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Conteúdo 10 de março de 2006

Requisito para o crescimento

A Independentemente das distintas previsões relativas à sua expansão econômica, a América Latina tem de vencer desafios condicionantes à sua capacidade de ingressar num ciclo duradouro de crescimento. Trata-se do desenvolvimento da infra-estrutura. É o que se pode concluir em estudo da Cepal – Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, que indica: até 2010, a região terá de investir cerca de US$ 70 bilhões no setor para que a sua economia evolua ao ritmo de 3% por exercício. Em alguns segmentos, em especial energia elétrica e rodovias, o aporte de capital precisará ser ainda maior, abrangendo quase um por cento do PIB do Continente.
Reconhecidamente, os governos não têm capacidade para fazer frente ao desembolso de tamanhos recursos. Para a Cepal, contudo, o setor privado também não apresenta condições de bancar as grandes quantias necessárias ao desenvolvimento e multiplicação da infra-estrutura. Por isto, o relatório aponta a imperiosa necessidade de as nações criarem marcos regulatórios para facilitar o trabalho dos empresários. Em bom português, as chamadas Parcerias Público-Privadas, que possibilitam o compartilhamento dos investimentos.
O histórico e as estatísticas das rodovias no Brasil são exemplos que atestam a carência de infra-estrutura, avalizando as conclusões do relatório da Cepal. Em 1954, o País tinha apenas 1,2 mil quilômetros de estradas asfaltadas. Em 1970, eram 50 mil quilômetros e, em 1990, 148 mil. Hoje, a população mais do que dobrou em relação a 1970 (passando de 90 milhões para 190 milhões de habitantes), mas temos apenas 150 mil quilômetros de rodovias pavimentadas, em cerca de oito milhões de quilômetros quadrados de território. O minúsculo Japão tem 790 mil quilômetros; a Itália, 300 mil; a Austrália, 250 mil.
No Brasil, há 19 quilômetros de rodovias por mil quilômetros quadrados de território. Nos Estados Unidos, a proporção é de 373 quilômetros e na África do Sul, 44. Mesmo que se desconte a Amazônia, onde ainda é muito escassa a presença de estradas, o índice de cobertura rodoviária brasileira continua ínfimo, apesar do significado imenso do transporte rodoviário na movimentação de pessoas e cargas.
Dada a importância e a premência dos investimentos em infra-estrutura, além das parcerias entre governos e companhias privadas, é fundamental o apoio de organismos multilaterais de crédito. O Banco Mundial (Bird), por exemplo, concedeu crédito de US$ 150 milhões à Argentina para programas de investimentos em estradas, abrangendo as províncias de Chubut, Corrientes, Córdoba, Entre Rios, Neuquén e Santa Fe. O projeto também melhorará a qualidade de rodovias estratégicas para o transporte da produção entre sua origem e os mercados. Este aspecto é muito importante.
Os investimentos em rodovias, além de fundamentais para a garantia do crescimento econômico, como analisa a Cepal ao enfocar o gargalo latino-americano nessa área estratégica, apresentam alto retorno para os que aportam capital. Algumas estatísticas brasileiras confirmam isto. O setor de logística movimenta cerca de US$ 100 bilhões no País, considerando toda a cadeia – fornecedores, armazenagem, movimentação interna e distribuição. Somente em 2004, transportou-se 1,2 bilhão de toneladas de cargas no Brasil. Quanto este volume de mercadorias terá pago de pedágios para passar pelas rodovias? Ou seja, os recursos necessários às obras de infra-estrutura rodoviária são elevados, mas o retorno do capital é garantido.

Áurea Rangel, química, mestre em engenharia de materiais
e diretora executiva da Hot Line.
rvo@viveiros.com.br

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