Trabalhadores de Itajaí paralisam atividades por quase 20 horas
Os trabalhadores portuários avulsos de Itajaí paralisaram suas atividades no final da tarde de domingo (13) e só retornaram ao trabalho no final da manhã desta segunda-feira (14). A medida tomada foi um protesto contra o Teconvi.
Por volta das 17 horas de domingo (13), atracou no Terminal Portuário de Navegantes o navio “Maersk Duncan”. A Maersk é uma das principais acionistas do Teconvi, empresa responsável pelas operações portuárias na área arrendada do Porto de Itajaí. Com a saída da embarcação, nesta segunda-feira (14), por volta das 10h30, os trabalhadores retornaram às suas atividades normais no Porto de Itajaí.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Estivadores e da Intersindical dos Trabalhadores Portuários de Itajaí, Saul Airoso da Silva, “o trabalhador não pode conceber a idéia de que a Maersk ponha navios na Portonave, com a justificativa de que lá tem ‘portainer’ e aqui no Porto de Itajaí não tem. O (equipamento) MHC exerce a mesma função”, pondera o dirigente. Ainda segundo ele, a primeira informação que chegou aos trabalhadores era de que a medida de atracar no Terminal de Navegantes ocorreria uma única vez. “Mas já estamos sabendo que pode acontecer de novo”, reclama.
Saul Airoso cita que cerca de 40% da movimentação do Porto de Itajaí está se transferindo para a Portonave. “Não há cargas novas, o que é gravíssimo. O que ocorre na prática é este significativo êxodo de cargas de Itajaí para Navegantes. Então, os trabalhadores, por iniciativa própria, decidiram realizar este protesto, paralisando todas as suas atividades em Itajaí durante o período de estada do navio ‘Maersk Duncan’ no terminal de Navegantes”, explica o dirigente.
Conforme ele, previamente foram feitas várias propostas pelos trabalhadores para o Teconvi, na tentativa de se chegar a um acordo e assim impedir a realização do movimento de protesto. “Isto mostra toda a flexibilidade e interesse por parte do trabalhador de chegar a um entendimento”, considera.
Ao todo, Saul Airoso lista quatro propostas apresentadas pelos TPA’s:
1. Trazer o navio para o Porto de Itajaí, pois a própria autoridade portuária garantia o ajustamento da operação;
2. Levar o trabalhador de Itajaí para realizar a operação na Portonave, até porque a mão-de-obra avulsa, por duas vezes, operou navios durante a implantação do Terminal de Navegantes;
3. Que a Portonave fizesse uma compensação monetária proporcional à quantidade movimentada no navio, que foi de 80 contêineres;
4. A mais extraordinária: a categoria se ofereceu para trabalhar de graça no navio ‘Maersk Duncan’.
Mesmo assim, segundo Saul Airoso, o Teconvi e a Maersk não contornaram a situação. Informações vindas da Maersk para os trabalhadores deram conta de que o acordo não foi possível porque a Portonave não aceitava a mão-de-obra avulsa atuando em seu Terminal.
Ainda nesta segunda-feira pela manhã, Saul Airoso da Silva seguiu para Florianópolis, onde à tarde participaria de uma audiência. Na seqüência, ele segue para Brasília onde participa, nesta terça-feira, dia 15, de uma reunião extraordinária convocada pelo Secretário de Portos do Governo Federal, Pedro Brito.
Paralisação nos portos de todo o País dia 16 de julho está confirmada
A Federação Nacional dos Estivadores (FNE) comunica que os portos brasileiros estão preparados para a paralisação de 24 horas, no dia 16 de julho, conforme acordado na última plenária, que aconteceu no Rio de Janeiro, com a participação de 91 lideranças sindicais.
"Seremos recebidos pelo Ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, na próxima terça-feira (15), às 14h30, para discutir a nossa pauta de reivindicação. Porém, a paralisação está mantida", anuncia o presidente da FNE, Wilton Barreto.
O principal objetivo é a publicação de um decreto que flexibilizará ainda mais as regras para abertura de portos privativos. A grande preocupação da categoria é que terminais privativos de uso misto possam ser abertos daqui para frente com regras mais brandas, sem cota mínima de carga própria, o que os tornaria em concorrentes predadores dos portos públicos e sem a obrigatoriedade de operar com trabalhadores inscritos nos OGMOS, de acordo com a Lei 8630/93.
Outras reivindicações – Também fazem parte da pauta de reivindicação a inclusão dos avulsos de atividades dentro e fora da área do porto organizado, a aposentadoria especial dos trabalhadores portuários, e o cumprimento da convenção 137 da OIT, com a recomendação 145 do Governo Brasileiro.
Fonte: Revista Portuária