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Conteúdo 29 de outubro de 2008

Transporte de cargas: armados até os dentes

Com índices de sinistralidade estabilizados em altos patamares nos últimos anos, o transporte das cargas mais visadas pelos bandidos no Brasil passou a exigir um arsenal de guerra.

Gerenciar risco por meio de rastreadores via satélite já não é suficiente. Para aceitar fazer o seguro de uma carga valiosa e de fácil escoamento no mercado paralelo, as seguradoras estão exigindo, além de outras providências, a escolta armada.

Às vezes, a escolta é feita por apenas um veículo, que segue atrás do caminhão, com um motorista e um segurança. Mas, dependendo da carga e da região por onde o carregamento vai passar, são usados dois veículos – um na frente e outro na retaguarda.

Em situações muito especiais, pode-se recorrer até a helicópteros. Como num caso contado pelo presidente da Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento (Gristec), Cyro Buonavoglia. "Há pouco tempo, uma gerenciadora recebeu a informação de que um carregamento de eletroeletrônicos, que sairia de Santos para o Sul do País, seria abordado por bandidos. Foi preciso contratar um helicóptero para acompanhar a carga já escoltada em terra", informou.

De acordo com Autair Iuga, presidente do Grupo Macor de segurança privada, não chega a ser incomum o acompanhamento aéreo de transporte de carga. Pelo menos uma vez a cada dois meses, sua empresa presta um serviço desse tipo. O custo para o cliente é de R$ 850 a hora. A escolta armada rodoviária sai a R$ 2,35 por quilômetro. Normalmente, as despesas são pagas pelos embarcadores.

O diretor-geral da Corretora de Seguros Rodobens, Ailton Alves de Souza, diz que, por via de regra, as seguradoras exigem escolta para cargas com valor acima de R$ 100 mil. As apólices detalham todas as providências a serem tomadas pelo contratante para garantir o pagamento do prêmio caso ocorra um sinistro. "Por exemplo, eu tenho uma carga de medicamentos que não chega a R$ 100 mil. A seguradora determina que se faça rastreamento com todos os sistemas de atuadores, sensores de porta, sensor de baú, de carona, de desengate. E que os sinais do rastreador sejam enviados de dois em dois minutos", explica.

Caso a carga seja mais valiosa, diz Souza, a seguradora pede uma escolta armada. "Não é sempre. Existem alguns medicamentos muito mais fáceis de escoar no mercado paralelo. Para esses, os critérios de gerenciamento de riscos são mais severos".

O território por onde a carga vai passar também é levado em consideração. "Uma carga de eletroeletrônicos que desce de Manaus tem exigências de gerenciamento menos rigorosas no percurso até Goiânia. A partir daí, a seguradora exige escolta". Souza ressalta que o rastreamento tornou-se uma exigência básica. "Com carga acima de R$ 30 mil, as seguradoras querem rastreamento".

Segundo Gilberto Rodrigues, gerente geral da Transportadora Sete Estradas, que carrega têxteis e produtos alimentícios, a escolta armada é utilizada em trechos com maiores índices de sinistros. Mas existe uma série de outras exigências das seguradoras que precisam ser seguidas à risca. Todos os caminhões da empresa são equipados com rastreadores híbridos, que funcionam por satélite e por celular.

"Temos de seguir rotas e pontos de parada previamente homologados pela gerenciadora de risco e existem horários determinados para rodar em áreas de risco", explica o gerente. Ele diz que todo o pessoal envolvido na operação é cadastrado e tem seu passado levantado com relação a questões jurídicas e criminais.

A transportadora também utiliza as iscas – pequenos rastreadores que são colocados dentro da carga. Além do contrato com uma empresa terceirizada, a Sete Estradas mantém funcionários próprios no gerenciamento de risco. "Com o emprego de todos estes recursos, hoje o nosso índice de sinistros baixou para 0,1% a 0,2%".

O custo de um gerenciamento de risco "com qualidade e que atenda às necessidades de mercado", de acordo com ele, fica em 1,5% a 2% do valor do frete.

 

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