Madeira, aço, plástico, OSB, papelão, os materiais são os mais diversos e variam de acordo com as aplicações na indústria ou no comércio. Afora os materiais construtivos, os paletes podem assumir ainda algumas variações no tamanho, altura, quantidade de ripas, face simples, face dupla, tipo folha e outras características visando adequar-se ao melhor uso, ambiente, armazenagem tipo de movimentação ou até facilitar o descarte.
Se considerarmos o palete como uma referência “restritiva volumétrica” ao desenvolvimento de embalagens, temos neste modal um importante aliado na padronização de volumes para o transporte, cujo objetivo máximo a ser buscado é o adensamento de carga, ou seja, carregar mais no mesmo m3 disponível. Este referencial pode ainda estender sua aplicação desde a armazenagem e movimentação interna até a exportação ou distribuição da carga ao cliente final.
É comum encontrarmos cargas paletizadas dentro do supermercado, disponibilizando o produto em caixas tipo display pronto para o manuseio do cliente final, seja na ponta de gôndola como na saída de caixa, facilitando a reposição do produto e manuseio em toda a cadeia.
Estes usos, porém, exigem planejamento e colaboração intensiva de vários elos da cadeia de suprimentos, do engenheiro de embalagens na indústria até o cliente de varejo, fornecendo especificações, limitações e restrições do processo, tais como peso máximo por palete, altura limite, permissões para excessos laterais, uso de cintas ou cantoneiras para travamento da carga, ou mesmo uso de outras tecnologias para contenção destas.
Nos casos de empilhamento colunar (quando as caixas estão sobrepostas exatamente sobre suas quinas, parte mais resistente da caixa, formando colunas perfeitas, sem amarração ou entrelaçamento de camadas), temos a melhor opção em termos estruturais da caixa, porém a pior situação em termos de estabilidade da carga sobre o palete, exigindo o uso de artifícios para travamento e estabilização, como anteriormente citados.
Já o entrelaçamento de camadas permite a amarração e estabilização da carga sobre o palete, garantindo sua firmeza sem o uso de outros artifícios, reduzindo o custo com materiais de embalagem acessórios. A desvantagem está na menor resistência das caixas ao empilhamento por usar como suporte uma área mais frágil da caixa.
Existem casos em que a disposição das caixas sobre o palete (diagramação da carga ou criação dos mosaicos) fica tão complexa, que as melhores opções só são encontradas mediante aplicação de muita matemática, estes casos têm seu uso prejudicado se a paletização é efetuada por robôs, com limitações para mosaicos complexos, ou mesmo manualmente, pois o operador deve lembrar complexos diagramas, perdendo em velocidade no processo.
Cada cor de caixa indica o giro do eixo desta em relação às outras, vemos 4 blocos de caixas no mesmo lastro, maior complexidade de paletização, porém um elevado índice de aproveitamento cúbico da carga (936 cxs/palete).
2 blocos de caixas por lastro, menor complexidade de paletização, porém um índice inferior de aproveitamento cúbico (918 cxs/palete).
Isso significa que a cada movimentação de palete leva-se 18 caixas a menos, a cada 51 paletes movimentados, perde-se um cheio… esse trade-off entre velocidade de paletizar e volume movimentado deve ser analisado de perto, pois para produtos de alto giro, a perda ao final de um ano é brutal, sem falar em outros impactos na armazenagem, espaço de piso utilizado, mão de obra, CO2…
Uma das restrições que mais causam problemas no uso do palete é a altura máxima de carga versus carregamento em veículos. Por exemplo, em geral, as estanterias permitem paletes com carga até 1400mm, porém estes mesmos paletes não podem ser remontados (empilhados) dentro de um veículo (1400 + 1400 = 2800mm) com restrição de altura de 2600mm. É em casos como estes que se “perde para ganhar”, tirando altura da carga sobre o palete, pode-se ganhar duas vezes, aumentando-se o empilhamento dentro do veículo, adensando a carga e ainda reduzindo-se a gramatura do papelão necessário para suportar um empilhamento de 2800mm para 2600mm.
Palete com altura que permite o remonte (empilhamento de outro palete)
Veículo com carga paletizada em duas alturas, com ótimo adensamento e ocupação volumétrica.
Fica fácil ver porque o palete, não importa o material constitutivo, é o preferido para padronizar e otimizar a armazenagem e a movimentação de cargas. Por suas características e poder de padronização, consideramos que o palete está na base do processo logístico, suportando demandas e conferindo características ótimas aos processos logísticos mais exigentes, porém planejar é preciso e a cada novo produto as demandas mudam.
Luís Maurício Gardolinski – Diretor da Startrade Comércio e Logística; Professor de Logística na TEC PUC-PR; Especialista em Administração e Comércio Exterior. startrade@startrade.com.br









