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Conteúdo 12 de agosto de 2013

Presidente do Setcesp analisa o segmento rodoviário de cargas

Priscilla Cardoso

O mercado de transporte no Brasil está ‘imbicado’. O final do ano passado e o inicio de 2013 foram de bons resultados, mas a partir de março a situação afrouxou, e o setor não está mais obtendo os resultados que esperávamos.”

A análise acima, sobre o segmento de transporte rodoviário de cargas no país, é do presidente do Setcesp – Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Fone: 11 2632.1000), Manoel Sousa Lima Jr. Segundo ele, o setor esperava ter um “ano de ouro”, mas a realidade não condiz com as expectativas.

Entre os principais fatores desse baixo desempenho está a própria economia brasileira. Segundo o último Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), a economia do Brasil, em maio, encolheu 1,4% na comparação com abril. Essa é a maior queda registrada desde dezembro de 2008, quando o recuo foi de 4,31%.

O IBC-Br é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB). Mas não reflete necessariamente o resultado anual do PIB como, por exemplo, no primeiro trimestre do ano, em que o PIB cresceu apenas 0,6% em relação ao trimestre anterior, o que é metade do que mostrava o IBC-Br (alta de 1,22%).

“As perspectivas de balanço para esse ano não são as melhores. Provavelmente, o setor vai obter um crescimento, acima inclusive do que chamamos de crescimento vegetativo, mas nada comparado ao que esperávamos. E isso se deve basicamente à própria economia nacional como um todo, que tem dado sinais de queda na produção”, explica Lima Jr.

Entre as indústrias que têm se diferenciado desse cenário estão as montadoras. “Setores como montadoras e mercados de implementos estão apresentando bons resultados. Mas esse crescimento da indústria automotiva está ligado aos veículos pesados, e não à venda de veículos pequenos. Eles têm encomendas para até 2014”, afirma Lima Jr.

AGRONEGÓCIO
Uma das principais expectativas para a melhora do mercado de transporte no Brasil está relacionada ao bom desempenho que o agronegócio vem apresentando.

Segundo um levantamento realizado pela CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e pelo Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, o PIB do agronegócio cresceu 2,99% no acumulado de janeiro a abril deste ano, na comparação com o mesmo período de 2012. A alta foi impulsionada, principalmente, pelo resultado do PIB da agropecuária, cuja expansão foi de 5,01% nos primeiros quatro meses do ano.

No mês de junho, a Conab – Companhia Nacional de Abastecimento também divulgou que a safra nacional de grãos do período 2012/2013 bateu recorde. Estimada em 184,3 milhões de toneladas, o volume é 10,9% superior ao registrado na safra anterior (2011/2012), quando atingiu 166,17 milhões de toneladas.

“O agronegócio pode alavancar os demais setores. A alta do dólar facilita a exportação, o que também impulsiona o agronegócio. E o aumento desses volumes de produção exige uma maior demanda de transporte. Assim, temos grandes expectativas que esse setor ajude no crescimento do mercado de transportes”, afirma Lima Jr.

O presidente do Setcesp também comenta sobre as expectativas que o mercado tinha com relação aos grandes eventos esportivos a serem realizados no Brasil (Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas). Para ele, houve um exagero com relação a esse crescimento.

“Houve uma expectativa de que o ‘mundo’ fosse se beneficiar desses eventos, mas a realidade é bem diferente do que o mercado espera. Porque esse é um desenvolvimento pontual, ele acontece enquanto os estádios e o entorno deles estão sendo construídos, após isso, não existe mais crescimento. Um bom exemplo está na África do Sul. Os principais estádios são lindos, mas se tornaram elefantes brancos, pouco utilizados. É como a construção do estádio do Corinthians. No momento, ele realmente tem gerado uma demanda alta de mão de obra, mas assim que a construção acabar, essa demanda também vai diminuir. Então, esse é um crescimento pontual. E a expectativa colocada em cima desses eventos nada condiz com a realidade”, explica Lima Jr.

