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Conteúdo 10 de julho de 2005

Urubatan Helou, presidente do SETCESP, e os problemas da logística

Nesta entrevista, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região fala dos problemas de logística em todo o país.

Helou dirige um dos mais influentes sindicatos do país, que vem tomando importantes decisões visando ao melhor desempenho do setor.

LogWeb:Em termos de Brasil, quais os maiores problemas de logística detectados pelo SETCESP?
Helou:A precariedade das rodovias brasileiras é, sem dúvida alguma, um dos nossos maiores problemas, pois aumenta em média 40% os custos do transporte, hoje avaliados em 10% do PIB, ou seja, R$ 140 bilhões por ano. Portanto, encaramos um custo adicional de R$ 45 bilhões por ano desperdiçados por problemas de perda de carga, caminhões mais lentos e rodando menos, geração de menos recursos, mais custos, maior índice de acidentes e a depreciação dos caminhões. Estudos sérios do setor mostram que as estradas deficientes encarecem o frete em torno de 50% do seu valor, enquanto as estradas ruins encarecem em 75% do valor, as péssimas em 100% e as consideradas regulares em 25%, numa média. Além disso, temos que conviver com os altos custos de pedágios, envelhecimento da frota de 18 anos de idade média, roubo de cargas, a imoral carga tributária de 56% e a falta de disciplinamento, cuja fase mais cruel é a predatória concorrência que corrói as nossas tarifas, diminuindo a capacidade de reinvestimento das transportadoras.

LogWeb: Quais as soluções?
Helou: Na realidade, a infra-estrutura em transportes deveria receber os prometidos investimentos dos recursos da CIDE, o imposto sobre combustíveis que pagamos, e que foram desviados para outros setores. Quanto à carga tributária, a sociedade brasileira já não admite nenhum aumento de impostos, visto as recentes manifestações contra a Medida Provisória 232, formulada no final do ano passado, mas que graças à pressão dos brasileiros foi reformulada, sobrando para o Estado reduzir a estrutura, mas o que demandaria muito tempo, pois a capacidade de investimento está comprometida. Outra saída seria a reforma tributária e fiscal.

LogWeb: Especificamente em São Paulo, quais são os grandes problemas? E as soluções?
Helou: Além dos problemas citados, em São Paulo temos que conviver com o ultrapassado rodízio municipal e as restrições aos caminhões impostas pela Prefeitura nas três ZMRCs – Zonas Máximas de Restrição à Circulação que abrangem as regiões em tornos dos bairros de Pinheiros, Jardins, Centro e Bom Retiro – onde somente pode circular o VUC – Veículo Urbano de Carga. Historicamente, o setor sempre levou a fama de ser o responsável pelo congestionamento, aquele que polui, que cria constrangimentos para a sociedade. Mas isso não é verdade. Diariamente, milhões de entregas são realizadas na cidade, ininterruptamente, abastecendo a sociedade, seja no comércio, na indústria ou em residências, mas o morador de São Paulo não se dá conta de que as atividades econômicas dependem do fluxo de cargas e de que essa prestação de serviços é realizada pelas cerca de 3.000 transportadoras que atuam aqui, independente das restrições de circulação que o caminhão sofre nas vias públicas paulistanas. Essa situação se agrava a cada ano com a estagnação da malha viária frente a uma frota crescente de 5,3 milhões de veículos leves que circulam diariamente, ao lado de 200 mil caminhões no mesmo espaço urbano de 15 mil quilômetros de ruas e avenidas. A primeira dessas restrições é causada pelo ultrapassado rodízio que já teve a sua eficácia exaurida, pois a população adaptou-se comprando um veículo mais velho para circular no dia da proibição de sua placa. O mesmo aconteceu com os transportadores, que se viram obrigados a comprar veículos mais velhos, ou a utilizarem três, quatro ou mais Kombis no lugar de um único veículo, provocando, assim, maiores congestionamentos. São esses velhos veículos que quebram ao longo do sistema viário, e provocam maior lentidão do tráfego. Isso sem considerar que emitem mais poluentes. Parte dessa frota tornou-se pirata, pois os proprietários não pagam os impostos devidos. Outra estratégia adotada é o emplacamento de caminhões em outros estados brasileiros, numa fuga aos altos tributos de São Paulo. Quanto às soluções, o SETCESP está sugerindo a exclusão dos caminhões de até 6 toneladas do rodízio municipal, pois entendemos que, com a liberação desse tipo de caminhão, as empresas não terão mais grande parte de suas frotas ociosas no pátio, e que a medida alimentaria um círculo virtuoso, pois os veículos velhos seriam vendidos para outros municípios, haja vista que já não haveria razão para sua permanência em São Paulo. Com a retirada dos caminhões e utilitários velhos, a poluição causada por eles iria diminuir, e os caminhões novos que foram emplacados em outras cidades seriam repatriados para São Paulo, gerando receita ao erário local.

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