Por Paulo Sarti, diretor-presidente da Penske Logistics Brasil
Não é novidade que a pandemia acelerou algumas mudanças nos hábitos de consumo. O crescimento do e-commerce, por exemplo, impulsionado pela chegada de novas empresas ao Brasil, aumentou a exigência do consumidor por prazos menores para o recebimento das compras. A nova realidade passou a impor uma capilaridade logística maior, com a descentralização dos armazéns de consolidação e distribuição de cargas.
O perfil cada vez mais digitalizado dos clientes não ficou restrito ao comércio eletrônico. Setores como o de bens de consumo também vêm descentralizando suas operações nos últimos anos, para atender à demanda por diversificação, economia e comodidade, a partir do escoamento da produção para pequenos centros de distribuição, em regiões que permitam melhor atendimento aos consumidores e a redução dos custos operacionais.
Diante da competitividade em alta nos mais diferentes segmentos, a capilaridade logística pode ser um diferencial na busca por eficiência financeira. Redução da distância média das entregas, melhor gerenciamento dos estoques e diminuição dos custos com armazenagem são alguns dos benefícios da descentralização. Nesse contexto, a malha logística compartilhada surge como uma ótima alternativa, pois permite que diferentes empresas dividam despesas de transporte e distribuição de cargas.
A tecnologia, claro, é indispensável para garantir o sucesso de uma operação descentralizada, desde o uso de soluções de LLP (lead logistics provider, ou provedor líder de logística) para a integração até a sincronização de todas as etapas logísticas. Ferramentas de roteirização inteligente (que reduz o tempo de entrega das mercadorias) e de rastreamento em tempo real (que permite adaptar a cadeia logística a eventuais contratempos) são elementares.
Aumentar a capilaridade, no entanto, traz alguns desafios, que só podem ser superados com conhecimento de mercado e planejamento detalhado. A gestão de mais pontos, espalhados por diferentes regiões, exige a capacitação constante dos colaboradores, assim como a atualização dos processos. A desigualdade de infraestrutura no Brasil é outro fator a ser considerado: a pesquisa CNT de Rodovias 2024 mostra que duas em cada três rodovias brasileiras estão em más condições.
A capilaridade da logística deve ganhar força nos próximos anos. Compreender as necessidades das empresas atendidas, e também dos clientes que elas atendem, é fundamental para o operador logístico perseguir menores tempos de entrega e a excelência nos serviços oferecidos.









