A cadeia logística farmacêutica no Brasil

08/11/2023

O desenvolvimento do setor farmacêutico no Brasil tem sido marcado por avanços recentes nas últimas décadas, mas também por desafios persistentes. Aqui estão algumas dicas sobre o estado atual do setor:

O faturamento da indústria desse segmento aumentou 16,30% ao longo do ando de 2022, com movimentações financeiras que ultrapassaram a marca de R$ 146,0 bilhões;

– Brasil no topo do ranking

O Brasil é o principal mercado farmacêutico da América Latina e responde por cerca de 2% da economia mundial.

7% dos maiores varejistas mantêm suas operações no Brasil; 

– Das 300 maiores empresas do varejo nacional, 21 são farmácias e drogarias (7% do total).

O Brasil conta com quase 89 mil Farmácias privadas, mais de 10.700 estabelecimentos públicos, 4.500 distribuidoras de produtos farmacêuticos, 62 importadoras de medicamentos e 464 indústrias do setor.

 

 

 

 

A cadeia logística no brasil – Segmento farmacêutico

 

 

 

O crescimento do Mercado Farmacêutico tem apresentado uma evolução constante ao longo dos últimos anos; e com tendências de continuidade nesse desempenho.

 

 

Ou seja, o crescimento nos últimos 05 anos (período de 2018 a 2022) foi da ordem de 62,0%.

 

O Faturamento das Indústrias Farmacêuticas no período foi de:

– 2022 = R$ 146,7 Milhões

– 2021 = R$   90,5 Milhões

 

A Indústria farmacêutica operou no mesmo período com sua capacidade instalada em 78,7%.

A distribuição dos segmentos comercializados foi:

– Clínicas/Hospitais = 74,10%

– Varejo Farmacêutico = 55,20% (Farmácias/Drogarias)

 

Um fato relevante que pudemos constatar quando dos nossos estudos sobre o segmento foi que a automedicação no Brasil representou, em 2022, cerca de 49% das vendas de medicamentos nas Farmácias e Drogarias.

 

O VAREJO NO BRASIL tem apresentado um crescimento semelhante ao da Indústria, conforme podemos observar:

 

 

 

 

 

Desta forma, podemos destacar as “tendências futuras” desse segmento para o Mercado Brasileiro, para os próximos anos:

– Prescrição Eletrônica na Farmácia;

– Serviços Farmacêuticos (Exames Laboratoriais, Vacinação, Programas de Saúde, Farmácia Popular);

– Dermocosméticos e Produtos de Higiene;

– Tecnologia para automatização do paciente Fidelização;

– Farmácia enquanto Centro de Saúde;

Fontes Pesquisas:

SINDUSFARMA, ABEPRO, ABIQUIM, NVEST SP, Guia das Farmácias

 

Mercado Farmacêutico – Operadores Logísticos

 

Para que os Operadores Logísticos estejam aptos a operar no segmento farmacêutico, é necessária, por parte das empresas, uma série de certificações e capacitações técnicas que são exigidas pelas Agências Reguladoras;

– ANVISA – Agência de Vigilância Sanitária (RDC 430/653);

– Secretária de Higiene e Sanitária (Estadual/Municipal);

– Certificação de Boas Prática de Armazenagem, Movimentação e distribuição;

– Certificado de Regularidade/Responsabilidade Técnica;

– Certidões ISO – 9001 /14001 / 20000-1 (Opcionais);

– Suporte Técnico – SINDUSFARMA, ABIFARMA, ABIQUIM.

Fontes:

SINDUSFARMA, ABIFARMA, IQVIA, ABIQUIM

Pesquisas: OAJ Consult

 

Um ponto importante a se destacar nas operações do segmento farmacêutico no Brasil são as “taxas tributárias” para empresas e operadores que atuam nesse mercado.

– Segmento Pessoal = 31,70%

– Segmento Animal = 13,10%

 

O mercado farmacêutico – Operadores Logísticos

Capacidade Instalada Frigorificada = 4.065.000 m3

Capacidade em Posições-paletes = 916.00 posições-paletes

Número de Unidades Operacionais = 95 Centros de Distribuição

Operadores com Recinto Alfandegado = 03 Empresas

Capacidade Estática = 228.500 m3

Em posições-paletes = 35.000 posições-paletes

 

Nota:

80% das operações logísticas estão concentradas em 20% dos Operadores Logísticos Certificados no BRASIL, de acordo com as regulamentações e exigência necessárias.

