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Conteúdo 21 de abril de 2013

Empresas de transporte aéreo de carga cobram investimentos

O crescimento na movimentação de carga deve ser agressivo nos próximos anos, de acordo com a Infraero. E as empresas do setor destacam a Copa do Mundo e as Olimpíadas como principais alicerces da expansão brasileira, mas dependem de melhor infraestrutura aeroportuária.


Danilo Cândido de Oliveira


Nos últimos anos, o transporte aéreo de carga se expandiu em ritmo acelerado no Brasil. O espaço econômico que o País conquistou no cenário internacional, além da quantidade cada vez maior de grandes eventos, impulsionam o setor que segue em alta. Os balanços mensais da Infraero – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Fone: 0800 727 1234), estatal que administra os aeroportos brasileiros, confirmam a expansão do segmento. Atualmente, o quadro financeiro tem se aliado aos investimentos em infraestrutura, tanto privados como públicos, para dar sequência a este crescimento. No momento, alguns dos principais Terminais de Logística de Carga – a Rede TECA – passam por obras para aumentar a capacidade de carga, e também de passageiros. Entre eles, destacam-se os aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, SP, e Viracopos, em Campinas, SP, que são os dois maiores em movimentação de carga no País e que, somados aos de Manaus, AM, e do Galeão, no Rio de Janeiro, RJ, concentram 76% de toda carga movimentada no Brasil.

Um estudo da Infraero, realizado em 2012, aponta que a demanda pelo transporte aéreo de produtos deve crescer quase três vezes até 2017, alcançando 3,4 milhões de toneladas. No cenário atual, o Brasil move por ano cerca de um milhão de toneladas através de aviões. Segundo a agência, os investimentos previstos devem atender à demanda crescente pela movimentação aérea de cargas e ao incremento esperado com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Hoje, a Infraero administra 34 Terminais de Logística de Carga.

Fora a intenção de aprimorar a movimentação de mercadorias nos aeroportos, a Infraero tem se esforçado em ampliar a variedade de locais que possam receber cargas. Em 2012, por exemplo, iniciaram-se as atividades de exploração da carga nacional em dois aeroportos: Florianópolis, SC, e Foz do Iguaçu, PR. Já em 2011, os de Campo Grande, MS, e Uruguaiana, RS, entraram em operação.

Para o gerente de carga da Emirates SkyCargo na América do Sul (Fone: 11 5503.5000), Dener Souza, o transporte aéreo de carga continua sendo o principal meio de movimentação para reduzir o estoque em trânsito. Ele salienta que, embora os outros meios logísticos tenham ganhado mais espaço ultimamente, a carga aérea ainda é a ferramenta-chave, devido ao menor tempo de locomoção. “Para determinados setores produtivos da indústria, o tráfego aéreo segue indispensável dentro do planejamento logístico, permitindo a viabilização das transações de compra e venda, como produtos perecíveis, automotivos, eletrônicos e bens de alto valor agregado”, explica Souza.

Já a FedEx (Fone: 0800 703 3339) ressalta que o desenvolvimento do mercado de carga também abre espaço para o setor aéreo. Além disso, para o diretor executivo de Operações Internacionais da empresa, Troy Maxey, questões como o avanço da economia, os entraves nos demais modais e a rápida recuperação do setor aéreo em períodos de crise também são características marcantes. “Fatores relacionados à regulamentação de setores impactam esse cenário e abrem espaço para o fortalecimento do aéreo. Algumas novas legislações, como a Lei do Motorista, bem como o gerenciamento de risco de carga de alto valor agregado, acabam tornando a competição entre aéreo e terrestre mais próxima”, afirma Maxey. “É importante ressaltar, também, que o segmento aéreo no Brasil é bastante resiliente em situações de crise. Dados dos últimos 40 anos mostram que o setor sofre com a crise, mas consegue se recuperar rápido e com um impulso pós-crise que o reposiciona como se a crise não tivesse existido”, complementa o executivo da FedEx.