INFRAESTRUTURA
No inicio do ano, o escoamento dos produtos para o Porto de Santos, o maior da América do Sul, foi manchete nos meios de comunicação. Após a Prefeitura de Cubatão proibir que os pátios reguladores da cidade funcionassem de madrugada, as filas de caminhões nas estradas de acesso ao Porto chegaram a criar mais de 50 quilômetros de congestionamento.

Com a pressão de diversos setores, a Prefeitura suspendeu a determinação até o início de junho, quando ficou determinado um limite no congestionamento na entrada dos pátios reguladores. A partir de agora, quando o engarrafamento extrapolar cinco quilômetros, os caminhões com destino ao Porto começarão a ser retidos nos pedágios do sistema Anchieta–Imigrantes.

Para o presidente do Setcesp, o problema apresentado nesse início de ano é cena comum no Brasil. “Esse é um filme que estamos acostumados a ver. Falta uma série de infraestrutura, tanto nas estradas como na própria estrutura do Porto. Essa questão de infraestrutura é uma vergonha para o país. Apenas em São Paulo temos estradas em boas condições, mas quando você vai para o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e o Nordeste, as condições são péssimas. E isso gera um maior desgaste nos veículos, o que aumenta os custos do transporte”, crítica Lima Jr.

Outro problema apontado pelo executivo é o aumento de custo que esses congestionamentos para o Porto de Santos gera para embarcadores, transportadores e até para o setor de transporte marítimo. “Cada vez que o navio atrasa sua saída do Porto, ele recebe uma multa, e o transportador, quando fica preso nesse congestionamento, também eleva seus gastos, e tudo isso vai sendo repassado, ou seja, o embarcador terá que pagar mais alto por esse serviço. E no final, esse é o Custo Brasil, que acaba no bolso de todos nós, contribuintes”, explica Lima Jr.

Ainda segundo o executivo, uma boa saída para melhorar as questões de infraestrutura envolveria investimentos maciços em ferrovias. “Investir no modal ferroviário não vai atrapalhar o rodoviário, sempre será necessário o uso de caminhões, porque a ferrovia nunca vai chegar às lojas. Mas elas ajudariam muito nos grandes percursos. O Ministério dos Transportes é um dos com maior orçamento, mas não se vê investimentos”, crítica ele. “E não tenho qualquer dúvida de que o congestionamento para escoar os produtos para o Porto de Santos vai acontecer mais uma vez nesse fim de ano. Porque não existe tempo hábil para que as reformas necessárias sejam feitas”, conclui Lima Jr.

A importância do Setcesp

Criado em 1936, o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região busca o desenvolvimento do mercado, oferecendo consultas, palestras e consultoria jurídica, entre outros serviços. Além disso, o Setcesp trabalha com todos os sindicatos de base e com negociações trabalhistas. “A importância do Setcesp dentro do mercado de transporte está em todos os aspectos. Ajudamos em todas as demandas e dificuldades que o setor enfrenta”, explica Lima Jr.

Entre as últimas conquistas do setor está a desoneração da folha de pagamento. Em julho último, o Governo Federal sancionou que entre 1° de janeiro de 2014 e 31 de dezembro de 2014 valerá a desoneração da folha de pagamento para o setor de transporte. Dessa forma, as empresas passarão a pagar imposto de 1% sob o faturamento, ao invés dos 20% de contribuição previdenciária.

“Essa mudança, com certeza, vai ter uma influência positiva nos resultados do ano que vem. Isso porque ela vai fazer com que sobre mais dinheiro no caixa das companhias, e com dinheiro, elas têm meios para investir. E esse é um dos trabalhos da entidade. Nosso objetivo é sempre melhorar o mercado”, diz o presidente do Setcesp.

Outra mudança que o Setcesp espera conseguir é com relação à Lei dos Motoristas. Apesar de apoiar a criação da Lei, o Sindicato acredita que é preciso algumas alterações em suas regras.

