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Conteúdo 10 de junho de 2005

Quando trocar? Quando reformar?

Nem locação, nem compra simplesmente de uma máquina nova. O que se discute aqui é a troca e a reforma.

Trocar e reformar. Estes são os temas enfocados nesta reportagem especial – e que atende a várias solicitações de nossos leitores. As respostas são dadas por profissionais que vivem o dia-a-dia das máquinas, sejam fabricantes, distribuidores ou locadores de empilhadeiras.

Trocar ou reformar?
Sérgio L. Guimarães, diretor técnico da Retrak Comércio e Representações de Máquinas, diz que entre as razões para a troca ou reforma de empilhadeiras, a economia é a mais negligenciada. Se não existirem impedimentos fortes e evidentes, como falta de segurança, é provável que o equipamento seja usado além da época recomendada economicamente.
"Quando chegamos a desconfiar que os gastos com operação e manutenção estão altos, geralmente já ultrapassamos o ponto em que a reforma ou troca deveria ter sido feita", alerta.

Como descobrir quando reformar ou trocar? Segundo Guimarães, basicamente devemos escolher entre continuar gastando dinheiro (cada vez mais) na operação/manutenção ou despender um capital na reforma ou troca para redução desses gastos.
"Sabemos que os custos de capital são sempre decrescentes ao longo do tempo, devido à depreciação econômica – veja a representação na curva 1 da figura abaixo. Por outro lado, os custos de operação/manutenção são sempre crescentes, como ilustrado na curva 2. A curva 3 é a soma das outras duas e mostra o custo total. O ponto de mínimo valor desta curva (ponto A) é a época em que o equipamento atinge sua vida econômica", diz ele.

É quando deve ser feita a reforma ou troca. O diretor técnico da Retrak diz que os valores dos custos foram concentrados no início de cada ano quando, a rigor, ocorreram dispersamente. Estes custos equivalentes fazem parte de um método que facilita os cálculos financeiros. O cálculo do custo equivalente de capital é feito somando-se a variação do valor de mercado a cada ano com os juros que seriam ganhos se o valor do bem no início do ano fosse aplicado financeiramente.
"Se a empresa usa capital próprio, a taxa de juros a aplicar no cálculo deve ser igual à que obteria na melhor aplicação alternativa. Se usa capital de terceiros, a taxa deve ser a que vai pagar pelo empréstimo. Usando-se calculadora financeira é fácil, então calcular, para cada ano, os custos equivalentes de capital representados na curva 1", ensina Guimarães. De acordo com ele, os custos de operação/manutenção devem ser tratados de maneira semelhante. Com a mesma taxa de juros e calculadora é possível determinar que valor, registrado no início do ano, é equivalente ao despendido ao longo do ano. Estes são os custos equivalentes mostrados na curva 2. "Assim, fica claro que devemos trocar ou reformar o equipamento quando este atinge a vida econômica. Resta decidir entre as duas opções. Analisar a viabilidade de reforma não é simples. As variáveis são muitas, como o estado e o valor do equipamento no mercado, a vida econômica após reforma, o valor a ser gasto na reforma, etc. Assim, a experiência acumulada em serviços anteriores é um fator muito importante. Se forem mantidos registros dos gastos com máquinas reformadas, as decisões futuras ficam facilitadas, pois podemos aplicar método semelhante aos mostrados", informa o diretor técnico da Retrak.

Basicamente, é viável fazer a reforma quando o valor gasto ainda permitir a venda do equipamento no mercado sem prejuízo. Como estimativa, é possível considerar a vida econômica de máquinas adequadamente reformadas como 0,7 da vida econômica da mesma máquina quando nova.

Reforma
Acompanhe, agora, o pensamento dos outros profissionais entrevistados nesta matéria especial de LogWeb, sobre quando reformar a empilhadeira.
Ricardo Cianella, gerente de pós-venda da Skam Empilhadeiras Elétricas, diz que isto deve ocorrer quando o índice de quebra do equipamento compromete a operação, fazendo com que as paradas se tornem constantes. "Este é um dos sintomas do desgaste do equipamento. Muitas vezes, o longo tempo de utilização não quer dizer que o equipamento necessite da parada para reforma geral. Muitas vezes, o mal uso ou a má conservação do equipamento pode reduzir o tempo de vida útil, obrigando a antecipação da reforma", explica.

Para José Roberto Coelho, gerente de assistência técnica da Still do Brasil, a vida útil de um equipamento de movimentação e armazenagem de materiais depende da conjunção de alguns fatores relacionados diretamente a sua utilização, como a definição correta do equipamento para a operação, piso do trafego, temperatura ambiente, material a ser movimentado, treinamentos para operadores e manutenções preventivas executadas dentro dos parâmetros recomendados pelo fabricante (peças/insumos e prazos).

