Pernambuco tem números promissores
Pernambuco foi uma das primeiras áreas brasileiras ocupadas pelos portugueses. No período colonial, tornou-se um grande produtor de açúcar e durante muitos anos foi responsável por mais da metade das exportações brasileiras. No século XVII, os holandeses se estabelecem no Estado, e entre 1630 e 1654, Pernambuco foi administrado pela Companhia das Índias Ocidentais. Um dos seus representantes, o príncipe João Maurício de Nassau, apresentou uma forma de administrar renovadora e tolerante. Realizou inúmeras obras de urbanização no Recife, ampliou a lavoura da cana e assegurou a liberdade de culto.
Com a República, Pernambuco procurou ampliar sua rede industrial, mas continuou marcado pela tradicional exploração do açúcar. O Estado modernizou suas relações trabalhistas e liderou movimentos para o desenvolvimento do Nordeste, como no momento da criação da Sudene. A partir de meados da década de 60, Pernambuco começou a reestruturar sua economia, ampliando a rede rodoviária até o sertão e investindo em polos de investimento no interior. Na última década, consolidaram-se os setores de ponta da economia pernambucana, sobretudo aqueles atrelados ao setor de serviços (turismo, informática, medicina) e estabeleceu-se uma tendência constante de modernização da administração pública.
Este resumo prepara o leitor para a entrevista que a Logweb publica nesta edição, com Wagner Augusto de Godoy Maciel, gerente geral de Articulação Empresarial e Institucional da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Fone: 81 3182.1736), gerente do Núcleo de Agronegócios e Derivados da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e membro da Câmara Setorial da Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de Pernambuco.
Ele também é membro do Comitê Estadual de Qualificação Profissional, conselheiro do Conselho Gestor da Agência Pernambucana de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – CPRH, conselheiro da Câmara Setorial do Leite do Estado e membro do Conselho Estadual de Aquicultura e Pesca.
Advogado, Maciel é graduado pela Universidade Católica de Pernambuco, especialista em Direito Público pela Escola Superior de Magistratura de Pernambuco, assessor jurídico do Fórum Nacional de Secretários de Agricultura e advogado Associado ao M. Oliveira & Mendes Bezerra Advogados Associados.
Logweb: Quais as ações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco para melhorar a logística no Estado?
Maciel: Objetivamente, temos duas ações concretas: a Transnordestina e a Plataforma Logística Multimodal de Salgueiro. A primeira será fundamental para integrar e desenvolver a Região Nordeste, pois irá escoar toda a produção de grãos e minérios aos portos de Suape, em Recife, PE, e de Pecém, em Fortaleza, CE. Também servirá para transportar a produção do polo gesseiro do Sertão do Araripe, PE, e de frutas, vinhos e sucos do Vale do São Francisco, PE, entre outras. Já a Plataforma Logística Multimodal de Salgueiro tem como base o conceito de central de inteligência logística, combinando multimodalidade, telemática e otimização de fretes.
Logweb: Qual a importância do Porto de Suape para a economia do Estado?
Maciel: Não se pode falar da economia pernambucana sem falar de Suape. O Complexo vem se tornando o maior polo de investimentos da atualidade, com US$ 13 bilhões sendo aplicados na implantação de 17 novas indústrias, enquanto que cerca de 100 já operam no lugar, movimentando 40% do PIB pernambucano. Graças a isso, o Brasil começa a enxergar nosso Estado com outros olhos. Recursos da ordem de R$ 1,2 bilhão estão sendo investidos na construção de cais, estradas e acessos, na reestruturação de píeres, na reforma do centro administrativo e na duplicação de rodovias internas. Os investimentos em infraestrutura ampliam a capacidade de Suape para receber novos empreendimentos e dão suporte às necessidades dos que já operam no Complexo. O Porto de Suape recebeu a nota mais alta entre os portos públicos brasileiros e a classificação de “Excelente” no diagnóstico realizado pelo Centro de Estudos em Logística – Coppead, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Dentre os fatores que fizeram de Suape o melhor porto entre os públicos estão a localização estratégica em relação às principais rotas marítimas de navegação, já que o porto fica a oito dias da costa europeia e da costa leste norte-americana; a agilidade no despacho cargas; a operação de navios nos 365 dias do ano, sem restrições de horários de marés; os quatro berços internos, dois píeres de granéis líquidos com quatro terminais, um cais de múltiplos usos e uma tancagem flutuante de GLP. Sua profundidade de 15,5 m no porto interno e externo é um diferencial. Destaca-se ainda em Suape o 2° lugar em Gestão Ambiental em estudo da Antaq – Agência Nacional de Transportes Aquaviários realizado em dezembro de 2007. Suape atendeu a 91% dos pré-requisitos estabelecidos pela Antaq. Profissionais qualificados e a existência de um núcleo ambiental atuante e especializado foram determinantes para sua excelente colocação. Desde sua concepção, há 30 anos, o Complexo de Suape foi planejado destinando cerca de 6.000 hectares à preservação ecológica e cultural, um total 45%
de sua área total.
