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Conteúdo 18 de setembro de 2012

Cyro Buonavoglia aborda roubo de cargas no Brasil

O empresário do setor de gerenciamento de riscos revela o esforço das companhias para combater a modalidade criminal que cresce a cada ano no País. O especialista também aponta as principais dificuldades e as medidas de prevenção adotadas pelas empresas.


O roubo de cargas nas estradas tem crescido periodicamente no Brasil, principalmente no Estado de São Paulo. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública paulista, na comparação do primeiro trimestre de 2011 com igual período de 2012, o número de roubos/furtos cresceu 7%. Geralmente, a motivação do crime está ligada ao valor agregado dos produtos transportados. Enquanto isso, as empresas do setor têm investido verbas significativas para prevenir este tipo de incidente. Hoje em dia, além dos tradicionais seguros para veículos e cargas, as transportadoras e os Operadores Logísticos contratam companhias de inteligência logística, que trabalham com prevenção de riscos nas estradas.

A Buonny Projetos e Serviços de Riscos Securitários (Fone: 11 5079.2500) é uma das empresas deste segmento de gestão de riscos. Fundada em São Paulo, a companhia traça rotas e estratégias para que os caminhões evitem ser novas vítimas da violência em todo território nacional. A empresa também tem uma cartilha de segurança destinada aos caminhoneiros, que apresenta uma lista de itens para protegê-los. A Buonny está ligada à Gristec – Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia em Rastreamento e Monitoramento e ao Sindirisco – Sindicato das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia em Rastreamento e Monitoramento.

O trabalho de gestão da companhia envolve uma série de análises, que vai desde a implantação de sistemas de rastreamento até estratégias de como e quando pegar a estrada. É preciso, também, adequar as rotas aos diversos tipos de cargas, já que umas têm mais valor material e, portanto, são mais visadas do que outras. Hoje em dia, as Gerenciadoras de Risco possuem todos estes dados tabelados, como, por exemplo, rotas, lugares e horários mais perigosos, índices de acidentes e assaltos, e utilizam esta expertise para proporcionar ao caminhoneiro uma viagem mais segura.

Sobre o assunto, o sócio-fundador da Buonny e presidente da Gristec (Fone: 11 3807.3397) e do Sindirisco, Cyro Buonavoglia, concedeu entrevista exclusiva para a revista Logweb e falou sobre os perigos e medidas que devem ser adotados contra os roubos de carga.

Logweb: Como você analisa a situação dos roubos de cargas, tanto em número de ocorrências como em prevenção?
Buonavoglia
: O transporte rodoviário é, sem dúvida, a maior vítima do roubo e furto de cargas. Nos últimos anos, as estatísticas demonstraram que vem ocorrendo uma alternância, ora na quantidade, ora no valor das cargas capturadas pelas quadrilhas e pelos chamados “ladrões de oportunidade”. Nos dois casos, as perdas estão sempre em crescente evolução, tendo alcançado cerca de R$ 1 bilhão no último ano, apenas se considerarmos as cargas sinistradas efetivamente indenizadas pelas companhias seguradoras. Se somarmos a essa conta as cargas sem seguro ou aquelas cujas indenizações foram recusadas pelos mais variados motivos, o valor das perdas será muito mais elevado, estimando-se cerca de mais R$ 1 bilhão, totalizando R$ 2 bilhões. Sem as ações preventivas conduzidas pelas Gerenciadoras de Riscos e pelas empresas de Tecnologia de Informação veicular, este quadro estaria muito mais grave.

Logweb: Como estão os dados mais recentes de roubos de carga no Brasil?
Buonavoglia:
Com base nos dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e da Fetcesp – Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo, somente no Estado de São Paulo – o único que oferece algum tipo de estatística – em 2010 foram registradas 7.294 ocorrências de roubo de cargas, com média mensal acima de 607 ocorrências, somando R$ 279,76 milhões em valores declarados. Já em 2011 foram registradas 6.598 ocorrências, com média mensal acima de 579 ocorrências e redução nominal de 4,61% na quantidade. No entanto,
o valor somado perdido no ano passado foi de R$ 295,85 milhões declarados, crescimento nominal de 5,75%.Concretamente, as ocorrências diminuíram, mas os prejuízos aumentaram significativamente.

Logweb: Quais são as regiões com mais registros de roubos no País e por quê?
Buonavoglia
: As regiões Sudeste e Sul, nesta ordem, são as que registram o maior número de ocorrências de roubo e furto de cargas. O motivo é simples: nas áreas mencionadas estão concentradas cerca de 70% da produção, importação e exportação do Brasil, o que facilita a concentração dos riscos. Por outro lado, também está nessas regiões o maior mercado consumidor de cargas roubadas, que são vendidas pelos receptadores, também fortemente concentrados na área.

