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Conteúdo 29 de setembro de 2008

Motociclistas, os protagonistas de uma tragédia

Os motociclistas já figuram entre as principais vítimas de acidentes de trânsito, de acordo com estudo realizado pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), que congrega dados de acidentes com vítimas do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Saúde, nos períodos de 1999 a 2006 e de 1996 a 2005, nas 27 capitais do País. O atlas, intitulado Acidentes de Trânsito no Brasil: a situação nas capitais, traça a evolução da frota, índices de acidentes por tipo de veículo, mortalidade e internações hospitalares, entre outros indicadores.

Segundo uma das autoras do estudo, a chefe de departamento de Estatística da Abramet e professora titular da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), Maria Sumie Koizume, a frota que mais cresce no Brasil é a de motocicletas. Em 2002, havia 26,4 motos por 100 mil habitantes. Em 2006, este número passou para 39,8.

As mortes de motociclistas também cresceram mais de 500% em um período de nove anos, no conjunto das capitais. Em 1996, era 0,4 morte por 100 mil habitantes. Esse número passou para 2,3 mortes em 2005. Em São Paulo, no mesmo ano, foram 148 mortes de motociclistas – ou 1,4 por 100 mil habitantes. "Na proporção, as cidades em que os riscos de mortalidade de motociclistas são maiores estão localizadas no Norte e Centro-Oeste do País, como em Palmas, por exemplo", disse Sumie.

Segundo ela, essa tendência de crescimento de acidentes com motociclistas se manteve nos últimos anos. "Essas pessoas não sofrem apenas o acidente de trânsito, mas também um acidente de trabalho. É uma população que sofre traumatismos cranianos e traumas nos membros inferiores. Elas são retiradas do mercado de trabalho muito jovens", afirma Sumie, que ainda não tem dados sobre os tipos de traumas, nem do número de afastamentos de motociclistas do trabalho, nos últimos anos.

Internações

No conjunto das capitais, as internações ocorridas na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), em função de acidentes de trânsito, mantiveram uma taxa alta, de 70 para cada 100 mil habitantes. A maioria dos pacientes, ou 75%, foi, principalmente, do sexo masculino e de faixa etária entre 20 e 39 anos.

Em 2006, por exemplo, 8.444 motociclistas (condutores ou passageiros) foram internados em decorrência de acidentes de trânsito, um aumento de mais de 100% em relação a 1999, quando eram 3.649.

Mesmo com o alto índice de internações de motociclistas, em 2006 as maiores vítimas de acidentes internadas foram os pedestres, que contabilizaram cerca de 14 mil. O número é menor do que em 1999, quando quase 25 mil pedestres foram hospitalizados.

"Esses números referem-se apenas ao SUS e não contabilizam as internações na rede privada. Em 2005, 99 pessoas morreram por dia em acidentes de trânsito. Isso equivale a uma aeronave/dia", comparou uma das autoras do estudo, a chefe do departamento de Estatística da Abramet e professora associada da Faculdade de Saúde Pública da USP, Maria Helena de Mello Jorge.

Acidentes

Segundo o atlas da Abramet, em 2005 foram registrados 124.766 acidentes nas capitais (342 por dia), que deixaram 172.956 pessoas feridas. O número corresponde a 32,5% do total de acidentes do País, que foi de 383 mil. As capitais que apresentaram maior número de ocorrências foram Vitória, Campo Grande, Palmas e Boa Vista.

Segundo Maria Helena, a taxa de acidentes teve um declínio em 1998, com a entrada em vigor do novo Código de Trânsito Brasileiro, quando a sociedade temia as punições, as multas altas e os pontos na carteira de habilitação. "Mas em 2001 o índice voltou a aumentar, com o afrouxamento da fiscalização", disse a professora.

Os acidentes mais freqüentes foram as colisões e os abalroamentos, que responderam por grande parte do total de acidentes. Em seguida, os atropelamentos, que chegaram a 28.488 em 2005. Ambas as ocorrências ocorrem, com mais freqüência, durante o dia.

Positivo

Segundo o presidente da Abramet, Flávio Emir Adura, embora haja um alerta quanto ao aumento de acidentes com motociclistas, o estudo também aponta indicativos positivos, como por exemplo a redução no número de vítimas fatais no trânsito. O total de mortes no momento dos acidentes caiu de 80% em 2001 para 65,9% dos casos em 2005. "As vítimas estão sendo mais bem assistidas no momento do acidente", disse Adura.

Segundo ele, as taxas de mortalidade já foram até cinco vezes maiores, mas o caminho a percorrer ainda é grande. "Há uma série de fatores que podem causar acidentes, que vão de problemas estruturais nas vias à desobediência do motorista às leis", disse.

 

Fonte: Diário do Comércio – www.dcomercio.com.br

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