Fontes:

Maiores Operadores Logísticos no Brasil

Pesquisas: OAJ Consult

 

O transporte de fármacos no Brasil

 

O Modal de Transporte Rodoviário, que atualmente é utilizado no Brasil, apresenta as seguintes características:

 

Frota Nacional – Veículos Transportes

Dados referente ao Ano de 2022, levantados junto a SENATRAN (Secretaria Nacional de Trânsito – MINFRA) para o TRC (Transportes Rodoviário de Cargas):

Frota de Veículos Brasil = 2.000.000 un.

– Frota de Veículos Frigorificados em Operação = 447.000 unidades

– Certificados = 22,3% (*)

– Empresas de Transportes Certificadas para operar no Segmento Fármacos = 850

 

(*) Considerados: Carretas Baús, Trucks, Reboques, Semirreboques, Vans e Furgões Utilitários, com Equipamentos de Refrigeração

 

A Idade Média da Frota que opera no TRC no Brasil possui as seguintes características:

Idade Superior a 14 anos = 13%

– Idade entre 14 e 10 anos = 45%

– Idade entre 10 e 05 anos = 35%

– Número menor de anos = 7%

 

O perfil do transportador frigorificado para o segmento

 

As empresas do segmento farmacêutico (indústrias, embarcadores, distribuidoras) têm exigido, para a contratação dos transportes de produtos para o segmento, requerimentos como:

– Certificações Técnicas dos equipamentos utilizados (baús isotérmicos, equipamentos de refrigeração de última geração, gestão de temperaturas, gestão de riscos de cargas);

– Monitoramento e Rastreabilidade das rotas (transferências, distribuição e last mile);

– Idade Média da Frota de Veículos não superior a 05 anos.

 

Para atender a demanda do segmento farmacêutico, identificamos o Perfil do Transportador:

– Transportes de Produtos Fracionados = 10,0%

– Transportes de Cargas Consolidadas (Transferência e Distribuição) = 6,5%

 

CAUSAS

Idade média da frota;

– Cadeia de fornecimento insumos com alta dependência do dólar (US$);

– Infraestrutura de Transportes no Brasil (rodovias, suporte técnico e operacional);

– Custos Operacionais

– Combustível, Pneus, Peças, Equipamentos

– Seguros, Embalagens, Mão Obra, Capacitação Técnica;

 

Reflexos

– 50% das vacinas transportadas chegam ao destino já deterioradas;

– Demanda de frete para transportes frigorificados para o segmento de fármacos abaixo da demanda de mercado;

– Necessidade de investimentos na renovação da frota;

– Desenvolvimento de uma política de remuneração de fretes diferenciada para o segmento farmacêutico;

– Definição de políticas públicas voltadas para a regulação do Setor de Transportes para o segmento frigorificado.

 

Custos logísticos na cadeia produtiva

 

Os custos logísticos no Brasil no Ano de 2022, foram da ordem de 13,3%, conforme observamos:

 

 

 

Estes custos estão distribuídos da seguinte forma:

– Custos de Armazenagem (produtos) = 13,0%

– Custos de Transportes e Distribuição = 60,5%

– Custos Administrativos = 6,0%

– Custos Diversos – Impostos, Juros, Seguros, Depreciação de Ativos e Obsolescência = 20,5%

 

O percentual dos Custos Logísticos em relação à Receita Liquida apresenta a seguinte proporção:

Média Geral – Transportes = 5,0%

Armazenagem = 2,0%

Estoques/outros = 2,0%

 

No Segmento Farmacêutico – Transportes = 3,0%

Armazenagem = 2,0%

Estoques/outros = 3,0%

 

Diferenciais para o Operador Logístico

– Agregar valor às operações – Expertise Operacional e Níveis de Serviços diferenciado;

