Por Alexandre Gera*
Não há como negar, a tecnologia tem reinventado todas as esferas da economia. Quando pensamos no segmento do comércio exterior, exportadores, importadores e prestadores de serviços, incluindo os desenvolvedores de software, que praticamente viraram commodities de tantas opções que são ofertadas no mercado, apontam novas tecnologias como fatores cruciais para diversas mudanças na área.
Para quem inova no segmento de comex há décadas, incluindo uma profunda e ampla experiência no ecossistema das startups, sabe que a verdade não é bem essa. Afinal, ninguém conta sobre os vários tipos e estratégias de inovação que existem e sobre como funciona, ao longo dos anos, cada processo tecnológico e de compliance.
Para se ter uma ideia, durante décadas, a inovação desenvolvida poderia ser apelidada como algo “fechado”, visto que era aquela inovação que “acontecia no laboratório secreto”, onde “nem a esposa do desenvolvedor sabia o que ele fazia” – chamada oficialmente de Pesquisa & Desenvolvimento. No entanto, com a chegada das startups ao mercado, o cenário mudou, de modo que o conceito de inovação passou a ser “aberto”, daí a expressão em inglês “Open Innovation”.
Entendendo o conceito de Open Innovation
Open Innovation, que significa “inovação aberta” em uma tradução direta, faz uma alusão clara ao oposto da inovação fechada, ou seja, no processo de criação, o mercado, os clientes e até mesmo os concorrentes são consultados. É como se fosse uma “inovação sem muros”. Ao analisarmos a diferença entre os dois conceitos, um ponto em destaque está na postura das desenvolvedoras. Isso porque muitas empresas fazem marketing, mas acabam não entregando inovação real para o mercado, aquela que os clientes realmente sentem no dia a dia.
Nesse sentido, muitas companhias insistem em oferecer soluções e processos obsoletos, que gera pouca transformação no cotidiano das operações. Ao invés disso, parecem preocupadas em controlar as demandas dos profissionais, garantindo uma inovação aberta somente dentro de “laboratórios secretos”.
A influência dos softwares para o comércio exterior
Outros pontos considerados vitais para a inovação real no mundo de comércio exterior são as técnicas de criação dos softwares. A grande maioria do mercado usa o modelo monolítico, em que as funcionalidades são integradas uma com a outra, criando um mar de algoritmos engessados. Já o modelo chamado de Arquitetura de Microsserviços é mais indicado para o futuro, uma vez que as funcionalidades desse sistema são interconectadas, ou seja, elas simplesmente se falam e são abertas para trocar dados com outros softwares externos.
Vale reforçar que trazer inovação, de fato, ao comércio exterior é um grande desafio, mas que muitas instituições têm dedicado esforços para mudar esse cenário. Existem hoje diversas startups que oferecem soluções que revolucionam a maneira de operar dos profissionais da área. Há, ainda, plataformas que tratam a Gestão e a Orquestração Digital de negócios, processos e softwares de comércio exterior e que foram criadas a partir de consultorias especializadas em inovação para o segmento de comex.
Outro ponto de destaque nesse processo de inovação são as desenvolvedoras clássicas, que apostam em centros fomentadores e marketing. No entanto, ao contrário dos dois primeiros tipos, as clássicas acabam tendo mais dificuldade para serem rápidas diante de um futuro incerto, incluindo os riscos diante das novas cepas de um vírus mortal que trava as economias.
Deste modo, traçar novas estratégias, aliadas a tecnologias de ponta, é fundamental para impactar e gerar inovação e desenvolvimento para o comex brasileiro.
*Alexandre Gera é founder e CEO do DigiComex. O executivo conta com mais de 25 anos de experiência no segmento de softwares de comex, incluindo passagens pela Vastera (ex Bergen), Softway (atual Thomson Reuters) e Sonda IT com o aplicativo SAP-CE.