A UPS (Fone: 0800 770 9035) e a TAM Cargo (Fone: 0300 115 9999) corroboram com o sentimento das demais companhias ouvidas. A primeira, inclusive, vai além. De acordo com o gerente de vendas da UPS Air Cargo Brasil e Argentina, Mauro Ribeiro, não só o desenvolvimento econômico deve impulsionar a movimentação aérea de carga no País, mas, também, a chegada de novos investidores internacionais e os investimentos programados pelo governo federal visando à Copa e às Olimpíadas. “Há grandes expectativas para o desenvolvimento desse setor, com investimentos anunciados para mudar o atual quadro de infraestrutura brasileiro. A ação de privatização dos aeroportos levará o Brasil a outro patamar, mais eficiente, rápido, seguro e, principalmente, atrativo para a realização de novos negócios ainda mais robustos”, avalia Ribeiro.

Ainda segundo o executivo da UPS, fatores agregados de desenvolvimento devem contribuir para o crescimento do setor, que tem como característica mais marcante sua velocidade. Por outro lado, é preciso balancear a utilização com o alto custo. “O maior uso do modal aéreo é um desafio, devido a seu custo mais elevado e à influência das condições macroeconômicas, como a cotação do dólar e a taxa de exportações. De toda forma, o segmento atende a necessidades peculiares, como urgências e emergências no transporte de cargas, especialmente as perecíveis ou de maior valor agregado. É mais rápido e mais regular, e também o que oferece o menor risco, principalmente se consideramos as distâncias, a mobilidade urbana e a qualidade das estradas e ferrovias do país”, alerta Ribeiro.

TENDÊNCIAS
As tendências para o transporte aéreo de carga são bastante diversificadas de companhia para companhia. Apesar de todas apostarem no crescimento, Maxey, da FedEx, por exemplo, afirma que estimular a competição entre empresas menores é uma boa possibilidade.

“Se compararmos o Brasil com outros países onde a malha de cargueiros é mais intensa, podemos observar diversas oportunidades que poderiam ser aproveitadas por aqui. Acredito que uma delas é otimizar recursos e oferecer um serviço mais acessível a pequenas e médias empresas. Isso pode ocorrer através de aliança entre empresas nacionais e internacionais voltadas para a criação de rede dedicada à carga aérea. Esse tipo de parceria poderá aumentar o fluxo de pacotes entre países e dentro de cada país, oferecendo uma rede mais estruturada e tarifas melhores”, projeta o diretor executivo da empresa.

Já a Emirates Cargo entende que a melhor maneira de acompanhar o mercado é a inovação. “Para atender à demanda, as empresas tendem a criar produtos e serviços customizados e aumentar as áreas de atuação seguindo políticas sustentáveis. A tendência será cada vez mais o incentivo para implantação do e-Freight, ferramenta que permite realizar a maioria dos processos de carga por meios eletrônicos. Com ele, temos ajuda na redução do tempo de espera para processar o frete e aumento na produtividade”, destaca o gerente de carga da companhia aérea.

Parte importante do crescimento da logística nos últimos anos, o e-commerce também é lembrado como tendência de mercado. A UPS e a TAM Cargo enxergam potencial no segmento para impulsionar os negócios aéreos. Para a UPS, nos próximos anos, o Brasil deve se tornar o sexto mercado de e-commerce mais rentável do mundo.

O e-commerce brasileiro cresce a uma taxa de 25% ao ano, realidade parecida com a de países como os Estados Unidos. “Os brasileiros comprando mais online e mais exigentes quanto à qualidade e à eficiência do serviço de entrega fortalecem o modal aéreo que, com suas peculiaridades de rapidez, pontualidade, informação em tempo real, regularidade e menor risco, atende mais adequadamente esse setor em clara expansão no mundo”, decreta o gerente de vendas da UPS.

