Uma rotina de trabalho com média de 10 horas diárias, com poucos dias de descanso e sem férias anuais – esse é o cotidiano da maioria dos motoristas de caminhão brasileiros, segundo uma pesquisa recente da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos). O estudo, que contou com a participação de mais de mil caminhoneiros de todo o país, também trouxe mais alguns dados alarmantes: um a cada quatro profissionais relatou permanecer na função por mais de 13 horas por dia e 25% admitiram experiência com substâncias psicoativas pelo menos uma vez. Além disso, 47% disseram ter algum problema de saúde e 46% afirmaram que pretendem sair da profissão no futuro.
É um cenário preocupante – e justamente o que a PX pretende mudar. Fundada em 2019, a empresa começou com uma plataforma que conecta motoristas autônomos e transportadoras. Do lado dos profissionais, é possível selecionar trabalhos de acordo com a sua preferência de datas, destinos, duração da viagem e tipo de carga, sem a necessidade de um caminhão próprio. Isso, por consequência, diminui os gastos (como manutenção do veículo, combustível e pedágios) e gera mais retorno financeiro.
Já do lado das transportadoras e empresas que têm frota própria, é possível contratar um prestador de serviço em menos de 48h, selecionando os motoristas a partir de uma lista que mostra as avaliações recentes, referências das últimas empresas trabalhadas e todos os documentos do profissional. Assim, a contratação fica mais rápida, menos burocrática e gera menos gastos. A PX também oferece uma estrutura jurídica e fiscal completa para dar suporte em casos de sinistros ou seguro à vida, por exemplo.
“O transporte rodoviário de cargas só é possível graças a quem está por trás do volante, mas os dados mostram que cada vez mais motoristas deixam a profissão, mesmo em um momento em que a demanda de entregas só cresce. Por isso, é preciso ter iniciativas que deem flexibilidade para esses trabalhadores. Com a PX, toda a cadeia e a economia são beneficiadas”, explica André Oliveira, fundador e CEO da empresa.
MODELO CUSTO SOB DEMANDA ATRAI EMPRESAS
Hoje, a PX já tem mais de 240 mil profissionais e mais de mil transportadoras cadastradas na plataforma, e vem crescendo, em média, 30% mensalmente. Com um modelo de “custo sob demanda”, a companhia registrou um aumento de receita de 246% no último ano, atingindo a marca de R$ 69 milhões. Mais recentemente, em outubro, a empresa também ficou no Top 2 Brasil como scaleup em marketplace na premiação do 100 Startups to Watch.
“Ter o custo quando você tem a demanda é o sonho de toda empresa. Conseguimos mostrar que é possível, girando motoristas, fazer os caminhões rodarem os 30 dias do mês. Os dados mostram que o nosso modelo aumenta em 52% a produtividade da frota e mais de 30% a economia de mão de obra do motorista”, destaca Oliveira.
Em 2021, o negócio recebeu um aporte de R$ 2 milhões em rodada liderada pela ACE Startups e com a participação do BR Angels, GR8 Ventures e Randon Ventures. Desde então, a empresa também passou a atuar com uma holding em mais duas frentes: a Academia PX, que ajuda na qualificação dos trabalhadores do setor de cargas, e o Ajudante PX, responsável por fazer a ponte entre mão de obra de carga e descarga com serviços de galpão.
“Nós investimos mais de R$ 5 milhões em treinamentos e atualização de motoristas na Academia PX este ano. Com isso, conseguimos reduzir acidentes em 52% e infrações de trânsito em 42%, uma conquista bastante expressiva em um setor que teve quase 70 mil acidentes no último ano.”, destaca Oliveira.