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Conteúdo 10 de setembro de 2005

Neuto Gonçalves dos Reis, uma visão econômica pelo lado da NTC&Logística

Nesta entrevista, o chefe do departamento de economia da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística aborda vários assuntos importantes para a logística como um todo.

Embora cuide do departamento de economia de uma Associação que muito tem feito em prol do desenvolvimento do modal rodoviário, Reis aborda os vários aspectos da logística como um todo.

LogWeb: Quais os maiores problemas logísticos do Brasil hoje?
Reis:
Eles envolvem o transporte predominantemente rodoviário e caro devido a estradas ruins, frota velha, pedágios e roubos de carga. Ainda como problemas, também podemos incluir a ausência de alternativas ferroviária e hidroviária, os portos estrangulados e a ausência de intermodalidade.

LogWeb: E as possíveis soluções?
Reis:
Elas passam pela recuperação de estradas, renovação da frota de caminhões, recuperação de portos, investimentos em outros meios e combate ao roubo de carga, com responsabilização do receptador.

LogWeb: Estes problemas seriam os responsáveis pelos altos custos logísticos no Brasil, ou também existiriam outros?
Reis:
Sim, estes problemas estrangulam e encarecem o transporte. O custo logístico do deslocamento de uma tonelada de soja da fazenda até o porto, por exemplo, chega a US$ 34 no Brasil, contra US$ 18 nos Estados Unidos e US$ 17 na Argentina.

LogWeb: As parcerias público-privadas podem ajudar a minimizar os problemas do setor? Explique.
Reis:
As PPPs podem auxiliar, principalmente, na ampliação da infra-estrutura e na concessão de rodovias de maior fluxo de tráfego. Mas, grande parte do investimento continuará dependendo de recursos públicos.

LogWeb: Os investimentos feitos pelo governo federal nas estradas solucionam os problemas a curto prazo ou são apenas paliativos?
Reis:
Acreditamos que, se o Ministério dos Transportes cumprir sua promessa de investir R$ 6 bilhões por ano, nos anos de 2005, 2006, 2007 e 2008, poderá recuperar a malha rodoviária federal existente. Isso resultará em redução de custos para as transportadoras. A NTC estima que o mau estado das rodovias encarece em 46,4% o custo do transporte rodoviário. Isso significa uma sobrecarga de cerca de R$ l1,6 bilhões anuais. Por sua vez, a existência de caminhões com mais de 15 anos de uso encarece o consumo de combustível em cerca de R$ 5 bilhões e os custos de manutenção em cerca de R$ 5,2 bilhões por ano. Como se vê, existe bastante espaço para redução de custos por meio não só da recuperação da malha, como também da renovação da frota. No entanto, não basta apenas recuperar o que existe, que é muito pouco, mas, também, ampliar bastante a malha rodoviária.

LogWeb: Em termos de concorrência entre si, quais os problemas que as empresas de transporte enfrentam?
Reis:
O primeiro é o excesso de oferta (empresas que usam os mesmos carreteiros). Em seguida vêm a concorrência desleal de empresas que sonegam impostos, transportam excesso de peso e não oferecem nem qualidade nem segurança no transporte e o acesso ao mercado absolutamente livre e desregulamentado.

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