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Conteúdo 10 de março de 2004

Mudando e crescendo, apesar das flutuações e dos problemas

Para atender às necessidades do mercado, a exemplo do que ocorre em diversos setores da economia, a indústria de armazenagem frigorificada está passando por mudanças estruturais radicais, envolvendo um modelo dinâmico, rotativo e focado na prestação de serviços.

Segundo dados da ABIAF – Associação Brasileira da Indústria de Armazenagem Frigorificada, o setor registra um crescimento médio de 10% ao ano, mas sofre diversas flutuações, já tendo amargado grandes períodos de estagnação, atribuída, principalmente, às dificuldades financeiras resultantes de planos econômicos, deficiências de gestão e falta de remuneração adequada dos serviços prestados.
Ainda conforme informações da entidade, o crescimento tem sido puxado pela entrada de grandes grupos no setor, o que deverá contribuir decisivamente para a modernização tecnológica, o desenvolvimento de cultura de prestação de serviços integrados – que asseguram a preservação da cadeia do frio – e a uma maior valorização dos serviços. Hoje, cerca de 2% do PIB – Produto Interno Bruto do Brasil circula em forma de mercadorias pelos estabelecimentos armazenadores refrigerados.
“Quando se trata de armazéns frigorificados, necessários para a conservação de produtos perecíveis, duas grandes cadeias de atividades tornam-se intimamente ligadas, a de abastecimento e a do frio.”
O raciocínio é de Aparecida Pereira, supervisora do PCE- Planejamento e Controle de Estoque, e de Sidney César Gonçalves Dias, assessor de gerencia logística, ambos da Empaf – Empresa de Armazenagem Frigorífica (Netuno), localizada em Pernambuco e considerada a maior exportadora de frutos do mar do país, possuindo 11 indústrias processadoras de pescados, 4 centros de distribuição frigorificados, 3 fazendas para cultivo de camarão e 3 laboratórios para o cultivo de larvicultura.
Os representantes da empresa informam que a primeira cadeia de atividade está diretamente relacionada a aspectos logísticos e a segunda à conservação das propriedades do produto em condições adequadas. “Falhas em qualquer uma delas comprometem a outra necessariamente. A garantia da cadeia do frio, por exemplo, deve ser iniciada desde a produção ou colheita até a casa do consumidor, para que seja completa”, afirmam.
Aparecida e Dias também informam que é crescente a preocupação com esse tipo de desperdício, assim como a otimização de todo o processo produtivo, ainda mais quando se acrescenta a essa lista produtos de alto valor agregado, como os congelados.
Segundo eles, as indústrias alimentícias ainda esperam o aumento da confiabilidade da cadeia do frio, que passa necessariamente pelos entrepostos e pelo transporte frigorificados, antes de lançar no mercado várias opções de produtos cuja tecnologia de fabricação já teria sido desenvolvida, entre eles embutidos, fatiados, laticínios e massas frescas.
Segundo informações da ABIAF, para atender às necessidades do mercado, a exemplo do que ocorre em diversos setores da economia, a indústria de armazenagem frigorificada está passando por mudanças estruturais radicais. No tempo da cultura inflacionária, mantinha-se grandes estoques estáticos, para fins estratégicos ou especulativos, enquanto hoje o modelo que vigora é muito mais dinâmico, rotativo e focado na prestação de serviços. De acordo com a associação, os entrepostos que serviam apenas de simples armazéns hoje oferecem uma gama muito maior de serviços e passam, assim, a ser considerados operadores logísticos, responsáveis muitas vezes pelas etapas de recebimento de mercadorias, identificação, endereçamento, armazenagem, picking, divisão em lotes, separação e carregamento de cargas. Embora o transporte não seja propriamente área de domínio desse setor, alguns operadores logísticos passam a se encarregar, também, do transporte e até da alocação do produto na gôndola e nos expositores frigoríficos da loja varejista, cobrindo todo o processo. Com esse tipo de ação, além dos ganhos econômicos diretos, espera-se um controle mais efetivo da cadeia do frio.
“Uma análise segmentada do setor, porém, revela que as diversas empresas estão em diferentes estágios na prestação desse tipo de serviço e no acompanhamento das inovações, mas, de uma forma ou de outra, caminham para uma maior integração de todos os agentes”, analisam os representantes da Empaf. Eles reforçam esta afirmação com dados da ABIAF, segundo a qual, nos próximos dez anos não haverá mais espaço para empresas que ainda mantenham estruturas precárias e não atendam às regulamentações, normas e crescentes exigências dos clientes.
De acordo com a supervisora do PCE e o assessor gerencial de logística da Empaf, entre outros pontos, as mudanças na relação cliente-fornecedor, motivadas pela onda gerencial de manter nas empresas estruturas enxutas, ajustar o foco dos negócios da organização e terceirizar as atividades meio, deram origem ao conceito just-in-time, que se tornou uma referência para o setor. “Com isso, fica de certa forma decretado o fim dos grandes estoques, o que exige um inter-relacionamento muito maior entre todas as partes, para evitar quebra na cadeia de abastecimento. Além disso, um giro maior de mercadorias faz com que o período de tempo entre produção e venda torne-se menor e prolongue a vida útil do produto na casa do consumidor.”

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