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Conteúdo 10 de outubro de 2002

Importante para a logística, mas pouco utilizado

A importância do crescimento do transporte marítimo está diretamente ligada à intermodalidade, à geração de novos empregos, ao aumento na movimentação de cargas no país e ao fortalecimento do setor de logística no mercado nacional. A informação é de Cristiano Cecatto, consultor especialista em logística e desenvolvimento organizacional da Qualilog Consulting.
Segundo ele, apesar de todas as dificuldades que enfrenta – com portos ainda inadequados, burocracia e altas tarifas – o setor movimenta mais de 350 milhões de toneladas ao ano. “Fica fácil imaginar o quanto este número pode melhorar se houver uma preocupação e um trabalho efetivos para alterar este quadro”.
Cecatto diz que os números mostram que o “transporte sobre as águas” é o famoso gigante adormecido. Em 2000, portos fluviais, lacustres e marítimos foram responsáveis pela movimentação de 460 milhões de toneladas de carga. Um ano antes, o setor hidroviário teve 13,8% de participação no transporte nacional, ficando atrás das ferrovias (19,5%) e das estradas (61,8%). Em 1985, as hidrovias movimentaram 18,3%, contra 23,6% do setor ferroviário e 53,6% do rodoviário. “Nota-se aí que a utilização do setor marítimo está diminuindo”.
Cecatto também informa que o modal aquaviário é fundamental para promover e integrar o país interna e externamente. Afinal, são oito bacias com 48 mil km de rios navegáveis, reunindo, pelo menos, 16 hidrovias e 20 portos fluviais. Entre 1998 e 2000, 69 milhões de toneladas foram movimentadas.

Problemas
O consultor informa que é triste explicar como um país,
cujo litoral é de 9.198 km e que possui uma rede hidroviária
enorme, ainda não explore adequadamente o transporte marítimo.
"É óbvio que o investimento necessário
para otimizar e modernizar este sistema é grande e que a
movimentação de cargas por ele não tem a mesma
velocidade do transporte aéreo ou ferroviário. Mas,
são 16 portos com boa capacidade, com destaque para os de
Santos (SP), Itajaí (SC), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre
(RS), Paranaguá (PR) e Vitória (ES). Existem, ainda,
duas hidrovias para o transporte fluvial no interior do Brasil e
com os países vizinhos do sul e sudeste (as hidrovias Paraná-Paraguai
e Tietê-Paraná). Então, fazer o setor, responsável
por 11,72% do movimento de carga registrado no país, crescer
é difícil, mas não impossível."
O consultor da Qualilog também informa que o número
de empregos gerados com o incremento do transporte marítimo
seria fator determinante para a diminuição da pobreza
no país.
"Quantos postos de trabalho seriam criados com a ampliação
da indústria naval, com o aumento nas empresas de transporte,
com os novos postos de fiscalização e controle, com
a indústria de peças, com novos fornecedores, com
a ampliação de mão-de-obra nos portos? É
uma verdadeira bola de neve, que não iria parar de crescer."
Dados do Governo Federal mostram que, em 1999, o país tinha 44 portos, operados por cerca de 62 mil trabalhadores. Com um investimento sério no transporte marítimo, estes números poderiam alcançar patamares excelentes. Uma análise superficial pode apontar para, pelo menos, a duplicação destas vagas.
Outro grave problema em relação aos portos é o custo de embarque por contêiner. Apesar de ter diminuído em quase US$ 300, o valor ainda é muito alto comparado aos dos portos estrangeiros. Há muita burocracia e os portos nacionais ainda não têm o mesmo preparo que os europeus ou asiáticos. "Falta preparo e maiores investimentos para suportar um aumento significativo nas exportações", preconiza Cecatto.

Investimentos
Segundo ele, o governo demonstra preocupação com o setor de transportes, tendo iniciado uma reestruturação no ano passado, quando foram criados o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte (Conit), o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). “Mas ainda é pouco, já que o país permanece atado à malha viária como principal meio de escoamento da produção. Muito mais precisa ser feito, já que as possibilidades de crescimento, em todos os sentidos, são imensas e o transporte multimodal segue em ritmo muito lento. Somente usando várias formas de transporte, com custos reduzidos e menor tempo para deslocar as cargas, poderão ser diminuidos os preços, fortalecendo o consumo interno e fomentando mais exportações.”
Ceccato afirma, ainda, que, para o setor da logística, o transporte marítimo também significa crescimento. É um mercado muito grande e praticamente virgem, se considerarmos a magnitude do potencial brasileiro. “Há muito o que se fazer nos portos e nos elos de ligação com o transporte rodoviário e ferroviário. Pode-se imaginar uma variada gama de opções para os profissionais da logística atuarem. Quer seja diretamente nos portos, nas empresas marítimas, de armazenamento ou junto às transportadoras dos outros modais.”

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