Facebook Twitter Linkedin Instagram Youtube telegram
Conteúdo 10 de agosto de 2004

Tecnologia de RFID X código de barras

Com a possibilidade de transmitir informações de qualquer objeto, tais como sua localização, configuração e histórico de onde passou e qual o seu destino, para uma leitora remota, a tecnologia de RFID promete melhorar radicalmente a eficiência de vários processos de negócio.

Segundo Claudio Takashi Nisiyama, gerente de produto da Progress Software do Brasil, “os custos de fabricação do chip RFID têm caído muito nos últimos anos e, mantida esta tendência, o uso generalizado desta tecnologia será uma realidade economicamente viável nos próximos anos. Apesar disso, somente 10% das empresas pertencentes ao Global 2000 têm projetos pilotos nesta área. Muitos projetos falharam, outros, cujos resultados são insatisfatórios, farão com que os investimentos nesta área caiam um pouco. Por outro lado, iniciativas como a do Wal Mart que, por ser final de uma cadeia de fornecimento muito grande, podem dar novo fôlego aos investimentos.”

A queda da euforia inicial em relação ao RFID é uma reação natural a toda nova tecnologia, acredita Nisiyama. Porém, esta tecnologia já está em uso, como na guerra do Iraque, onde os equipamentos militares podem ser monitorados com os pequenos chips. Ou, mais próximos de nós, os “transponders” que equipam as chaves dos carros não são nada mais do que simples chips.

“O que podemos perceber que é uma questão de quando e como esta tecnologia irá afetar a população de modo geral. Está tecnologia tem uma abrangência muito maior que o código de barras e, por isso mesmo, a sua utilização deverá ser mais rápida. Porém, antes de vermos sua utilização nas prateleiras de um supermercado, veremos estes chips em outros processos. Imagine o ganho em eficiência se conseguirmos acompanhar todo o processo de produção de uma fábrica, dando baixa automaticamente do estoque de insumos e enviando informações para os sistemas de seus fornecedores. Imagine o que poderemos fazer para acompanhar de forma adequada os medicamentos controlados”, relaciona Nisiyama.

Mas, destaca ele, existem alguns grandes desafios até atingir o mercado. Primeiro, o mercado exigirá uma padronização e estabilização, tanto da tecnologia como da funcionalidade embutida nos chips RFID, sem mencionar a sintaxe e semântica dos sinais emitidos pelos chips. Segundo o gerente de produto da Progress, a tecnologia de RFID evoluiu, somente nos últimos anos, de um simples repetidor de sinais de alcance a curta distância, comparável aos códigos de barras, até artefatos onde é possível embutir mais inteligência com uma gramática mais complexa, comunicação a longa distância e a possibilidade de criar comunicação entre os chips e computadores. “Na linha da padronização, mais problemáticos serão os conflitos comerciais entre a União Européia e a América para padronizar os sinais RFID. Imagine o que aconteceria para os exportadores de todos os países, incluindo o Brasil, se não houver um consenso em tal padronização. Atualmente, empresas de tecnologia trabalham para criar devices (software e hadware) que consigam monitorar, gerenciar e traduzir tais sinais, sem falar em tecnologias de alta performance e capacidade para armazenar tais sinais. Estima-se em terabytes de informação por dia somente no Wal Mart”, diz ele.

Nisiyama também lembra que, no início do ano, a ObjectStore, uma divisão da Progress Software, anunciou uma nova tecnologia chamada Real Time Event Engine em seu banco de dados orientado a objetos, que possibilita capturar os sinais RFID com suporte às primeiras iniciativas de padronização da EPC Global Standard, também conhecida como Savant interfaces e formatos, com utilização de sinais em 96 bits. “Apesar do desejo de todos de padronizar e estabilizar os sinais de RFID, deverá levar alguns anos para chegar a um consenso”, acredita o profissional.

Outra dificuldade apontada é que esta tecnologia permite o monitoramento do pós-venda, o que nos leva a questionar a possibilidade de monitorar qualquer pessoa em sua vida privada. “Isto fará surgir uma série de questões jurídicas que precisam ser discutidas nacional e internacionalmente. Embora sejam inquestionáveis os benefícios econômicos desta tecnologia, a discussão legislativa deverá atrasar sua utilização em massa”, diz Nisiyama.

A terceira dificuldade apontada pelo gerente de produto da Progress é que as tecnologias de emissão e captura de sinais RFID, mesmo levando em conta todas as evoluções recentes, trabalham em baixo nível, o que significa que tratam somente de emitir e capturar os sinais. Para que isto seja realmente útil, os fornecedores de tecnologia (hardware/software) precisam desenvolver, e as organizações implementar, analisando dois aspectos. O primeiro é como gerenciar todos os sinais, entrada e saída de objetos, garantir o fluxo de sinais, criptografia quando necessário, minimizar colisão e repetição de sinais, proteger a rede da empresa de exceder sua capacidade de fluxo, etc. O segundo aspecto é garantir o entendimento do significado dos sinais e integrar com os outros sistemas da empresa.

“Enfim, o RFID não é uma tecnologia auto-utilizável, quero dizer que se não houver a integração, os sinais não terão significado algum. Isto fará o mercado de integração de sistemas ter um potencial muito grande. Estas tecnologias já estão sendo desenvolvidas, algumas já existem, mas entre a disponibilidade e a utilização prática existe um tempo. Mas, dentre as três dificuldades, com certeza a terceira será a que mais rapidamente resolveremos”, diz Nisiyama.

Volvo
Enersys
Savoy
Retrak
postal