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Conteúdo 2 de agosto de 2024

A chegada do mercado chinês no Brasil: o que pensar sobre?

O olhar para a abordagem crescente da influência do mercado chinês no Brasil é um assunto que tem se tornado cada vez mais relevante, e agora já vem se mostrando a partir de exemplos práticos que movimentam o mercado, causando o espanto em alguns ou a sensação de “já imaginava que isso fosse acontecer” em outros. Um desses exemplos são os reflexos recentes oriundos do acordo entre o Magazine Luiza (Magalu) e o AliExpress.

O Brasil está se tornando cada vez mais a “bola da vez” para investimentos chineses, um fenômeno que não pode ser subestimado. Com uma economia diversificada e um potencial de mercado impressionante, o país apresenta oportunidades únicas para empresas globais expandirem suas operações e aumentarem sua presença internacional.

Segundo o G1, através de reportagem em junho deste ano, ações do Magalu disparam 12% após o acordo, em uma estratégia já sendo vista como: “se não pode vencê-los, junte-se a eles”, o que mostra não apenas a proporção do mercado chinês, mas o reconhecimento do tamanho para quem vê de fora e de estratégias combativas ou, aqui, de aliança, que vão surgindo a partir disso.

Quando duas potências do varejo unem forças, estão não apenas facilitando o acesso a produtos importados para o mercado brasileiro, mas também estabelecendo novos padrões de consumo e, certamente, para a logística e a entrega rápida e eficiente desses produtos em todo o país. Se ainda não é percebido como a logística será impactada com essa (e outras) fusões, é chegada a hora de também discutir sobre isso.

Um dos pontos que merecem reflexão sobre esse subtema são os desafios logísticos que surgem ao lidar com um volume tão grande e diversificado de mercadorias, o que vai exigir das empresas um aprimoramento das capacidades e infraestrutura para assegurar que o atendimento às demandas seja crescente. O caminho que se mostra é: ou inovar dentro de casa ou contar com parceiros logísticos que já fazem bem e que, ainda assim, precisarão avançar alguns níveis acima.

A entrada massiva de produtos chineses no mercado brasileiro não é apenas uma questão de comércio; é um testemunho do poder transformador da globalização e da interconectividade entre economias distintas. Para as empresas como um todo, principalmente as que dependem de serviços de logística, isso representa uma oportunidade de crescimento.

Além do comércio de bens de consumo, o impacto do investimento chinês no Brasil se estende a diversos outros setores da economia, incluindo infraestrutura, tecnologia e energia. A presença crescente de empresas chinesas não apenas estimula o desenvolvimento econômico local, mas também promove um intercâmbio cultural e tecnológico que enriquece a sociedade brasileira como um todo.

No entanto, não dá para ignorar os aspectos críticos da relação sino-brasileira, como as questões regulatórias, fiscais e ambientais que exigem um manejo cuidadoso e responsável por parte de todas as partes envolvidas. É essencial que as empresas operem com elevados padrões éticos, colaborando de maneira transparente com todas as autoridades e parceiros comerciais.

 

Inflexões globais que colocam o mercado brasileiro na mira

 

A relação complexa entre China e Estados Unidos também impacta diretamente essa dinâmica. As tensões comerciais e geopolíticas entre as duas potências têm ramificações globais, afetando mercados emergentes como o Brasil. A disputa por supremacia tecnológica e influência geopolítica adiciona uma camada adicional de incerteza às relações comerciais internacionais, exigindo que os países e empresas naveguem com cautela e estratégia nesse ambiente complexo.

Para o Brasil, a presença crescente de investimentos chineses não se limita ao setor de varejo. Projetos de infraestrutura, tecnologia e energia também estão na mira dos investidores chineses, trazendo consigo não apenas capital, mas também conhecimento e expertise que podem acelerar o desenvolvimento econômico e tecnológico do país. Esses investimentos são especialmente cruciais em um momento em que o Brasil busca modernizar suas infraestruturas e impulsionar a inovação em diversos setores-chave.

No contexto global, a necessidade do mercado chinês de expandir seus negócios reflete um desejo por diversificação e acesso a novos mercados consumidores. À medida que a China busca reduzir sua dependência de mercados tradicionais e diversificar suas fontes de receita, países como o Brasil se destacam como destinos estratégicos de investimento devido à sua vasta base de consumidores, recursos naturais e potencial de crescimento econômico.

Portanto, a chegada do mercado chinês ao Brasil é um desenvolvimento multifacetado que exige uma abordagem equilibrada e estratégica por parte das empresas, governos e sociedade civil. Enquanto as oportunidades são abundantes, é crucial gerenciar os desafios com responsabilidade e transparência, garantindo que todos os envolvidos possam colher os benefícios dessa nova fatia de mercado que parece aumentar gradativamente com o passar do tempo. Certamente, não será a primeira aproximação.

Em suma, o futuro das relações econômicas entre China e Brasil está repleto de promessas e desafios. A cooperação econômica e comercial entre essas duas potências pode não apenas impulsionar o crescimento econômico, mas também fortalecer os laços bilaterais e promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo que beneficie ambos os países e suas populações.

É sempre bom salientar: aprimorar a logística é fundamental diante da convergência dos mercados chinês e brasileiro. A aliança entre empresas como Magazine Luiza e AliExpress não apenas amplia o acesso a produtos, mas também impulsiona novas demandas logísticas e operacionais. É importante que a logística interna do Brasil não se esqueça disso.

É essencial que as empresas brasileiras também invistam em infraestrutura e tecnologia para garantir eficiência na distribuição e entrega, adaptando-se aos novos padrões de consumo e exigências do mercado globalizado. Além disso, parcerias estratégicas com provedores logísticos podem ser cruciais para enfrentar os desafios de escala e diversidade de produtos. O sucesso dessa integração dependerá da capacidade do Brasil em modernizar suas cadeias de suprimento, garantindo que estejam preparadas para suportar o aumento significativo do comércio internacional entre as duas nações.

Antonio Wrobleski Antonio Wrobleski

Especialista em logística, presidente da BBM Logística, sócio e conselheiro da Pathfind. Engenheiro com MBA na NYU (New York University) e também sócio da Awro Logística e Participações. Ele foi presidente da Ryder no Brasil de 1996 até 2008. Em 2009 montou a AWRO Logística e Participações, com foco em M&A e consolidação de plataformas no Brasil. Foi Country Manager na DHL e Diretor Executivo na Hertz. O trabalho de Antonio Wrobleski tem exposição muito grande no mercado Internacional, com trabalhos em mais de 15 países tanto no trade de importação como de exportação. Além disso, ele é faixa preta em Jiu-jítsu há 13 anos e pratica o esporte há 30 anos.

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