“Defendemos a criação da Lei, porque ela fortalece o setor e, com essa mudança, não temos mais motoristas cansados, tomando "rebite", para conseguir fazer a entrega dentro do prazo. O Brasil não pode continuar a ter o alto número de acidentes que tem nas estradas. Mas a Lei carece de adaptações. Uma das mudanças que gostaríamos é com relação ao horário de descanso. Ela prevê 11 horas de descanso contínuas, é muito tempo parado. O que queremos são oito horas de descanso contínuo e as outras três horas diluídas da maneira que o motorista achar melhor”, explica Lima Jr. 

Comissão da Setcesp investe no desenvolvimento de jovens executivos e empresários

Com objetivo de ajudar na capacitação de futuros líderes e jovens empresários, o Sindicato decidiu reativar em 2004 a COMJOVEM – Comissão dos Jovens Empresários e Executivos do Setcesp, que fora criada nos anos 90 pelo então presidente do Sindicato, Adalberto Panzan.

Os membros da Comissão participam mensalmente de duas reuniões: uma na sede do Sindicato e a outra como visita técnica dentro de uma das empresas associadas.

“Nas reuniões que acontecem dentro do Setcesp discutimos assuntos relacionados aos desafios e problemas que mais têm preocupado o setor. Nas últimas reuniões, por exemplo, abordamos temas como a nova Lei dos Motoristas e a Lei Seca. Já nas visitas técnicas conhecemos as empresas e as dificuldades que elas enfrentam. E também existe uma troca de conhecimento, porque também apresentamos um tema, relacionado ao setor”, explica a diretora adjunta da COMJOVEM SP (Fone: 11 2632.1036), Juliana Petri.

Com uma média de idade entre 30 e 35 anos, a COMJOVEM é voltada para jovens executivos e herdeiros das empresas associadas ao Setcesp. Em algumas reuniões, empresas patrocinadoras são convidadas a participar.

“As reuniões são voltadas para esses jovens executivos e herdeiros das grandes empresas. Temos uma média de 40 pessoas por reunião, e parte é formada por integrantes fixos da Comissão”, afirma Juliana.

Além dessas reuniões, a COMJOVEM apoia instituições como o FUSSESP – Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo, responsável pela Campanha do Agasalho, e a ONG Amigos do Bem, que trabalha com o desenvolvimento do Sertão Nordestino.

“Percebemos que uma das maiores dificuldades que a Amigos do Bem enfrenta é com relação ao custo do frete para levar os mantimentos doados ao Sertão Nordestino. Conseguimos fechar um acordo com transportadoras para que esses valores fossem reduzidos, como forma de contribuir com a causa da ONG”, explica Juliana.

Com o sucesso da COMJOVEM SP, outras Comissões foram criadas pelo Brasil. E apesar de poderem ter agendas distintas, com relação ao número de reuniões e aos temas abordados, o objetivo de todas elas é o mesmo: formar futuros executivos.

“Essa é uma forma de se investir no país, porque esses jovens executivos e empresários são interessados em aprender, têm uma boa formação em cursos e universidades, mas falta experiência dentro das empresas. Eles precisam participar para entender quais são as dificuldades que elas enfrentam no dia a dia e ajudá-las a encontrar soluções para esses problemas”, diz Juliana.

A diretora adjunta da COMJOVEM SP é uma das executivas que se beneficiou da Comissão. Juliana foi participante das reuniões da Comissão durante dois anos, quando se tornou vice-coordenadora por mais dois anos, e atualmente exercer o cargo de diretora.

Para a executiva, a experiência oferecida pela COMJOVEM gera um grande aprendizado para esses jovens executivos.

“Por experiência própria posso dizer que o trabalho desenvolvido pela COMJOVEM é de grande valia. Através da Comissão temos contato com pessoas que já estão no setor há muito tempo, e com as quais podemos trocar informações, entender mais o mercado. Além disso, você conhece jovens executivos de outras empresas e descobre que, às vezes, eles têm as mesmas dificuldades que você, e que pode acontecer uma troca de ajuda. Conversando na Comissão trocamos experiências e conseguimos ajudar no desenvolvimento do setor”, conclui ela. 

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