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Conteúdo 8 de maio de 2024

A logística reversa frigorificada

A logística reversa é uma estratégia operacional fundamental que visa gerenciar o retorno de produtos e materiais desde o consumidor final até o ponto de origem, seja para reciclagem, reuso, descarte adequado ou outras formas de reaproveitamento. No contexto brasileiro, a implementação eficaz da logística reversa é crucial não apenas para atender às regulamentações ambientais cada vez mais rigorosas, mas também para promover a sustentabilidade e a responsabilidade socioambiental nas operações empresariais.

 

Conceito literal da Logística Reversa – É o processo de planejamento, implementação e controle da eficiência, custo efetivo do fluxo de matérias primas, estoques em processo, produtos acabados e o controle das ações do consumo para o ponto de origem (produção), com o propósito de recapturar o valor ou destinar à apropriada destruição. (Dale Rogers / Ronald Tibhen-Lembke – 1998)

 

O Conceito Empresarial – É a área da Logística Empresarial quem planeja, opera, controla o fluxo e as informações correspondentes ao retorno de bens pós-venda e de pós consumo ao ciclo do negócio ou ao ciclo produtivo, por meio de canais de distribuição reversa, agregando valores de natureza – Econômica, Ecológica, Legal, Logística, de Imagem Corporativa; entre outros. (Prof. Paulo Roberto Leite – 2006)

 

Como diferenciar a Logística Tradicional da Logística Reversa

 

Na logística tradicional, os processos estão centralizados na cadeia de abastecimento; ou seja, desde a produção até a distribuição física ao cliente. Toda essa operação tem sua eficiência focada em tecnologias, capacitação operacional e desempenho das equipes multifuncionais.

Na logística reversa, torna-se importante que todas as partes do Meio Social estejam envolvidas no processo; ou seja, produtores, fabricantes, Operadores Logísticos, transportadores, consumidores e, por fim, o Poder Público, que é quem define a regulação para essa atividade.

Na prática, a Logística Reversa caracteriza-se pela coleta e encaminhamento à reciclagem (ou outra destinação ambientalmente adequada) de produtos e seus resíduos após o consumo e descarte do consumidor final.

Foi somente a partir da Década de 90 que esse conceito começou a ser discutido e implementado por algumas empresas no Brasil, ainda de forma incipiente; iniciando com o recolhimento de embalagens de agrotóxicos, lixo hospitalar, medicamentos e embalagens de produtos químicos.

Com o crescimento do conceito da “sustentabilidade” nas empresas e da conscientização da população, outros produtos foram incluídos nessa lista, como lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias, componentes eletrônicos, embalagens plásticas, entre outros.

 

A legislação vigente sobre a Logística Reversa

 

No Brasil, a Resolução Nº 7.404, de 2010, implementou as normativas para a Logística Reversa, criando o PGRSPrograma de Gestão de Resíduos Sólidos, e através da Lei 12.305 de 2010, introduzida através do PNRS – Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que trata dos procedimentos e processos de retorno e destinação dos produtos e embalagens da Cadeia Produtiva.

Empresas que produzem os seguintes produtos devem ter canais de logística reversa por Lei no Brasil:

– Agrotóxicos;

– Pilhas e baterias;

– Pneus;

– Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

– Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;

– Produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

 

A logística reversa – cadeia do frio

 

A logística reversa na cadeia frigorífica é uma área específica da gestão da cadeia de suprimentos que se concentra no retorno de produtos, materiais e embalagens da ponta de consumo, de volta ao ponto de origem ou a outros destinos apropriados. Na cadeia frigorífica, que engloba o transporte, armazenamento e distribuição de produtos perecíveis e refrigerados com temperatura controlada, a logística reversa desempenha um papel crucial em garantir a eficiência operacional, reduzir desperdícios e minimizar impactos ambientais.

Para  a Cadeia do Frio, a Logística Reversa tem alguns componentes adicionais, que podem ser considerados como “pós-consumo”, pois são perecíveis, com prazos de validade controlados, produtos não comercializados por questões de qualidade assegurada (condições de temperatura, embalagens danificadas ou defeituosas, condições inadequadas de transportes e distribuição), que, de alguma forma, são devolvidos aos seus produtores/fabricantes para análise de reaproveitamento ou mesmo destinação adequada para descarte.

 

A Legislação para o Mercado Frigorificado – Cadeia do Frio

 

O que se observa no mercado logístico, incluindo aí o segmento frigorificado, é que Embarcadores, Operadores Logísticos, Armazéns Gerais e Empresas de Transportes avaliam a melhor forma de desenvolver essa atividade considerando a complexidade dos processos necessários para sua implementação.

Para o Segmento da Industria Farmacêutica que atua com temperaturas controladas na armazenagem, nos transportes e na distribuição dos seus produtos, o desenvolvimento da logística reversa na estrutura da Cadeia do Frio foi um dos setores mais impactados na adequação e na capacitação dos seus procedimentos, em razão da movimentação e operacionalização de produtos com temperatura variadas (vacinas, insumos e medicamentos etc.) que necessitam de um controle diferenciado, inclusive no processo da distribuição reversa.

