O Porto de Suape, em Pernambuco, desponta como uma alternativa viável e estratégica para a exportação de grãos produzidos no MATOPIBA — região formada por áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — segundo um estudo do Grupo de Pesquisa em Logística Agroindustrial (ESALQ-LOG) da USP. A análise mostra que Suape pode ser decisivo para reduzir custos operacionais e evitar os gargalos logísticos que hoje impactam portos concorrentes, como Itaqui (MA) e Aratu (BA).
A produção de grãos na região do MATOPIBA vem crescendo de forma consistente. De acordo com o Ministério da Agricultura, o volume que foi de 35 milhões de toneladas em 2023 deverá alcançar 48 milhões de toneladas até 2033. A expansão pressiona os atuais corredores logísticos, que já enfrentam longas filas de navios. Em Aratu, por exemplo, o tempo de espera pode ultrapassar 21 dias. Em Itaqui, a fila média chega a 17,8 dias.

Segundo Manoel Ferreira, diretor do Grupo Agemar, controlador da SUA Granéis, que opera em Suape, a infraestrutura do porto pernambucano e sua localização estratégica podem garantir mais agilidade às exportações. “Em Suape, o tempo de espera é inferior a 24 horas, o que representa economia direta para produtores e tradings”, destaca.
Custo total da operação favorece Suape frente à concorrência
O estudo da ESALQ-LOG, realizado em janeiro deste ano, analisou o custo total da operação casada de exportação de grãos e importação de fertilizantes com destino a Uruçuí (PI). Pela simulação, utilizar Suape geraria um custo de R$ 1.177,90, abaixo dos R$ 1.239,52 registrados via Aratu. Embora o custo por Itaqui seja inferior (R$ 1.029,08), o longo tempo de espera nesse porto representa custos indiretos elevados, como frete parado e demurrage.
A análise foi apresentada por Ferreira durante o IV Fórum de Portos, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no último dia 10, no Rio de Janeiro. O evento reuniu autoridades, especialistas e representantes do setor portuário para discutir alternativas logísticas e desafios da infraestrutura brasileira.
Primeira operação de grãos em Suape pode ocorrer em 2026
A SUA Granéis, em parceria com a direção do Porto de Suape, vem intensificando ações para atrair cargas de grãos para Pernambuco. Segundo Bruno César, diretor da Sulog, empresa do grupo responsável pelo pátio de triagem de caminhões, já existem negociações avançadas com uma empresa do setor de ingredientes para ração animal interessada em realizar um embarque experimental em 2026.
“Estamos finalizando uma proposta logística que combine eficiência no transporte, agilidade no embarque e redução de custos. Suape pode se consolidar como um novo corredor de escoamento para o agronegócio do MATOPIBA”, afirma César.
Além da agilidade operacional, o porto pernambucano oferece infraestrutura privilegiada: o terminal da SUA Granéis possui área total de 72 mil m², com armazém coberto de 17 mil m². O complexo conta ainda com um ship loader integrado ao armazém, com capacidade para movimentar de 1.000 a 1.500 toneladas de grãos por hora. Outro diferencial é o calado de 17 metros, permitindo atracação de navios de grande porte.









