Neste artigo, o colunista do Portal Logweb Ozoni Argenton aborda como o setor frigorificado pode se tornar mais competitivo e sustentável com a adesão ao Mercado Livre de Energia, destacando ganhos de eficiência, redução de custos e avanços em gestão energética.
A cadeia do frio no Brasil vive um momento diferenciado no segmento logístico, onde seu crescimento nos últimos anos tem se mantido estável.
Recentemente pudemos debater junto aos executivos da Tendência Energia as oportunidades e os desafios do segmento frigorificado diante da abertura do Mercado Livre de Energia (MLE), um tema que mobiliza empresas, Operadores Logísticos e consumidores Industriais, na busca de uma gestão energética mais eficiente e sustentável.

Panorama da cadeia do frio
O setor de logística fria engloba uma capacidade instalada (2024) da ordem de 25,4 milhões de m3 (metros cúbicos), considerando desde pequenos supermercados até grandes centrais de distribuição e indústrias frigoríficas, e cerca de 8000 a 12.000 operadores de médio e pequeno portes (supermercado, varejo alimentar, redes de fast food e foodservice, dark kicthens, restaurantes etc.).
Desta cadeia alimentar e de abastecimento, somente 5% aderiram ao Mercado Livre de Energia – deixando um potencial econômico entre R$ 2 e R$ 4 bilhões ao ano sobre a mesa.
Um ponto que merece reflexão é por que a maioria dessas empresas ainda não aproveita essa oportunidade estratégica?
Aprendizados e cases inspiradores
Segundo estudos e levantamentos efetuados pela Tendencia Energia, a eficiência energética nunca foi tão relevante. Hoje, cerca de 70% dos custos energéticos de uma unidade operacional estão associados à refrigeração, representando até 23% do custo total operacional. Por isso, a decisão de migrar para o Mercado Livre de Energia oferece ganhos que vão além da redução de custos, como previsibilidade de despesas, possibilidade de contratos flexíveis e, principalmente, acesso a energia 100% renovável – fator crucial para as políticas de ESG e competitividade internacional.
A gestão da performance de maneira eficiente vai além do contrato: plataformas de monitoramento em tempo real, relatórios periódicos e suporte especializado garantem ao gestor a transparência, agilidade e qualidade na tomada de decisão.
Barreiras e recomendações para o setor
A baixa adesão ao Mercado Livre decorre, principalmente, da falta de informação e iniciativa. Muitos empresários ainda consideram essa alternativa restrita a grandes players, desconhecendo vantagens como previsibilidade de custos, imunidade às bandeiras tarifárias e consultoria especializada. Outro ponto crucial é a estruturação interna para gerir contratos, acompanhar consumo e alinhar indicadores de sustentabilidade.
Reforço, como gestor, que a busca pela eficiência requer profissionais capacitados, adoção de tecnologia e automação para garantir flexibilidade e adaptação – principalmente diante das mudanças regulatórias e da expansão do mercado para consumidores de baixa tensão e, em breve, pessoas físicas.
Caminho para a transformação
A evolução da Cadeia do Frio está diretamente relacionada à inovação na gestão de energia. O futuro reserva abertura ainda maior do Mercado Livre, ampliação do uso da energia renovável e avanço em certificações internacionais. É hora de transformar desafios em oportunidades, educar o mercado e promover informações claras e objetivas. Esse é o compromisso dos especialistas, gestores e parceiros do setor, focados em garantir a segurança, a sustentabilidade e a competitividade do segmento frigorificado.
“A gestão energética eficiente é diferencial estratégico e competitivo para todos os Operadores Logísticos do frio. O momento é de transformação, e quem sai na frente colherá os melhores resultados.”
A utilização do Mercado Livre de Energia (MLE) na Cadeia do frio poderá trazer grandes benefícios econômicos e operacionais, especialmente porque esse setor é intensivo em consumo de energia elétrica – devido ao uso constante de sistemas de refrigeração, climatização e congelamento.
Para que se possa ter a utilização e implementação do MLE na Cadeia do Frio, demonstramos o processo a ser seguido, além de abordar as vantagens, cuidados especiais e requisitos legais.
O que é o Mercado Livre de Energia?
O Mercado Livre de Energia é um ambiente no qual consumidores podem negociar livremente o fornecimento de energia elétrica utilizada em suas operações logísticas com as Concessionárias, Geradores e comercializadoras, escolhendo:
– A Concessionária fornecedora de energia;
– O tipo de energia (ex: energia renovável);
– O preço da energia a ser utilizada (contratada);
– A quantidade ser contratada (demanda);
– O prazo de vigência do Contrato de Fornecimento.
É importante salientar que a energia contratada através do MLE possui características contratuais diferentes em relação ao Mercado Cativo, onde as negociações das tarifas junto as Distribuidoras seguem um padrão definido pela ANEEL.
Como utilizar o Mercado Livre de Energia na Cadeia do Frio
1. Verificar a elegibilidade da unidade consumidora
A Cadeia do Frio pode ser composta por diversos tipos de instalações (Centros de Distribuição, armazéns frigorificados, supermercados, indústrias alimentícias etc.).
Para que essas empresas venham a utilizar-se do MLE, é necessário que:
– Consumidores convencionais tenham demanda contratada a partir de 500 kW (grupo A).
– Desde 2024, qualquer consumidor do grupo A (alta tensão) pode migrar para o mercado livre – inclusive pequenas empresas, data centers e centros logísticos.
– Se você estiver no Grupo B (baixa tensão), ainda não poderá migrar, mas há propostas de novas regulamentações desse mercado em andamento para que possa ser ampliado o direito de utilização por este segmento.
2. Contratar um agente varejista
Empresas menores ou que não queiram lidar com a burocracia do mercado podem contratar um comercializador varejista (opcional, mas comum), que atua como intermediário no desenvolvimento do processo burocrático (documentação/negociação). Isso, para empresas que não dispõem de estrutura administrativa especializada, facilita o processo e reduz os encargos regulatórios.
3. Fazer a medição com equipamentos adequados (SMF)
É necessário possuir um Sistema de Medição para Faturamento (SMF) homologado pela Distribuidora. Isso permite o acompanhamento do consumo em tempo real e a contabilização correta junto ao Mercado Livre.
4. Firmar contratos bilaterais de compra de energia
Negocia-se com Empresas Geradoras ou Comercializadoras:
– Preço da energia (R$/MWh);
– Indexador (IPCA, IGP-M, PLD, etc.);
– Quantidade de energia;
– Prazo do contrato (1 a 10 anos, em geral);
– Fonte da energia (renovável, convencional, incentivada).
5. Economizar e monitorar
A redução de custos pode chegar a 30% a 40% dependendo do perfil de consumo e do contrato firmado. Além disso, com maior previsibilidade orçamentária, é possível melhorar o planejamento logístico e financeiro da operação da cadeia do frio.
Conclusão
Entrar no Mercado Livre de Energia pode transformar a Cadeia do Frio em um sistema mais eficiente, sustentável e econômico.
Contudo, é fundamental:
– Fazer um estudo técnico do consumo
– Avaliar os riscos do mercado
– Contratar parceiros com experiência (consultorias, comercializadoras, agentes varejistas)
Para que nossos profissionais de logística compreendam melhor o funcionamento do Mercado Livre de Energia (MLE), disponibilizamos abaixo o link de acesso ao conteúdo, em parceria com o time da Tendência Energia.
Tema: Mude sua forma de contratar energia. Inovação e confiança na gestão energética da Cadeia do Frio.
Clique aqui para o Podcast Tendência Energia.