"A comparação entre o tempo parado para manutenção e o tempo de disponibilidade para operação, acredito ser o indicador mais correto para avaliação da necessidade de reforma. Constantes paralisações por repetibilidade de problemas e sistemas de tração ou hidráulico com falhas são excelentes indicadores de performance do equipamento e indicam a necessidade de reforma", acrescenta Coelho.
Além destes fatores, Alexandre Smith, gerente de suporte ao produto da Bauko Máquinas, diz que vários critérios são considerados pela sua empresa para decidir o melhor momento de trocar ou reformar uma empilhadeira. "Podemos citar alguns: quando a empilhadeira atinge mais de 15.000 horas trabalhadas; quando o custo de manutenção médio mensal atinge em torno de 1% do valor de uma empilhadeira nova, excluindo-se o custo dos pneus; quando o custo da reforma for de até 40% do valor de uma máquina nova, ainda vale a pena reformar; e a condição operacional da empilhadeira e o seu grau de confiabilidade e disponibilidade. Por exemplo: empilhadeira que trabalha mais de 180 horas por mês, geralmente não vale a pena reformar."

Horas de uso também é um dos itens citados por Emerson de Sousa, gerente de pós-vendas da Linde Empilhadeiras, para definir a reforma da empilhadeira, ao lado das condições de operação. "Por exemplo: uma operação de 1 turno onde a qualidade do operador não é satisfatória pode levar a empilhadeira a precisar de uma reforma no primeiro ano de utilização. Para uma operação considerada normal referente às condições de operação temos como momento estimado para reforma 15000 a 18000 horas", avalia Souza.

Já Antonio Augusto Pinheiro Zuccolotto, diretor de operações da Paletrans Equipamentos, diz que a empilhadeira deve ser reformada em duas situações principais. Primeiro, se apresenta um bom aspecto, porém ocorrem problemas distintos e freqüentes na parte eletrônica. É uma ótima hora para a reforma, pois, além de dar nova vida ao equipamento, esta reforma é barata e sana todo e qualquer problema de contato, chicotes, etc. A segunda situação é quando a empilhadeira tem um aspecto ruim e é necessário substituir um componente caro. "Reformando a máquina, você a deixa em estado de nova por pouco mais que o valor que gastaria apenas fazendo-se a manutenção", diz o diretor.

Renato Dezen Arena, engenheiro de assistência técnica senior da Nacco Materials Handling Group Brasil – que produz as máquinas Hyster e Yale -, diz que não existe um numero mágico que defina quando "reformar" uma empilhadeira, pois as variáveis envolvidas são muito grandes. As características de operação associadas ao ambiente de trabalho influenciam sobremaneira este período, entre grandes intervenções (reforma), segundo ele. A necessidade de reforma deve ser analisada levando-se em conta o controle do custo de manutenção do equipamento. Sem este controle fica difícil para o usuário saber se deve empreender uma intervenção pesada no equipamento (reforma) ou simplesmente substitui-lo por um novo, pois não existe subsídios para uma comparação com os custos de manutenção de equipamento novo, acredita Arena.

"A empilhadeira deve sofrer manutenções preventivas de acordo com as instruções do fabricante. As ações corretivas só passam a existir por desgaste natural do equipamento e más condições de uso (piso, carga, tipo de movimentação). A reforma só ocorrerá quando as manutenções previstas não forem realizadas quando previstas", alerta, por sua vez, Maria Regina Yazbek, superintendente da Movicarga.

Este também é o pensamento de Pedro de San Juan, diretor da Monta Cargas Comércio de Empilhadeiras e Acessórios. Na sua opinião, a empilhadeira, quando chega a necessitar de reforma, é porque não sofreu uma manutenção preventiva correta e suas partes vitais deterioraram-se de tal forma que a simples manutenção não surte mais efeito, e é necessária se fazer a reforma. "A empilhadeira deve ser reformada quando a manutenção corretiva se torna muito freqüente, prejudicando o desempenho da máquina e onerando o custo operacional", concorda Paulo Henrique da Silva Silveira, supervisor de vendas da Makena Máquinas, Equipamentos e Lubrificantes.
"Do ponto de vista do locador, as situações seguintes determinam a reforma da empilhadeira: a) Quando os custos com manutenção se tornam muito elevados em relação ao valor da locação. Para alguns locadores o limite é 30%; b) Quando a baixa disponibilidade, em função das paradas para manutenção corretiva, torna-se um problema para o usuário (locatário). Há clientes (locatários) que não aceitam disponibilidade abaixo de 97,0%, por exemplo; c) Quando o desempenho da máquina não acompanha mais as exigências do usuário, no que diz respeito às velocidades, ruído, ergonomia, segurança, etc.", explica, por sua vez, Hélio Tolentino, sócio-gerente da Tolentino Engenharia.