O complexo emprega, hoje, 12 mil pessoas e, com a chegada dos novos empreendimentos, outras 10 mil vagas diretas serão geradas, enquanto que na construção deles, 45 mil empregos temporários estão previstos. Em empregos indiretos, o número atinge a casa dos 150 mil postos de trabalho.
Logweb: Como Pernambuco tem se adequado à crise econômica mundial? Que ações têm sido tomadas para amenizar os problemas que ela tem causado?
Maciel: O Governo de Pernambuco tem enfrentado o período de turbulência econômica de forma bastante ativa, com a manutenção dos investimentos previstos, de R$ 1,3 bilhão, não obstante a queda da receita, além da consolidação de diversos projetos estruturadores para o Estado, a exemplo de obras públicas e investimento privados em Suape, no polo farmacoquímico de Goiânia e no interior. Acrescente-se a isso um conjunto de obras do PAC, como as da Transposição, a Transnordestina e a duplicação de rodovias estratégicas para o escoamento da produção local, como as BRs 101, 104 e 408. A despeito do cenário de crise, os números são bastante promissores. Enquanto que o mundo deve apresentar sinais de retração econômica, Pernambuco tende a apresentar um crescimento do PIB para este ano na ordem de 2,5%.
Logweb: Qual a importância dos polos gesseiro, de informática, petroquímico e têxtil para o desenvolvimento de Pernambuco?
Maciel: A importância é fundamental por diversos aspectos. Em primeiro lugar, esses polos diversificam a matriz econômica do Estado, com a geração de novos ativos. Por outro lado, fortalecem nossa reconhecida expertise técnica, acumulada em nossas universidades e centros de pesquisa. Destaque-se, por oportuno, a comunicação existente entre os novos polos, o que é fantástico. O polo petroquímico, em construção no Porto de Suape, vai fortalecer e revigorar nosso polo têxtil. Ou seja, é a nova economia pernambucana dialogando com um setor tradicional, que ressurgiu com bastante força nos últimos anos, merecendo atenção total do Governo de Pernambuco. O polo gesseiro, que responde por 95% da produção de gesso do país, destaca-se por ter o menor custo de produção global e será bastante fortalecido com a Ferrovia Transnordestina. Por se tratar de um polo regional, concentrado na região do Araripe, diversos benefícios são verificados na região, como faculdades, centros tecnológicos e escolas técnicas, o que contribui para o seu desenvolvimento. Por sua vez, quanto ao polo de tecnologia da informação, é importante destacar os impactos desse setor na economia local. A participação do setor no PIB do Estado passou de 1,6% em 1999 para 3,6% no ano de 2005. Um desses projetos exitosos é o Porto Digital, conjunto de 103 empresas em operação no Bairro do Recife, que ocupa 40.000 m2, tem mais de 3,6 mil colaboradores diretos e uma taxa média de crescimento superior a 16% ao ano. O faturamento em 2006 foi de US$ 400 milhões. O Porto Digital tornou-se referência nacional de política pública de fomento à inovação e ao fortalecimento de um setor produtivo de base tecnológica. Graças a ele, Pernambuco conseguiu atrair empresas líderes do mercado mundial, como Nokia, Samsung, Motorola, Microsoft, Dell e LG. Pernambuco possui 17 instituições de formação de informática em nível de graduação que estão aptas para desenvolver ferramentas para o setor.
Logweb: Qual o diferencial logístico de Pernambuco?
Maciel: Constituído como uma das principais portas de entrada e saída do país do fluxo de mercadorias desde o período colonial, Pernambuco fez da sua posição geográfica um atrativo para a logística de distribuição nacional. Isso se traduz não só como um fator de competitividade para as diversas cadeias produtivas que aqui funcionam, como também numa oportunidade de negócio autônomo para prestação de serviços em toda a Região Nordeste. Pernambuco possui pelo menos 550 empresas de transporte de cargas registradas. Graças aos incentivos fiscais específicos para o setor, através do Programa de Desenvolvimento de Pernambuco (Prodepe), o Estado tornou-se ainda mais atraente para este setor e conta hoje com mais de 125 centrais de distribuição instaladas, a maioria no Grande Recife.