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Conteúdo 30 de maio de 2011

Um problema comum que exige uma solução conjunta

Basta abrir o jornal, acessar a internet, ligar o rádio ou a TV e lá está a tal logística e infraestrutura. Especialistas de um lado, autoridades do outro e uma discussão que parece não ter fim. Com a Copa de 2014 se aproximando o tema ganhou ainda mais fôlego. No entanto, tenho a impressão de que sociedade acompanha todo esse debate e quase não se dá conta de como esses dois termos estão presentes no seu dia a dia.

Uma análise mais atenta da situação e vamos perceber como nossa rotina está envolta em logística e infraestrutura. É uma reflexão que deve levar todos a uma participação mais ativa nessa discussão, afinal sofremos – e diariamente – as consequências. São inúmeros os exemplos, mas para citar o mais prático basta lembrar-se dos longos congestionamentos nas principais vias do país. Aliás, é difícil esquecer. Na cidade de São Paulo, por exemplo, já se vive o que podemos chamar de um congestionamento crônico e que, segundo estima a Fundação Getúlio Vargas (FGV), somente em 2008, gerou o prejuízo de 33,5 milhões de reais, aproximadamente de 9,4% do PIB da cidade. É um problema que afeta não só os operadores logísticos, mas igualmente os quase 11 milhões de paulistanos.

Entretanto, se cada vez mais o motorista usa a criatividade para fugir do trânsito, para a operação logística não há rota alternativa. Sem opções viáveis de utilizar os modais aéreo, hidroviário, portuário e ferroviário é preciso usar o modal rodoviário. Cenário que se repete em todo o país. No Brasil, 60% da movimentação de cargas são realizados por vias terrestres.

Em São Paulo, a construção da pista central na Marginal Tiete, a proibição de motocicletas nas vias expressas e o trecho sul do Rodoanel, melhoraram um pouco a situação. Mas a falta de infraestrutura e organização urbana não serão resolvidas com timidez, são necessárias medidas mais vigorosas e que, a princípio, podem ser alvo de críticas ou polêmicas. A restrição, em determinados horários, da circulação de caminhões em importantes avenidas da cidade é uma delas. A gestão acertou ao proibir os caminhões nessas vias e em implantar a cobrança de pedágio no trecho sul do Rodoanel, que deve começar em julho, para evitar que veículos de carga retornem para a cidade. Não é mais admissível que grandes caminhões ainda precisem entrar nas regiões centrais para realizar as entregas.

A logística das empresas precisa ser bem pensada e organizada, para que a carga chegue a um armazém nas rodovias e depois seja levada até a cidade em caminhões menores, como os Veículos Urbanos de Carga (VUCs). Há cidades como Dallas, nos EUA, por exemplo, com nove rodoaneis, e mesmo assim os caminhões são proibidos de entrar na cidade, o que agravaria mais o trânsito.

É necessário oferecer estrutura para que os 190 mil caminhões que circulam diariamente pela cidade (e contribuem para 35% dos engarrafamentos) possam ser substituídos por veículos de menor porte. Ao mesmo tempo, é fundamental investir em terminais de carga. Muitas empresas privadas já operam com terminais próprios. Agora, cabe também ao poder público oferecer maior estrutura para que os caminhões não necessitem cruzar a cidade. A restrição dos veículos de carga por si só não se sustenta. É preciso impor a restrição, mas oferecendo também a solução, que é o terminal de cargas funcionando. É um investimento fundamental e que deve ser feito com planejamento. É preciso colocá-los em locais estratégicos, em proximidade com o Rodoanel, por exemplo.

Aliás, o próprio trecho Oeste do Rodoanel já está sofrendo com gargalos. Isso porque não adianta acreditar que aliviando o trânsito apenas em alguns pontos mais críticos resolverá a questão. A frota da capital em breve irá atingir 7 milhões de veículos. Com tantos automóveis circulando, uma política de tráfego integrada é vital.

E mais importante ainda é a participação da sociedade, que não pode ficar à margem das discussões sobre os investimentos de infraestrutura no país. É necessário chamar para si a responsabilidade de cobrar ações efetivas e maior participação do capital privado junto ao investimento público. Os setores público e privado e a sociedade precisam convergir interesses e buscar alternativas. Vivemos hoje um impasse que não é exclusivo dos operadores logísticos, mas um problema comum e que requer uma solução conjunta.

Antonio Wrobleski Antonio Wrobleski

Especialista em logística, presidente da BBM Logística, sócio e conselheiro da Pathfind. Engenheiro com MBA na NYU (New York University) e também sócio da Awro Logística e Participações. Ele foi presidente da Ryder no Brasil de 1996 até 2008. Em 2009 montou a AWRO Logística e Participações, com foco em M&A e consolidação de plataformas no Brasil. Foi Country Manager na DHL e Diretor Executivo na Hertz. O trabalho de Antonio Wrobleski tem exposição muito grande no mercado Internacional, com trabalhos em mais de 15 países tanto no trade de importação como de exportação. Além disso, ele é faixa preta em Jiu-jítsu há 13 anos e pratica o esporte há 30 anos.

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