– Alto nível de excelência nos seus processos – Necessários para conseguir as licenças exigidas para o segmento;

– Responsabilidade Técnica (Farmacêutico) – Implementação dos controles de qualidade assegurada, capacitação, treinamento/qualificação de BPFM (boas práticas de fabricação e manuseio);

– Inovação – Agilidade na customização, modernização e interfaces de processos (comerciais, administrativos, operacionais, estratégicos);

– Precisão na armazenagem de medicamentos – Controles de Inventários Cíclicos e Gestão de Estoques;

– Inspeções rigorosas periódicas – Possuir e manter Licenças e Protocolos dos Órgãos Reguladores: Anvisa, Vigilância Sanitária Municipal e Estadual, Exército, Polícia Federal e Civil, Cetesb e Ibama;

– Sinergias em tecnologias com a Indústria Farmacêutica – Logística Colaborativa, Inovação Tecnológica;

– Logística Reversa – Estar preparado para desenvolver o conceito e a implementação dos processos operacionais em sua cadeia de abastecimento;

– Política de ESG – Ter desenvolvido e implementado os conceitos e processos de Governança Corporativa, como diferencial da empresa.

 

Conclusões

 

O desenvolvimento do setor farmacêutico no Brasil tem sido marcado por avanços significativos nas últimas décadas, mas também por desafios persistentes. Aqui estão algumas conclusões sobre o estado atual do setor:

Crescimento da indústria: A indústria farmacêutica brasileira tem experimentado um crescimento constante, impulsionado pelo aumento da demanda por medicamentos devido ao envelhecimento da população e à maior conscientização sobre a saúde. Isso resultou em um mercado interno robusto e em uma maior produção local de medicamentos.

Mercado diversificado: O Brasil possui um mercado farmacêutico diversificado, com uma variedade de empresas, desde multinacionais até pequenas e médias indústrias. Isso tem promovido a competição e a inovação no setor.

Investimentos em pesquisa e desenvolvimento: Algumas empresas farmacêuticas no Brasil têm investido em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para criar medicamentos e produtos de saúde inovadores. No entanto, o nível de investimento em P&D ainda é considerado baixo em comparação com outros países.

Desafios regulatórios: O setor enfrenta desafios regulatórios relacionados à aprovação de novos medicamentos, processos de registro e regulamentação de preços.

Dependência de importações: Apesar do crescimento da produção local, o Brasil ainda depende da importação de muitos ingredientes farmacêuticos ativos (IFAs) e produtos acabados, o que torna o país vulnerável a flutuações cambiais e interrupções na cadeia de suprimentos global.

Desenvolvimento de biotecnologia: O setor farmacêutico no Brasil tem demonstrado interesse crescente na pesquisa e no desenvolvimento de medicamentos biotecnológicos, uma área que promete avanços significativos no tratamento de várias doenças.

Pandemia de COVID-19: A pandemia acelerou a produção local de medicamentos e vacinas no Brasil, evidenciando a capacidade da indústria farmacêutica de se adaptar e colaborar em momentos de crise de saúde pública.

Em resumo, o setor farmacêutico no Brasil está em constante evolução, com oportunidades de crescimento e desafios a serem enfrentados. Investimentos em inovação, regulamentação mais eficiente e políticas de acesso a medicamentos são áreas importantes que podem impulsionar ainda mais o desenvolvimento do setor no país.

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Ozoni Argenton

Ozoni Argenton

CEO na OAJ Consult – Consultoria & Assessoria Empresarial. Executivo com sólida experiencia e atuação no segmento de Logística Empresarial e Logística Integrada, com Especialização em Logística Frigorificada – Cadeia do Frio. Como Executivo C-Level, atuou em empresas como: SPA – Santos Port Authority(CODESP), McLane do Brasil AS, Protege AS – Transportes & Segurança de Valores, Comfrio Soluções Logísticas AS, Martin Brower do Brasil SA, Philip Morris do Brasil AS, Danone Group AS. Membro do Conselho Executivo da ABRALOG – Associação Brasileira de Logística.

e-mail:oaj.consult@hotmail.com | Linkedin: linkedin.com/in/ozoni-argenton-junior-29ab8420

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