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Conteúdo 10 de abril de 2003

O que o seu nível de colesterol tem haver com os problemas da empresa?

Como metodologia de gestão empresarial, o Balanced Scorecard (BSC) define a criação de indicadores de desempenho para mensuração de uma série de atividades organizacionais. Paralelamente, estabelece construção de um painel de controle para que as informações resultantes dos indicadores sejam constantemente avaliadas. Dessa forma, empresários e executivos dispõem de uma ferramenta valiosa para análise periódica da performance da empresa em suas diversas áreas, de modo a traçar ou replanejar as suas estratégias.

É difícil entender, portanto,
porque uma metodologia tão importante enfrenta tantas dificuldades
para ser plenamente imple­mentada. No caso das empresas brasileiras
em particular, a grande barreira é a cultural. O termo aqui
não se restringe ao ambiente corporativo e profissional,
mas ao sentido mais amplo, referindo-se a nossa identidade como
brasileiros. O fato é que temos uma grande resistência
em aceitar mensurações e controles, seja no trabalho,
seja na vida pessoal.

Com certeza você já deve ter
passado pela experiência de ter de se impor certas metas e
controles para atingir um objetivo (entrar em forma, controlar o
colesterol, maneirar no cartão de crédito, aprender
uma outra língua) que, no final, não foram cumpridos.
É natural, pois faz parte de nossa característica
como seres humanos (em maior ou menor grau) abrir exceções,
maquiar fatos, “dar um jeitinho” para que esse controle
comece depois. Em muitos casos, consciente ou inconscientemente,
esse hábito é transportado para o ambiente empresarial.
Os planejamentos, metas e objetivos são traçados,
mas o dia-a-dia e as prioridades imediatas muitas vezes fazem com
que sejam deixadas de lado.

Como é fácil constatar, esse
tipo de atitude é extremamente prejudicial, tanto na vida
pessoal quanto no trabalho. Deixar a dieta ou a academia para depois
pode ter como conseqüência uma série de doenças,
às vezes até fatais. A mesma sorte tem a empresa que
não monitora constantemente o seu desempenho, procurando
formas de aprimorar a qualidade de produtos e serviços.

Agora, imagine se você (endividado e
com problemas de saúde) prometesse à família
reduzir o seu peso, entrar em forma e cortar despesas, divulgando
semanalmente um relatório com os seus avanços. E permitisse
que sua esposa e filhos sugerissem correções e formas
de melhorar o seu desempenho. Na certa, o seu comprometimento (e
o envolvimento de sua família) em cumprir as metas seria
muito maior.

É exatamente isso que o Balance Scorecard
faz, ao tornar “público” o desempenho da empresa
para seus funcionários, de modo que a análise e as
correções estratégicas necessárias passem
a ser responsabilidade de todos, não só da gerência,
diretoria ou presidência da organização.

E é por esse motivo que a metodologia
só terá sucesso se as empresas investirem em um amplo
e persistente processo de “aculturação”,
de modo que funcionários e executivos se conscientizem da
importância das medições e controles, assim
como se comprometam a participar ativamente desse processo. Se as
pessoas não entenderem a importância dos indicadores
de desempenho e controles para a conquista de metas, seja na empresa
em que trabalha ou na sua vida, elas tenderão a utilizá-las
inadequadamente.n

Roberto Pereira, instrutor do IADI
– Instituto Avançado de Desenvolvimento Intelectual
e diretor de novos negócios em BSC da IDS South America.
E-mail:r.pereira@ids-scheer.com.br

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