Por Andrea Molina, head de Recursos Humanos da Penske Logistics Brasil
A formação de equipes eficazes pode ser um desafio para a maioria das empresas atualmente, mas pode ser ainda mais complexo para os operadores logísticos, pois apenas 26% dos entrevistados classificaram a logística entre os melhores setores para se trabalhar no recente relatório Logistics Global HR Trends. A batalha por talentos só está aumentando, e as companhias estão competindo por trabalhadores qualificados não apenas com seus concorrentes, mas também com organizações de outros setores fora da logística. Como resultado, a competição por talentos se tornou incrivelmente acirrada e um desafio constante para todos. Mas como identificar, atrair e reter os melhores profissionais?
Atrair candidatos de qualidade se tornou um problema constante para as empresas do segmento de transporte e logística, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. O relatório global State of Logistics 2023 mostra que a pandemia acelerou uma grande mudança nas prioridades de trabalho – com as pessoas priorizando fatores-chave como flexibilidade, autonomia, desenvolvimento de carreira e um maior senso de propósito. Diante disso, é necessário reformular continuamente os ambientes de trabalho e as funções desempenhadas, identificando formas de valorizar de fato os colaboradores ao longo do ciclo logístico.
Isso é fundamental principalmente para os mais jovens, com pouca experiência no mercado. A pesquisa Randstad Workmonitor 2023 aponta que 38% da Geração Z (pessoas nascidas entre meados dos anos 1990 e início dos anos 2010) já deixaram um emprego que não condizia com sua vida pessoal. Os profissionais dessa faixa etária requerem atenção especial de nós, recrutadores de logística, pois priorizam aspectos como ambientes descontraídos, benefícios além dos tradicionais e a possibilidade de evolução rápida, o que nem sempre é possível entregar em curto ou médio prazo.
Tão desafiador quanto identificar e atrair talentos, é retê-los. Uma forma eficaz de controlar os índices de turnover (rotatividade) é enfatizar aos colaboradores a importância que a atividade logística representa para a sociedade, desde um saco de arroz disponível na prateleira do supermercado até o medicamento aplicado durante o atendimento hospitalar. Essa amplitude também permite o desenvolvimento de habilidades gerenciais e soft skills (habilidades comportamentais), discernimento para tomada de decisões e resolução de problemas, habilidades valorizadas por diferentes setores, que em um ambiente logístico podem ser desenvolvidas mais rapidamente, valorizando esse profissional no mercado de trabalho como um todo.
Por exemplo, a identificação de candidatos para um cargo técnico, como o de analista de logística, envolve o preenchimento de algumas habilidades fundamentais, como a capacidade de pensar estrategicamente, adaptar-se às necessidades de um determinado cliente e a aptidão para resolver quaisquer desafios sob pressão de tempo. Para aliviar algumas das pressões de busca externa, as companhias também devem voltar sua atenção internamente, procurando identificar candidatos que tenham os conjuntos de habilidades fundamentais e o apetite para assumir novos desafios.
Para identificar os colaboradores mais capacitados internamente, as organizações devem atualizar seus dados de talentos, revisando os mapas de carreira para encontrar quem pode ser promovido ou realocado. Isso ajudará a encurtar a busca, bem como o tempo para que o candidato esteja pronto para trabalhar, eliminando os períodos de adaptação e eventuais treinamentos em processos e ferramentas, que geralmente são mais complexos e demorados em comparação com outras atividades econômicas.
As mudanças nas demandas dos consumidores e o aumento da concorrência também estão impulsionando a adoção da tecnologia em todo o setor. Como resultado, a próxima geração de profissionais de logística precisará ter uma forte familiaridade e habilidades com o uso de dispositivos tecnológicos. Com a crescente aplicação de soluções disruptivas na cadeia de suprimentos, incluindo Inteligência Artificial e telemática, as empresas devem considerar a possibilidade de se concentrar na formação de equipes integradas e com experiência em tecnologia para ajudar a preparar as operações para o futuro na economia digital first.
A batalha por talentos está se tornando cada vez mais acirrada. Para ficar à frente da concorrência, as companhias precisam pensar de forma diferente sobre como atrair e reter os melhores talentos, concentrando-se em conjuntos de habilidades que as ajudarão a melhorar a resiliência contra futuras interrupções. Para isso, as organizações precisam priorizar a criação de ambientes de trabalho modernos, que priorizem a flexibilidade, a autonomia, o desenvolvimento de carreira e um maior senso de propósito.









