custo e serviço foi desenvolvido no início dos anos 1980, mas até hoje as empresas têm dificuldade de implementá-lo.

Figura 6

O aumento dos níveis de serviço geralmente gera aumento de custo e, ao reduzir custos, os níveis de serviço costumam ser prejudicados. A busca do equilíbrio entre ambos não é fácil e requer excelente compreensão do Custo Total de Propriedade.

6. Desenvolver relacionamentos de longo prazo

Para operar uniformemente o abastecimento, é imprescindível manter relacionamentos de longo prazo, ou as funções/entidades acabam por ceder à tendência de trabalhar com prioridades divergentes e frequentemente incompatíveis.

Em mercados onde há boa disponibilidade de fornecedores, uma matriz de portfólio como demonstrado na figura acima pode ser muito útil para definir a natureza do relacionamento mais adequado por cada categoria de insumo. Devemos concentrar tempo e energia para criar um relacionamento construtivo de longo prazo com fornecedores de insumos críticos ou com oferta limitada, pois eles podem fazer a diferença (para o bem ou para o mal) nos resultados.

Conclusão: a melhor forma de entender uma cadeia de abastecimento é ter claros os conceitos-chave: rede, 3 fluxos, coordenação, objetivos conflitantes, equilíbrio custo/serviço e relacionamento.

Elcio Grassia Elcio Grassia

Sócio Fundador e CEO da Nazar Systems, plataforma SaaS para digitalização da Cadeia de Abastecimento do Varejo Alimentar.

Vice Presidente da BSCA (Blockchain Supply Chain Association para o leste da América do Sul (Argentina, Brasil, Paraguay e Uruguay).

Sócio Consultor da Integrare Consulting, com foco em Logística e gestão da Cadeia de Abastecimento, tendo desenvolvido projetos para clientes como Ambev, Aqua Capital Partners, Banco Interamericano de Desenvolvimento, Burguer King, Cacau Show, Carapreta Carnes Nobres, Comfrio, Consórcio Rio Energia,  FEMSA, FGV Projetos, Global Environment Fund, WalMart / Intelligrated, Mendes Junior, Novus, Radhakrishna Foodland, Secretaria de Logística do Estado de São Paulo, The Fifties e Vale, entre outros.

45 anos de experiência em Logística, Supply Chain, Operações, Gerência Geral e Desenvolvimento de Negócios em empresas como Havi Global Solutions, McDonald’s Brasil e América Latina, Martin-Brower Brasil e Nestle Brasil.

“Board Emeritus”, ex-Channel Partner e ex-membro do Global Research Committee da ASCM – Association for Supply Chain Management.

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