Podemos dizer que o termo maturidade da cadeia de suprimentos é quase autoexplicativo, pois reflete a busca pelo entendimento do nível de desenvolvimento, integração e eficiência das operações logísticas de uma empresa, indicando o quanto essas atividades estão alinhadas às melhores práticas e estratégias do mercado. No entanto, a avaliação da maturidade logística de uma empresa está longe de ser algo simples ou de fácil compreensão.
Para sabermos o quão madura é uma cadeia de suprimentos, é necessário avaliar todos os pontos de impacto. Ao analisarmos o assessment desenvolvido pela ASCM (Association for Supply Chain Management) para a avaliação da maturidade da cadeia de suprimentos, observa-se que ele aborda desde o planejamento da demanda e os processos de fluxo de entrega até as estratégias de sourcing, o desempenho da produção, a gestão de estoques e transportes, bem como as políticas de devoluções e reparos. Além disso, aspectos de governança, como a gestão de riscos, a conformidade regulatória, a integração tecnológica, a sustentabilidade (ESG) e o design de rede, também são avaliados.
Essa abordagem permite identificar pontos fortes e lacunas no sistema. Contudo, alcançar um alto grau de maturidade na cadeia de suprimentos é um desafio constante, especialmente diante da evolução acelerada da tecnologia. Muitas empresas ainda operam com sistemas desatualizados, enquanto poucas conseguem adotar práticas mais avançadas.
Nesse contexto, o estudo “Próxima parada, próxima estação”, publicado pela Accenture no início de 2024, buscou categorizar as empresas de acordo com sua maturidade tecnológica na cadeia de suprimentos, destacando como as líderes estão se posicionando no mercado.
O estudo categoriza a maturidade em quatro estágios: “No Passado”, “Agora”, “Em Breve” e “No Futuro”. No estágio “No Passado”, as empresas operam com tecnologias legadas e alta dependência de tarefas manuais. No estágio “Agora”, caracterizam-se pelo uso de ferramentas digitais básicas e digitalização parcial. No estágio “Em Breve”, ocorre a digitalização avançada, com integração de dados de alta qualidade e práticas sustentáveis. Já no estágio “No Futuro”, destaca-se a aplicação de IA generativa e aprendizado de máquina para decisões autônomas e melhorias contínuas.
Os resultados mostram que as empresas líderes, que investem fortemente em tecnologias sofisticadas como IA generativa, apresentam desempenho superior. Segundo o estudo, essas empresas alcançam margens de EBIT 23% superiores à média, com um retorno total aos acionistas significativamente maior. Porém, apenas 10% das empresas avaliadas atingem o estágio de liderança, enquanto a maioria permanece nos estágios iniciais de maturidade.
Empresas líderes utilizam plataformas digitais avançadas para integrar dados de forma inteligente, otimizando processos e reduzindo custos. A chave para garantir que o maior investimento traga melhores resultados está em quatro habilitadores fundamentais: modernização do ambiente de TI, com ferramentas integradas; implementação de uma plataforma avançada de dados para insights contextualizados; regionalização do fornecimento e produção, reduzindo vulnerabilidades; e criação de uma organização ágil, que conecta processos e dados de ponta a ponta. Esses habilitadores são essenciais para construir redes logísticas mais resilientes e adaptáveis.
A maturidade da cadeia de suprimentos não é um destino fixo, mas uma jornada em constante evolução. Empresas que priorizam a inovação, investem em tecnologias disruptivas e cultivam uma mentalidade ágil não apenas se destacam no mercado, mas também moldam o futuro da logística. Para avançar, é essencial equilibrar tecnologia, pessoas e processos. O desenvolvimento de redes resilientes, sustentáveis e inteligentes depende de um compromisso contínuo com a transformação.