Cidade de Jundiaí quer ser um pólo de shopping centers
Que tal partir de carro do bairro do Limão, na cidade de São Paulo, e depois de superar uma das marginais, tomar a Via Anhangüera ou a Bandeirantes e alcançar um grande centro de compras em menos de 30 minutos – sem um único semáforo? O convite é atraente. Fica ainda melhor quando se pode incluir um tour pelo Circuito das Frutas, criado recentemente, em que o visitante pode percorrer propriedades rurais e almoçar em restaurantes típicos italianos nos finais de semana .
O paulistano poderá desfrutar dessa opção em pouco tempo, assim que Jundiaí colocar em marcha um projeto com a ambição de transformar a cidade, a menos de 50 quilômetros da capital, em um pólo de shopping centers. Além dos dois que já existem, mais dois foram anunciados nos últimos dias – o maior deles, da rede Iguatemi, com investimentos de R$ 112,21 milhões.
A economia local já teve perfil agrícola mas, nos últimos anos, transformou-se em um grande distrito industrial. Está em Jundiaí, por exemplo, o maior armazém de distribuição da Sadia e os principais distribuidores de várias marcas de café do País.
O primeiro shopping da cidade, o Maxi, foi construído há quase dez anos. Tem 230 lojas, visitação média de 2 mil pessoas por dia, emprega em torno de 2 mil pessoas e tem estacionamento com 2.200 vagas – sendo mil cobertas. É o centro de compras de alto padrão da cidade. O Maxi, no entanto, começa a ficar saturado. Sofreu uma recente reforma e ampliação ao custo de R$ 36 milhões. O outro centro de Jundiaí, o Paineiras, é uma galeria com poucas lojas. A vantagem é estar cravado na principal avenida da cidade, a 9 de Julho. Tanto o Maxi quanto o Paineiras terão concorrência a partir de 2011, quando a Iguatemi Empresa de Shopping Centers S. A. colocar em operação a unidade de Jundiaí, que será erguida estrategicamente ao lado da entrada da Via Anhangüera, acessada pela Via Bandeirantes, e bem próxima à rodoviária intermunicipal. Até lá, promete a Prefeitura, uma alça de acesso facilitará não apenas a saída e chegada dos ônibus de São Paulo, como o acesso ao novo shopping.
Ainda não há data definida para o início das obras do centro de compras, que terá 213 lojas voltadas aos públicos A e B, quatro lojas âncoras e cinco semi-âncoras, seis salas de cinema e estacionamento para 1.769 automóveis. O projeto – que fica nos limites legais de aproveitamento da reserva ecológica da Serra do Japi, o que gera preocupação em ativistas de grupos ecológicos de Jundiaí e região – terá torres de apartamentos de alto padrão e grande infra-estrutura de lazer para moradores. A área total é de 103,5 mil m². O resultado operacional líquido esperado para o primeiro ano é de R$ 19,2 milhões.
Jorge Yatim, secretário de Desenvolvimento Econômico de Jundiaí, tem dado declarações otimistas à imprensa a respeito da obra. Ressalta que o número de vagas de emprego, levando-se em conta as benfeitorias e negócios paralelos que o novo shopping vai gerar, poderá até dobrar. Segundo a prefeitura, estão previstos investimentos para facilitar o acesso de quem chega à cidade vindo de São Paulo.
Já existiria, inclusive, um projeto protocolado na prefeitura prevendo as modificações que teriam de ser feitas na região para que o novo shopping represente um salto de qualidade para a cidade – e não mais um problema a ser criado.
Investimentos, maquete e projeções de ganho financeiro feitos, o projeto segue, agora, os trâmites normais para receber o alvará da prefeitura, quando serão analisados impactos ambientais e urbanísticos. A preocupação, além do impacto ambiental sobre o último pulmão verde de Mata Atlântica preservado entre São Paulo e Campinas, é a questão do trânsito. A assessoria de imprensa da Oliva OS Administração de Bens Ltda, dona do terreno e sócia da Iguatemi no projeto, ainda não tem detalhes completos do empreendimento.
Municípios vizinhos
O alvo dos investidores que escolheram Jundiaí é atrair compradores da capital paulista, mas a região também tem muitos atrativos. Há em torno dela 22 municípios que estão com seus distritos industriais em crescimento em função da excelente malha viária (vias Anhangüera, Bandeirantes e Castelo Branco interligadas).
Toda a região de Sorocaba está nesse eixo. A cidade é ainda envolvida pelos municípios de Várzea Paulista, Campo Limpo, Louveira, Jarinu, Atibaia, Cabreúva e Itatiba. O público de Vinhedo e Valinhos é cobiçado pelos novos empreendimentos pelo seu alto poder aquisitivo, apesar de estar mais voltado para o forte comércio de Campinas.
Os investidores crêem que outro fator de sucesso de seus empreendimentos é o fato de estarem numa cidade que tem recebido cada vez mais moradores de bom nível econômico, que fogem da capital em busca de sossego, embora continuem trabalhando em São Paulo.
A viagem de ida e volta pelas boas rodovias de ligação é comparável a percorrer uma grande avenida – com o custo do pedágio, é claro.
No local da velha Vigorelli, novo projeto
Além do futuro Shopping Iguatemi, a cidade de Jundiaí poderá receber outro empreendimento do gênero em pouco tempo. A empresa Multiplan Empreendimentos Imobiliários S. A., que administra 11 shopping centers próprios e que, desde o ano passado, deixou de administrar shoppings de terceiros, adquiriu terreno de 45 mil metros quadrados em área nobre da cidade, entre as avenidas 9 de Julho e João Benatti.
Nesse local funcionou uma das mais tradicionais empresas de máquinas de costura do País, que acabou indo à falência, a Vigorelli do Brasil. O antigo prédio já foi colocado abaixo.
A Multiplan confirma a compra do terreno, e fontes adiantam com segurança que ele será destinado a um shopping, mas a única informação oficial da compradora é a de que "o local será destinado a um projeto imobiliário comercial".
Fonte: Sidney Mazzoni, especial para o Diário do Comércio – www.dcomercio.com.br