Logweb: Quais são as cargas mais visadas pelas quadrilhas e por quê?
Buonavoglia
: Sem dúvida são alimentos, eletroeletrônicos, produtos de informática, medicamentos, combustíveis, cigarros e autopeças. Exatamente as mercadorias de grande apelo consumista e de grande e médio valor agregado. Logo, as preferidas pelos consumidores que não se importam com a origem dos produtos, desde que sejam baratos.
Logweb: Percebe-se no mercado uma linha de novas tecnologias de rastreamento para que todos os envolvidos na cadeia de transportes tenham acesso a informações como localização, maneira, planejamento e previsão de chegada da carga ao destino. É possível dizer que essas tecnologias estão ajudando a inibir os roubos de carga no Brasil?
Buonavoglia: Sem o uso de rastreadores de última geração e da aplicação de técnicas de monitoramento e prevenção especialmente desenvolvidas, as perdas seriam incontroláveis, com risco de as companhias seguradoras que hoje atuam na carteira de transportes abandonarem a contratação desses riscos. Apenas como ilustração, seria uma situação semelhante à ausência do aparato policial do Estado. Um verdadeiro caos.

Logweb: Como os Operadores Logísticos e transportadoras podem se prevenir de roubos de cargas?
Buonavoglia:
Contratando serviços de gerenciamento de riscos e adquirindo equipamentos de rastreamento e monitoramento de empresas experientes e confiáveis, preferencialmente as certificadas. Cumprindo as regras e recomendações e tendo especial cuidado na escolha das empresas transportadoras e dos profissionais motoristas a quem vão entregar suas cargas. Nunca expor as cargas a riscos desnecessários. Em todos os casos, agir sempre com prudência e bom senso.

Logweb: Como o Poder Público deve agir para garantir a segurança do transporte de cargas no País? Há uma preocupação do governo em agir contra o roubo de carga?
Buonavoglia:
As polícias federal e estaduais têm atuado com energia, sempre. Porém, as autoridades da segurança informam que, para aumentar a eficiência, necessitam de equipamentos, qualificação dos efetivos e de verbas de maior porte, além de precisar de um número maior de policiais vinculados ao combate do roubo, furto e desvio de cargas. Nos últimos tempos, apesar de apresentar crescimento, a quantidade de policiais ainda é insuficiente para a demanda sempre crescente. O poder legislativo também pode e deve participar, criando leis mais severas para punição dos ladrões, dos receptadores e até dos consumidores de má fé que, adquirindo produtos sem origem ou piratas, geram recursos para que a ilegalidade e os prejuízos se perpetuem.

Logweb: As atividades do mercado e do Estado no Brasil contra o roubo de carga estão em igualdade com as realizadas no exterior? Como são as prevenções de roubo e a segurança fora do País?
Buonavoglia:
Nos mercados desenvolvidos, como EUA e Canadá, ou na maioria dos países da Europa e da Ásia, praticamente não existe o roubo de cargas tal como acontece no Brasil, pois as leis são extremamente severas e os contraventores apanhados são condenados e punidos exemplarmente. Em alguns países das Américas e da África, o problema é semelhante ao nosso, mas as técnicas de combate estão completamente defasadas. Por esse motivo, empresas brasileiras da área de gerenciamento de riscos e de tecnologia de rastreamento e monitoramento começam a fazer parcerias para exportar tecnologia e serviços para esses países.

Logweb: O que ainda deve ser realizado para que a taxa de roubos de carga diminua no Brasil?
Buonavoglia:
Que se cumpram os ritos de segurança indicados pelas Gerenciadoras de Riscos em todos os seus detalhes. Mas, especialmente, que sejam criadas e aplicadas leis de extrema severidade para punição dos responsáveis, sejam eles pessoas físicas ou empresas de qualquer porte.

Logweb: Existem soluções diferenciadas para cada tipo de carga?
Buonavoglia:
Sim. Como em qualquer atividade, cada tipo de carga exige cuidados específicos. Por questões de segurança, essas técnicas somente são divulgadas para as pessoas e empresas envolvidas com o transporte das cargas.

Logweb: Quais são as perspectivas em segurança de cargas para os próximos anos?
Buonavoglia:
Nossa melhor expectativa é que as leis se adéquem e o aparato policial evolua a níveis da demanda. No mais, a consciência dos cidadãos e empresários recusando-se a adquirir bens ilegais é que poderá fazer a diferença.

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