Há de se destacar que a implementação da Logística Reversa para a Cadeia do Frio requer atividades diferenciadas na sua infraestrutura operacional, quando comparada a outros segmentos:

 

Infraestrutura necessária para operacionalização

– Centros de Distribuição preparados para receber os produtos retornáveis;

– Áreas de Triagem e Armazenagem especificas para acondicionamento dos produtos;

– Controle de Qualidade Assegurada responsável pela movimentação dos produtos;

– Transportes Frigorificados Especializados (rastreamento e monitoramento de cargas);

– Equipe Administrativa responsável pela tramitação documental das respectivas cargas devolvidas;

– Sistemas informatizados integrados aos sistemas do fluxo normal de distribuição;

– Treinamento e conscientização das equipes que irão operacionalizar tais processos.

 

Atividades operacionais dentro da Cadeia de Abastecimento (Supply Chain)

Atividades necessárias que necessitam ser desenvolvidas para que se possa obter a maior eficiência junto aos processos relacionados à logística reversa.

Manuseio de produtos retornados

– Defeitos/danificados

– Estoques sazonais

– Revendas/reposição

– Produtos vencidos

– Balanceamento de estoques

 

Reciclagem e reutilização

– Reutilização de materiais

– Produtos remanufaturados

– Reprocesso e restauração

– Descarte de produtos

 

Gestão & Controle de Resultados

 

Muito embora todos esses aspectos possam sugerir um aumento de custos operacionais nas empresas, verifica-se que os custos da Logística Reversa podem ser minimizados através do reprocessamento dos materiais retornáveis.

Para que isso possa ser viável são necessários estudos e avaliações das atividades-fim de cada empresa, de tal forma que não se perca a sua qualidade ou capacidade produtiva.

Com ações planejadas, busca-se otimizar a lucratividade e a economia de recursos, criando um balanceamento econômico nos resultados das empresas.

 

Mercado – Como está o desenvolvimento da Logística Reversa

 

No Brasil, o que se observa é que, ainda, a maior quantidade de material pós consumo acaba por ir para os aterros e lixões públicos. Podemos verificar que o país tem um desempenho pífio se considerarmos os dados obtidos recentemente:

 

– No Brasil, estima-se que 5,5% dos Custos Logísticos sejam destinados a logística reversa;

– O Brasil recicla somente 6,5% do seu potencial bruto de produtos;

– Possui credenciadas 1.900 Cooperativas de Catadores de produtos recicláveis. Essas Cooperativa estão em 1.200 Municípios dos 5.750 existentes no País;

– Somente 37% do papel produzido vai para o processo de reciclagem;

– Materiais como vidro têm reaproveitamento, pelas indústrias produtoras, que não chega a 40%;

– Latas de alumínio atualmente representam o maior volume de reciclagem, cerca de 97%;

– De acordo com levantamento do Business Insider, em torno de 25% a 30% das vendas de e-commerce são devolvidas, ao passo que para lojas físicas é da ordem de 9%;

– Segundo dados coletados pelo Jornal 24 Horas, o país é responsável por gerar 79,9 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano. Somente 3% deste total é reciclado.

– Estima-se que o Brasil atualmente perde cerca de R$ 8,0 bilhões anualmente com materiais que poderiam ser reprocessados ou remanufaturados.

 

Podemos concluir que a logística reversa desempenha um papel fundamental na cadeia logística frigorificada, ajudando as empresas a lidar de forma eficaz com os desafios relacionados ao retorno de produtos e materiais, enquanto promovem práticas sustentáveis e ambientalmente responsáveis.

 

Pesquisas & Créditos para que esse artigo fosse elaborado:

MMA – Ministério do Meio Ambiente

An Examination of Revival Logistics (Dale S. Rogen/Ronald Tibben-Lemke)

Logística Reversa – Meio Ambiente/Produtividade (Carla Fernanda Muellen)

A Logística Reversa (Prof. Paulo Roberto Leite)

Jornal 24 Horas/Business Insider

Ozoni Argenton Ozoni Argenton

CEO na OAJ Consult – Consultoria & Assessoria Empresarial. Executivo com sólida experiencia e atuação no segmento de Logística Empresarial e Logística Integrada, com Especialização em Logística Frigorificada – Cadeia do Frio. Como Executivo C-Level, atuou em empresas como: SPA – Santos Port Authority(CODESP), McLane do Brasil AS, Protege AS – Transportes & Segurança de Valores, Comfrio Soluções Logísticas AS, Martin Brower do Brasil SA, Philip Morris do Brasil AS, Danone Group AS. Membro do Conselho Executivo da ABRALOG – Associação Brasileira de Logística.

e-mail:oaj.consult@hotmail.com | Linkedin: linkedin.com/in/ozoni-argenton-junior-29ab8420

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