Por Juan Aderman*
Em sua jornada para integração econômica e desenvolvimento cada vez mais sustentável, a América Latina se vê diante de desafios significativos no setor de transportes que, ao mesmo tempo, são oportunidades de crescimento e inovação. Por isso, é essencial abordar as limitações vigentes e aproveitar as tendências que estão emergindo neste mercado.
A necessidade de aperfeiçoar a infraestrutura para veículos elétricos ou híbridos é um dos principais obstáculos a ser superado e, ao fazê-lo, haveria o aumento dos benefícios ambientais que essa matriz energética pode trazer. A falta de infraestrutura adequada nos mais de 3,6 milhões de quilômetros de estradas na América Latina limita a capacidade das empresas de implementar soluções de transporte mais sustentáveis.
É crucial expandir o uso de frotas elétricas em viagens mais longas para reduzir gradativamente a dependência de combustíveis como biodiesel e gás natural. Ao mesmo tempo, esse cenário também abre portas para investimentos em infraestrutura, que não apenas ajudarão muito na modernização do transporte como poderão impulsionar o desenvolvimento econômico de seus países.

A região demonstra ter capacidade para promover essa revolução, pois é um território repleto de oportunidades de negócios, graças ao seu numeroso mercado consumidor e índices de crescimento. A demanda por e-commerce, por exemplo, continua forte e, com ela, a expectativa de entregas rápidas e eficientes em vários segmentos.
Um exemplo é o segmento de saúde, que possui uma cadeia fria complexa para medicamentos e tratamentos especializados, exigindo transporte para atender padrões específicos de refrigeração, além da demanda por Inbound to Manufacturing (logística integrada do fornecedor até a linha de produção), que tem presença forte no México, Brasil, Chile e Colômbia e impulsiona a evolução regional do setor de logística. Depois de atingir US$ 540 bilhões em volume de negócios em 2019, o mercado de logística latino-americano projeta atingir quase US$ 785 bilhões até 2027.
Para dar conta dessa demanda crescente, a adoção de tecnologias como Inteligência Artificial (IA) e a análise de dados, é um fator central para aperfeiçoar as operações logísticas. Por um lado, com uso da IA, as empresas podem antecipar a demanda de produtos, principalmente perto das altas temporadas, além de projetar e otimizar rotas para obter eficiência de tempo e reduzir incidentes. Da mesma maneira, a análise de dados em soluções de cadeia fria permite o monitoramento constante de temperaturas e condições de transporte, o que é crucial para garantir a qualidade da entrega dos produtos médicos.
Nesse cenário, a integração de tecnologias emergentes à logística não só facilita a adaptação às mudanças nas demandas do mercado, mas também posiciona as companhias para aproveitar as oportunidades em nossa região.
A colaboração entre empresas de maneira a criar alianças estratégicas entre os diferentes componentes de toda essa cadeia são essenciais para superar os desafios e capitalizar essas oportunidades. A criação de redes de transporte interconectadas, onde diferentes setores industriais trabalham em conjunto, pode aumentar a eficiência e a eficácia das operações logísticas.
Um bom exemplo disso é a iniciativa de usar bicicletas em ambientes urbanos, já implementada na Colômbia, que demonstra claramente como soluções inovadoras podem ser replicadas em outros países, otimizando as entregas em áreas urbanas com altos níveis de tráfego e congestionamento. A troca de experiências entre vizinhos, certamente vai ampliar a janela de desenvolvimento dessa região tão promissora!
* Juan Aderman é vice-presidente de transportes LATAM na DHL Supply Chain








