Combustível, manutenção e mão de obra: os três maiores custos da logística e como a telemetria ajuda a controlá-los

Por Vinicius Callegari*

Os custos com combustível, manutenção e mão de obra representam os três maiores desafios financeiros da logística, e para enfrentar esse trio de forma eficaz, muitas empresas têm recorrido à telemetria como aliada estratégica. O combustível, por ser um dos itens mais voláteis e onerosos em termos de gastos operacionais, frequentemente consome cerca de 30% do orçamento total de uma frota. 

Em algumas avaliações, esse percentual chega a impressionantes 42%, quando se considera uma análise detalhada dos custos de transporte, com a manutenção e os pneus representando outros percentuais relevantes, como 6% e 5%, respectivamente. A mão de obra também pesa substancialmente nos custos, geralmente posicionando-se como a principal despesa direta, ainda que os percentuais possam variar conforme o tipo de operação e região.

Combustível, manutenção e mão de obra: os três maiores custos da logística e como a telemetria ajuda a controlá-los

É nesse cenário que a telemetria ganha força, pois trata-se de uma tecnologia que coleta dados em tempo real sobre comportamento do veículo, desempenho da máquina e hábitos do motorista, transformando essas informações em insights acionáveis. No que tange ao combustível, estudos publicados na ResearchGate (2022) sobre transporte urbano apontam que empresas que adotam soluções de telemetria conseguem reduzir o consumo em média entre 10% e 20%, enquanto casos mais bem-sucedidos relatam reduções de até 25%. Idas excessivas ao ponto de parada, acelerações bruscas, frenagens fortes e ociosidade prolongada são hábitos detectados via telemetria e combatidos com treinamentos direcionados e programas de incentivo.

Já na manutenção, a telemetria permite monitoramento em tempo real da saúde dos veículos, englobando indicadores como pressão dos pneus, códigos de diagnóstico, níveis de fluidos e comportamento do motor. Isso viabiliza a manutenção preventiva e preditiva, com alertas antecipados sobre possíveis falhas, evitando avarias graves e ociosidade não programada. 

Em relação à mão de obra, embora essa parcela seja menos explicitamente quantificada nas fontes, seu impacto é constante e relevante, visto que inclui salários, horas extras, custos com treinamentos e eventuais indenizações por acidentes ou indisponibilidade. O perfil de condução dos operadores é um fator decisivo nesse contexto, pois práticas inadequadas, como excesso de velocidade, freadas bruscas, curvas acentuadas e uso indevido dos veículos, aumentam não apenas o risco de acidentes, mas também o desgaste prematuro de componentes e a redução da vida útil dos ativos. 

Podemos, portanto, afirmar que a telemetria atua de forma estratégica ao monitorar esses comportamentos em tempo real e gerar relatórios que embasam programas de treinamento e feedback contínuo, promovendo uma condução mais responsável, que se traduz em maior segurança operacional, menor incidência de sinistros e preservação dos equipamentos por mais tempo.

Os números comprobatórios ficam ainda mais expressivos quando combinados: redução de 20% a 25% do consumo de combustível, diminuição de 20% a 30% do tempo de ociosidade, redução de 5% a 10% na quilometragem total e aumento de 15% a 20% da utilização dos veículos. Isso significa aumento da produtividade, melhora do ciclo de vida dos ativos e capacidade de operar com menor quantidade de veículos, reduzindo custos fixos e com mão de obra.

Por fim, ao olhar para os três principais pilares de custo na operação logística é claro que a telemetria oferece um arsenal de benefícios reais e mensuráveis. Ela diminui o consumo de combustível por meio do monitoramento e correção de comportamento, identifica falhas mecânicas antes que se agravem e fortalece a segurança e eficiência dos motoristas, enquanto automatiza tarefas administrativas. Os gestores do setor devem entender que a implementação dessa tecnologia tornou-se uma ferramenta essencial para garantir a sustentabilidade financeira e operacional na logística contemporânea.

* Vinicius Callegari é Co-Fundador da GaussFleet, maior plataforma de gestão de máquinas móveis para siderúrgicas e construtoras.

Compartilhe:
615x430 Savoy julho 2025
Concessões de rodovias em 2026 somam R$ 158 bilhões e ampliam segurança nas estradas, analisa Sinaceg
Concessões de rodovias em 2026 somam R$ 158 bilhões e ampliam segurança nas estradas, analisa Sinaceg
Demanda global por transporte aéreo de carga cresce 2,2% em maio, segundo IATA
Demanda global de carga aérea cresce 4,1% em outubro e marca oito meses de alta
Mercedes-Benz do Brasil e Grupo Tombini lançam projeto de valorização de motoristas
Mercedes-Benz e Grupo Tombini lançam projeto de valorização de motoristas
Vports terá operações ferroviárias em 2026 com mais de R$ 100 milhões em investimentos
Vports terá operações ferroviárias em 2026 com mais de R$ 100 milhões em investimentos
Grupo Emtel reduz 92% o tempo de inventário de emissões de gases com automatização integrada ao ERP da TOTVS
Grupo Emtel reduz 92% o tempo de inventário de emissões de gases com automatização integrada ao ERP da TOTVS
Brado inaugura rota ferroviária de 2,7 mil km e conecta Sudeste ao Norte e Nordeste
Brado inaugura rota ferroviária de 2,7 mil km e conecta Sudeste ao Norte e Nordeste

As mais lidas

01

Tendências que vão redefinir a logística em 2026: tecnologia, integração regional, sustentabilidade e novos fluxos globais
Tendências que vão redefinir a logística em 2026: tecnologia, integração regional, sustentabilidade e novos fluxos globais

02

Mercedes-Benz do Brasil e Grupo Tombini lançam projeto de valorização de motoristas
Mercedes-Benz e Grupo Tombini lançam projeto de valorização de motoristas

03

Concessões de rodovias em 2026 somam R$ 158 bilhões e ampliam segurança nas estradas, analisa Sinaceg
Concessões de rodovias em 2026 somam R$ 158 bilhões e ampliam segurança nas estradas, analisa Sinaceg