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Conteúdo 10 de março de 2003

Segurança para o futuro da cadeia de abastecimento

Imaginem um portal, nos supermercados, em que todos os produtos contidos no carrinho sejam registrados automaticamente, sem qualquer manuseio por parte do consumidor e do profissional do caixa. Esta cena será rotineira no futuro, resultado de uma nova revolução na identificação de produtos, com impacto direto no cotidiano das pessoas e nos processos logísticos de toda a cadeia de abastecimento. Trata-se da tecnologia de identificação por radiofreqüência, a RFID (Radio Frequency Identification, também conhecida internacionalmente como Intelligent Tag ou Smart Tag).

A tecnologia de radiofreqüência não é nova. Já se pode observá-la em sistemas de controle de acesso e pedágios. A sua aplicação revolucionária na cadeia de abastecimento é que representará a grande novidade. Porém, ainda há sensíveis desafios a serem vencidos para a sua adoção em larga escala. O primeiro é o custo alto, que hoje ainda encareceria os produtos. As etiquetas de radio­freqüência – apesar de seus custos já terem diminuído para cerca de cinqüenta centavos de dólar e haver projeções de que cheguem a cinco centavos – ainda são onerosas, em especial nos produtos de baixo valor.

O segundo desafio crucial é a padronização, principal fator do sucesso do código de barras em todo mundo. A linguagem praticamente universal do código EAN/UCC facilitou a integração de todas as cadeias produtivas, de indústrias, atacadistas, distribuidores e varejistas, culminando com o consumidor, para o qual o lado visível de todo esse processo tecnológico traduz-se pela agilidade, mais conforto e segurança na hora da compra. A radiofreqüência, porém, ainda enfrenta dificuldades para sua padronização internacional: é necessário determinar o espectro de freqüências de operação, fator que depende de órgãos regulatórios de cada país; padrão para a especificação ­técnica da interface de leitura entre a leitora e o tag; como os dados serão organizados no tag, fator importante para a interface com os softwares aplicativos.

Já existem iniciativas mundiais, em fóruns como a ISO, EAN (projeto GTAG) e ePC do AutoID Center, voltadas ao estudo da padronização. Em paralelo, há vários grupos estudando e desenvolvendo modelos conceituais de aplicação.

Solucionadas as questões relativas ao custo e à padronização, a revolução da radiofreqüência na cadeia de abastecimento irá desencadear-se progressivamente. ­Algumas atividades identificadas como aquelas de alto potencial com a continuidade da pesquisa e desenvolvimento são:

– Eliminar a contagem e recon­tagem de produtos na cadeia de suprimentos. Depósitos, caminhões, áreas de retaguardas e gôndolas podem ter instaladas antenas que podem automática e continuamente rastrear os produtos e manter o verdadeiro controle perpétuo de inventário.

– Monitoramento contínuo do estoque de produtos a cada ponto na cadeia de suprimento, que pode eliminar, virtualmente, a falta de estoques gerando reposições automaticamente. Esta monitoração permitirá medir, também, anomalias na cadeia, o que aumentará significativamente a habilidade de identificar a subtração ou a introdução de produtos falsificados.

– Facilitar a localização de produtos em processos de “recall”.

– Permitir a compra, pelo consumidor, em caixas automa­ti­zados que não necessitam de descarga e carga do carrinho de compras após identificar e supe­rar todos os obstáculos que ainda necessitam ser superados.

Além dos benefícios diretos para o consumidor, para as empresas nas operações de compra e venda, na entrega da indústria para atacadistas, distribuidores e varejistas, operações com produtos que requeiram cuidados especiais (temperaturas extremas – frio ou quente, tóxicos, que necessitem de ambiente inerte, etc.) poderão contar com o benefício de ser identificados à distância, dentro dos compartimentos que os isolam.

Uma segunda onda poderá ocorrer com o barateamento das leitoras de radio­freqüência, estendendo os benefícios desta tecnolo­gia até mesmo às casas.

A terceira onda será o desenvolvimento de novos campos de aplicação, como a combinação da radiofreqüência com sensores. Estes dispositivos podem ser construídos para monitorar uma ou várias variáveis ambientais, garantindo a integridade dos produtos diante da variação de temperatura, umidade relativa do ar e níveis de poluição. Também será possível ­estabelecer parâmetros para registrar armazenagem ou transporte em temperaturas muito altas ou baixas, exposição a ­produtos tóxicos, reagentes, etc.

Como ocorreu com a Internet, a revolução da radiofreqüência será gradual e progressiva. As empresas irão experimentar modelos, processos, alternativas logísticas e investir nos sucessos. Nesse processo, a grande prioridade – essencial e indiscu­tível – é construir uma ponte segura entre a realidade atual e o cenário futurístico da ­cadeia de abastecimento.

Roberto Matsubayashi, gerente de solução de ­negócios da EAN Brasil. e-mail: rvo@rvo.com.br

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