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Conteúdo 10 de dezembro de 2004

O Mercado Mundial e Brasileiro de Equipamentos de MAM

Quando se fala, comparativamente, dos mercados
mundial e brasileiro de equipamentos, é inevitável
que seja relembrada a comparação depreciativa feita
em 1990 pelo então Presidente Collor ao referir-se à
indústria automobilística instalada no país
e seu grau de defasagem tecnológica em relação
ao padrão mundial da época.
Decorridos quase quinze anos, a indústria nacional de equipamentos
de movimentação e armazenagem pode comemorar o fato
de estar apta a produzir equipamentos no estado-da-arte e nos mesmos
padrões daqueles encontrados no mercado global.
Em que pese esta capacidade instalada, a atuação dos
fabricantes nacionais é também balizada por condicionantes
que diferenciam de modo substantivo o mercado brasileiro. Pode ser
citada, entre estas, a questão das distâncias. Tomando
como exemplo a Alemanha, encontraremos um mercado anual de mais
de 50000 máquinas concentrado em uma área de 349 mil
km², enquanto que no Brasil temos um mercado anual de 4000
máquinas distribuído por uma área de 8,5 milhões
de km². Em termos práticos, o que isto traz como diferença?
A concentração de equipamentos permite aos fabricantes
garantirem uma proximidade de seus serviços de assistência
técnica com alto grau de sofisticação, o que
é economicamente inviável no Brasil. Na Alemanha,
há fabricantes de empilhadeiras que oferecem uma cobertura
de um técnico para cada 8 km²! Em contrapartida, no
Brasil, não é raro encontrar-se instalações
industriais a mais de 500 km dos centros de assistência técnica.
Com certeza, este é um dos fatores que determina a exigência
do mercado nacional por equipamentos menos sofisticados, os quais
podem, mais facilmente, ter sua manutenção nos primeiros
níveis feita com recursos próprios. Ao fabricante
nacional é colocado o desafio, que tem sido equacionado com
sucesso, de oferecer soluções técnicas mais
"amigáveis", mantendo os padrões de desempenho
que caracterizam os modernos equipamentos de movimentação
e armazenagem.
Se na área tecnológica o parque nacional se modernizou,
o mesmo não pode ser dito em relação a aspectos
de legislação fiscal, que contribuem para o aumento
de custo e da ineficiência da pós-venda. O padrão
global é de que os carros de assistência técnica
tenham permanentemente um "enxoval" de peças de
reposição. Os carros, dotados de equipamentos de comunicação,
são acionados de acordo com sua proximidade aos problemas
reportados. À medida em que os clientes são visitados
e atendidos, as peças são repostas no estoque do carro
ao final do dia, e os serviços e peças empregados
faturados de modo correspondente. No Brasil, isto é uma impossibilidade
fiscal. As peças já devem sair do estabelecimento
faturadas para seu cliente final. Isto implica em uma duplicidade
de visita (a primeira para identificar o problema e as peças
necessárias e a segunda para executar a manutenção)
o que, quando somado ao aspecto distância, tal como mencionado
acima, acaba se tornando um pesadelo para o usuário. Esta
questão acaba colocando em relevo, além da extensão e qualificação da rede de assistência técnica, a capacidade dos fabricantes em proporcionar a seus clientes suporte de treinamento e ferramentas de diagnóstico.
Ainda dentro dos aspectos de pós-venda, na Europa os fabricantes de primeira linha estão oferecendo a seus clientes contratos full-service, que garantem ao cliente uma maior disponibilidade do equipamento a um preço pré-definido. Embora tal vantagem pudesse tecnicamente ser oferecida aqui, do ponto de vista fiscal isto é igualmente uma impossibilidade, dadas as diferenças de tributação e as exigências legais de obrigações acessórias. Dentro das políticas de modernização industrial e redução do "Custo Brasil" em que o Governo está empenhado, seria importante buscar uma solução para estas questões.

Celso Bohrer Teixeira, consultor independente que presta serviços para a Still do Brasil.
E-mail: maragat@uninet.com.br

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