PERSPECTIVAS E DESAFIOS
O futuro do mercado aéreo de carga é positivo na visão de todas as companhias. Para isso, tanto UPS, como FedEx, Emirates Cargo e TAM Cargo cobram as iniciativas do governo federal para melhorar a infraestrutura e dar mais condições para a demanda crescer. Os aeroportos brasileiros apresentam acessibilidade restrita para alguns tipos de serviços e tamanhos de aviões, o que aumenta a dificuldade de crescer. Porém, ao mesmo tempo em que pedem ajuda, as empresas ressaltam que os planos têm sido colocados em prática. Com mais investimentos será possível aumentar o número de aeronaves e, consequentemente, a rede de atendimento e a capacidade de carga. A expansão dos aeroportos também pode aumentar a competitividade, que é vista de maneira positiva pelo setor.

Os novos nichos de trabalho são outro ponto que tende a desenvolver as companhias. Nem todas estão abrindo seu leque de atendimento, mas há casos em que segmentos ganharam destaque e entraram na estratégia de crescimento. A UPS, por exemplo, está atendendo entretenimento (estrutura de grandes eventos, como shows e espetáculos) e agropecuária (ovos férteis e animais para reprodução), além de continuar investindo nos já tradicionais nichos de autopeças, eletrônicos e telefonia celular. A Emirates Cargo aponta flores, frutas e petróleo como futuros mercados rentáveis. A importância deles cresceu dentro da companhia, enquanto outros setores diminuíram. De acordo com a Emirates Cargos, a sazonalidade é responsável por essa variação de “prioridade de setores”.

O crescimento estimado entre as empresas também é positivo. A TAM Cargo, por exemplo, prevê uma expansão entre 6% e 8% nas operações de carga em 2013, considerando a recuperação do mercado, esperada pela companhia para o segundo semestre. Mesmo com o faturamento abaixo do esperado em 2012, o Grupo LATAM Airlines – que detém as marcas TAM Cargo e LAN Cargo – cresceu entre 3% e 5%.

As projeções da TAM Cargo não são reflexos apenas do cenário econômico e dos investimentos externos, mas da movimentação da própria empresa. Em abril de 2012, a companhia anunciou o investimento em um novo terminal de cargas em São Paulo, com 14.000 m² e capacidade de movimentação de 1.000 toneladas de carga por dia. Com o investimento, o potencial de operação deve aumentar oito vezes em relação ao atual no aeroporto de Guarulhos. Também neste ano, em julho, será inaugurado um novo armazém de cargas domésticas da TAM Cargo em Manaus.

Os problemas enfrentados pelo segmento são muito semelhantes. Além dos cancelamentos de voos e da infraestrutura aeroportuária inadequada, outras questões também são discutidas pelas empresas, como as dificuldades financeiras. “A crise econômica mundial, ainda afetando alguns mercados, a necessidade de valorização da exportação e o alto valor dos combustíveis das aeronaves são grandes desafios”, ressalta Ribeiro, da UPS.

A “briga” dentro das companhias entre o transporte de passageiros e o de cargas é criticada por Maxey, da FedEx. Como a movimentação de pessoas é prioridade para as empresas de transporte aéreo, a carga acaba sendo substituída. “O que também acontece no mercado brasileiro é a falta de balanceamento do fluxo aéreo entre as regiões. Isso dificulta a implantação de rotas regulares em aeronaves cargueiras. Hoje, a malha de carga é feita em cima da crescente malha de passageiros, o que significa disputa de espaço com as bagagens – situação essa desfavorável para serviços com prioridade de movimentação”, lamenta.

Além dos investimentos em infraestrutura, produtos e pessoas, a FedEx aponta como alternativa ao setor a formação de alianças domésticas com empresas estrangeiras no Brasil. Para a companhia, as parcerias podem estruturar a malha doméstica e internacional de maneira regular e confiável

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