Carlos Eduardo de Castro Santos, gerente de serviços da BT do Brasil, diz que, na verdade, o melhor é manter a empilhadeira em perfeitas condições de funcionamento até o momento da sua renovação, assim se estará obtendo uma maior disponibilidade operacional e garantindo as condições de segurança do equipamento, evitando acidentes e quebras desnecessárias. "Para tal existem alguns procedimentos recomendados pelos fabricantes, como contratos de manutenção preventiva, corretiva e full que garantem ao cliente segurança, disponibilidade e maior valor residual de revenda dada as boas condições de manutenção do equipamento", completa Santos.

Quando trocar?
Respondendo a esta pergunta, Cianella, da Skam, destaca que a troca se faz necessária quando o índice de desgaste atinge as estruturas do equipamento. Um chassis ou um mastro com desgaste ou sintomas de fadiga não justifica o investimento de reforma, pois o capital destinado para este fim muitas vezes é alto, sendo mais eficiente a troca por um novo, avalia ele. "Nossa experiência demonstra que a cada 10.000 horas, a empilhadeira deve ser substituída", completa Maria Regina, da Movicarga.

"Foi criado no passado o conceito de empilhadeiras standard, ou seja, alguns fabricantes e dealers produziam ou somente comercializavam equipamentos com as mesmas características, e o mercado em geral ignorava suas reais necessidades. Hoje, alguns fabricantes inovam e até mesmo antecipam as necessidades do mercado, oferecendo vantagens e ganhos de produtividade com os novos modelos, sendo este um fator que influencia na troca de equipamentos."
A avaliação é de Coelho, da Still, para quem, outro fator importante vem de várias empresas que investiram no aumento da produtividade, gerando a necessidade de equipamentos mais ágeis, econômicos e de fácil operação e manutenção, porém se deparam com o próprio parque de equipamentos de movimentação "sucateado". Neste momento, estas empresas buscam equipamentos modernos com recursos que permitem acompanhar o aumento real de produtividade.

Outro motivo que também pode levar à substituição de um equipamento é a falta de peças e componentes no mercado, assim como os elevados custos de manutenção, completa o gerente de assistência técnica da Still. "Realmente, a análise principal deve ser feita em relação ao custo de manutenção. Por exemplo, quando o custo mensal de manutenção subir e ficar próximo ao valor de uma prestação de leasing de um equipamento novo", concorda Zuccolotto, da Paletrans.
Outro que tem o mesmo pensamento é Arena, da Nacco. Para ele, a definição de quando trocar o equipamento deve estar baseada na analise criteriosa dos indicadores de manutenção (custo horário de manutenção por equipamento) que indiquem se o custo operacional deste equipamento, na operação em questão, não se tornou proibitivo. Esta análise fornecerá a informação necessária para balizar o comparativo com os custos de manutenção de um equipamento novo.
"Quando trocar depende da quantidade de horas trabalhadas por ano e da manutenção dada ao equipamento, mas em geral para máquinas elétricas a sugestão seria seis anos, uma vez que as baterias duram em média este período", avalia Santos, da BT.

Sousa, da Linde, ressalta que a troca deve ser realizada quando o equipamento não apresentar a produtividade/disponibilidade necessária a sua aplicação. "Definirmos um momento ideal para a troca simplesmente baseados no horímetro não apresenta uma boa escolha, devendo ser considerado, também, o custo de manutenção anual, que não deve ficar acima de 25% do valor do equipamento", diz o gerente de pós-vendas concordando com as análises anteriores.
Silveira, da Makena, também concorda com o custo de manutenção como fator determinante da troca da empilhadeira. E cita outro: quando a máquina é antiga e o seu rendimento não atende mais às exigências da operação. Neste caso, deve ser substituída por máquina nova, sem esquecer que o pós-venda da nova máquina é fundamental para o sucesso da troca.

Smith, da Bauko, acredita que a necessidade do cliente, a sua estratégia financeira e as condições de mercado definirão se a máquina deve ser trocada ou reformada. "Por exemplo, se ele não tem recursos suficientes para trocar seu equipamento, a opção da reforma pode tornar-se interessante, ao garantir uma extensão de vida útil do equipamento, a partir de um investimento compatível com essa sobrevida", explica o gerente de suporte ao produto.
Para San Juan, da Monta Cargas, na realidade, a troca da empilhadeira deve ocorrer quando a reforma é inevitável, pois o valor despendido não vai agregar nada ao equipamento e não é uma boa garantia de que a empilhadeira vai ter um desempenho satisfatório, e com a aplicação dos recursos que iriam ser investidos na reforma poder-se-ia aplica-los na aquisição de uma nova, amortizando o valor de compra, onde se teria em equipamento novo, com garantia de 1 ou 2 anos, conforme a política do fornecedor, de bom funcionamento da empilhadeira a plena capacidade sem despesas, a não ser as de manutenção preventiva durante 4 ou 5 anos, dependendo de sua carga operacional.

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