Com a chegada do segundo semestre, o setor de transporte e logística se prepara para o aumento na movimentação de cargas em datas comerciais como Dia dos Pais, Dia do Cliente, Dia das Crianças, Black Friday e Natal. Esse aquecimento gera oportunidades, mas também eleva os riscos operacionais para transportadoras e embarcadores.
Segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), os roubos de carga em 2024 movimentaram R$ 528,9 milhões em indenizações, aumento de quase 11% em relação a 2023. Esse é o segundo maior volume registrado nos últimos cinco anos, evidenciando o crescimento dos riscos no setor.
Além disso, o segmento de seguros para desvio de cargas arrecadou R$ 1,4 bilhão no ano, alta de 27,1%. No primeiro semestre, os prêmios emitidos superaram R$ 628 milhões, demonstrando que a procura por apólices acompanha o aumento da criminalidade.
“Esse crescimento nas indenizações é um reflexo direto do aumento da exposição logística em períodos de alta demanda. Com mais cargas nas estradas e centros de distribuição operando no limite, o risco de incidentes também cresce”, explica João Paulo, CEO da Mundo Seguro, corretora especializada em seguros para transporte.
Seguro deve ser parte do planejamento logístico
Com mais de 10 anos de atuação, a Mundo Seguro observa que os pedidos por apólices e os sinistros aumentam significativamente no segundo semestre, principalmente nos meses que antecedem a Black Friday e o Natal. João Paulo destaca que o seguro de carga muitas vezes é tratado apenas como exigência para embarque, mas deveria ser planejado junto com toda a operação.
“O ideal seria tratar o seguro como parte do desenho da operação, considerando perfil de carga, rotas e tipo de exposição. Isso permite montar coberturas mais eficientes e evitar lacunas”, orienta João Paulo.
Risco em evolução e mudança no perfil de roubo
Estudo recente da nstech aponta que 45,2% dos roubos de carga ocorreram à noite em 2024, contra 15,6% no mesmo período de 2023. Essa mudança no padrão de atuação dos criminosos demanda atenção redobrada das empresas para medidas de gestão de risco.
“As quadrilhas estão cada vez mais especializadas, estudando horários, rotas e fragilidades logísticas. O roubo à noite explora justamente a redução de vigilância e o cansaço dos condutores. Por isso, o seguro precisa vir acompanhado de protocolos operacionais claros e integração com ferramentas de monitoramento”, avalia João Paulo.
Exigências legais reforçam necessidade do seguro de carga
Além dos riscos, a Lei 14.599/2023 estabelece que transportadoras devem adotar coberturas específicas e integrar tecnologias como rastreamento e controle operacional. Para João Paulo, a legislação foi criada para profissionalizar a gestão de risco no transporte de cargas.
“Seja para evitar perdas financeiras, atender às exigências legais ou manter a reputação do negócio, proteger a operação é um passo necessário para quem pretende crescer com segurança. Muitas empresas ainda estão em fase de adaptação, e o papel do corretor se tornou mais técnico e menos comercial”, conclui João Paulo.
Saiba mais na Revista Logweb!
Fique de olho: A próxima edição da revista Logweb vai incluir matérias que tratam das datas zazonais:
1. Cenário crítico da logística em datas especiais. Nenhuma transportadora consegue ter um plano de ação para eliminar os gargalos causados pelas demandas. A única ação é enviar comunicado informado que estão em alta demanda, mas nada de solução.
2. Segurança na Logística – Como prevenir roubos de carga, implementar sistemas de rastreamento e treinar equipes para lidar com emergências
3. Ansiedade Logística: o consumidor até aceita esperar. O que ele não aceita é não saber onde o pedido está. O cliente quer mais do que prazo — ele quer previsibilidade, transparência e comunicação em tempo real. E isso está mudando toda a estrutura de entrega dos marketplaces. É aí que entra um novo comportamento: a ansiedade logística.
